Goiás abre o 70º Fórum Confap + Consecti com debate sobre fomento, marcos legais e cooperação nacional
Imersão da Fapeg, depoimentos de pesquisadores e dirigentes nacionais e reuniões técnicas marcam o primeiro dia do encontro em Goiânia
O 70º Fórum Confap + Consecti começou nesta quarta-feira (3/12), em Goiânia, com uma imersão sobre as estratégias de fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). A atividade, realizada no auditório do Hub Goiás, abriu oficialmente o encontro que reúne, durante três dias, dirigentes de ciência, tecnologia e inovação das 27 Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, representantes de agências nacionais e pesquisadores de diversas áreas.
A roda de conversa contou com a participação do presidente Marcos Arriel, do diretor científico e de inovação, Cláudio Leles, do diretor de programas e monitoramento, Vanderlei Cassiano, da diretora de gestão integrada, Lorena Peixoto, do procurador setorial, Frederico Tormin, e da chefe de comunicação setorial, Alessandra Rodrigues. O diálogo apresentou avanços, desafios e resultados da Fapeg, que celebra 20 anos de atuação em ciência, tecnologia e inovação.
Roda de conversa amplia debate sobre fomento e destaca avanços da Fapeg
Na primeira parte da manhã, os gestores da Fapeg apresentaram o crescimento do orçamento da instituição, a consolidação dos Centros de Excelência, as melhorias de gestão e os avanços estruturantes dos últimos anos. Eles detalharam como a Fundação reforçou sua capacidade institucional, modernizou processos internos e se tornou a principal fomentadora do sistema estadual de ciência e tecnologia, com mais de 40% dos investimentos realizados em Goiás.
O presidente Marcos Arriel destacou a reestruturação iniciada em 2019 e a expansão do orçamento a partir de 2023. “A Fapeg triplicou seu orçamento e se consolidou como a principal instituição fomentadora do sistema estadual de ciência, tecnologia e inovação em Goiás”, afirmou.
O diretor científico, Cláudio Leles, lembrou que a Fundação saltou de cerca de R$ 30 milhões, em 2022, para R$ 140 milhões, se tornando referência nacional em execução orçamentária. Para ele, o desempenho é resultado direto da capacidade do ecossistema goiano de apresentar projetos robustos.
O diretor de programas e monitoramento, Vanderlei Cassiano, reforçou a importância de reduzir burocracias e consolidar o Marco Legal para dar segurança jurídica aos editais e cronogramas. “Estamos mudando a cultura interna e fortalecendo mecanismos de transparência e compliance”, disse.
O procurador setorial, Frederico Tormin, classificou a Lei Nacional nº 13.243/2016 como o maior avanço legislativo da área de CT&I e destacou a coragem institucional para aplicar o Marco Legal em sua amplitude. Ele mencionou ainda a Lei Estadual nº 23.664/2025, que trouxe agilidade ao permitir despesas administrativas simplificadas e dispensa de cotação prévia para pequenos valores.
A diretora de gestão integrada, Lorena Peixoto, ressaltou que a expansão do quadro de servidores — de 60 para 105 — e os investimentos em infraestrutura, tecnologia e novas gerências foram essenciais para acompanhar o crescimento do orçamento. “Gestão integrada e participativa é o que permite que o fomento se materialize na ponta”, afirmou.
Na área de comunicação, Alessandra Rodrigues destacou o desafio de tornar a ciência compreensível para o cidadão e de competir com a velocidade da notícia factual. Ela apontou a produção de vídeos explicativos para redes sociais como estratégia central para ampliar o alcance da informação técnica.
Depoimentos reforçam reconhecimento nacional da política de fomento de Goiás
Após as falas dos gestores, o microfone foi aberto ao público. A participação espontânea de pesquisadores e dirigentes reforçou a força institucional da Fapeg e a relevância nacional do modelo dos Centros de Excelência.
Alexandre Pereira, coordenador do Centro de Excelência em Bioinsumos (Cebio). Ele afirmou que a Fapeg foi determinante para a concepção, estruturação e continuidade dos Centros de Excelência. “Os centros não existiriam sem a capacidade institucional da Fapeg de manter modelos fortes e contínuos de fomento”, disse. Segundo ele, Goiás se posicionou de forma estratégica nas agendas emergentes de ciência e inovação por causa dessa política estruturante.
O presidente da Fundação Araucária, Ramiro Wahrhaftig, elogiou a recepção do estado e classificou a política dos Centros de Excelência como referência entre as FAPs. Ele defendeu a articulação nacional das Fundações para ampliar apoio político em 2026, diante das expectativas de restrições orçamentárias. Para Ramiro, o modelo goiano demonstra “como políticas estruturantes transformam a capacidade dos estados de investir em ciência”.
O presidente do Confap, Márcio Pereira, reforçou o caráter pioneiro de Goiás. Ele citou o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia), lembrando que o projeto foi concebido em 2019, quando o debate mundial sobre IA ainda estava no início. “A Fapeg antecipou tendências e consolidou um laboratório de referência antes mesmo da explosão global da inteligência artificial”, afirmou.
As manifestações evidenciaram a sintonia entre as FAPs e reforçaram o reconhecimento do modelo de fomento de Goiás como um dos mais estruturados e estratégicos do país.
Mostras e reuniões técnicas movimentam a tarde
A programação da tarde foi marcada por mostras dos Centros de Excelência de Goiás, reuniões técnicas e encontro de presidentes das FAPs no Hub Goiás.
Na Reunião de Presidentes, foram debatidas propostas de articulação de um programa nacional de transição digital e inteligência artificial, a ser conduzido pelas FAPs em parceria com o Governo Federal, consórcios e setor privado. Também foi apresentada uma proposta de imersão internacional da Nuffield International Farming Work para capacitar líderes no agronegócio e discutidas estratégias para fortalecer redes de cooperação internacional, especialmente com países da América Latina.
A Reunião dos Diretores Científicos tratou da construção de chamadas conjuntas entre Confap, FAPs, CNPq e demais agências; dos editais PPSUS e PPSUS Inovação; e de uma proposta de programa do CinePQ voltado à fixação de doutores, previsto para o início de 2026.
Também ocorreram reuniões administrativas, financeiras e de comunicação das FAPs. Ao longo do dia, os Centros de Excelência de Goiás apresentaram seus stands, com projetos nas áreas de inteligência artificial, bioinsumos, agricultura exponencial e saúde.
































