Fundação Gates financia combate à malária

Durante um evento na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a CEO da Fundação Bill & Melinda Gates, Sue Desmond-Hellmann, anunciou investimentos de R$ 2,2 milhões para o Instituto Elimina, um consórcio de cerca de trinta organizações – que incluem o Ministério da Saúde, a Fiocruz e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – para acelerar a eliminação da malária no Brasil.

Com o financiamento da Fundação Gates, o projeto Elimina, que faz parte dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), vai desenvolver estudos para gerar evidências sobre como melhorar o atual tratamento de malária e fortalecer o sistema de saúde brasileiro para a introdução de novos medicamentos e diagnósticos. O primeiro projeto será a implementação, nas unidades de atendimento, de um teste diagnóstico para identificar a deficiência de uma enzima chamada G6PD que, segundo as estimativas, afeta 5% da população na região amazônica do Brasil – onde se concentra a maioria das infecções por malária do país. Quando infectados com a malária P.vivax, pacientes com essa deficiência enzimática apresentam intolerância às drogas atualmente utilizadas no tratamento contra a doença e aos novos medicamentos que estão sendo desenvolvidos, o que pode gerar complicações. O teste é essencial para evitá-las.

Parceiros
Representantes dos parceiros reunidos em Brasília para anúncio do financiamento

“A parceria com a Fundação é muito importante e relevante para o CNPq pois visa usar CT&I para resolver problemas de saúde pública como a Malária”, destacou o presidente do CNPq, Mario Neto Borges, presente na cerimônia de anúncio do investimento. “E O Brasil mostrou que tem competência científica para colaborar nesta missão”, completou.

O financiamento se soma aos 35 milhões de dólares que a Fundação Gates já investiu na última década no desenvolvimento de novas ferramentas para a cura radical da malária causada pelo plasmódio P.vivax, a forma mais prevalente da doença na América Latina e a que causa mais recaídas.

“Estamos animados com o potencial deste investimento para acelerar a eliminação da malária no Brasil e em toda a América Latina”, afirmou Sue Desmond-Hellmann, em sua primeira visita ao Brasil como CEO da Fundação Gates. “Trabalhando em colaboração com o Ministério da Saúde, a Fiocruz e outros parceiros importantes, nosso objetivo é encurtar substancialmente o tempo necessário para disponibilizar novos tratamentos e testes para a malária”. Sue Desmond-Hellmann destacou que a malária reincidente, como a presente na região Amazônica, é extremamente debilitante, o que impede as pessoas de ir à escola e trabalhar. “O desafio é enorme, mas as recompensas ainda maiores: uma vida muito melhor para milhões de brasileiros”.

A Fiocruz tem sido um importante parceiro da Fundação Gates no Brasil para avançar não apenas a aceleração da malária, mas diversos outros temas em saúde pública. “O anúncio de hoje mostra como a parceria entre organizações brasileiras de pesquisa e a Fundação Gates podem produzir soluções de impacto para a saúde global. Estamos realmente orgulhosos em fazer parte desta cooperação”, destacou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, durante o evento.

O diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq, Marcelo Morales lembra a parceria entre o CNPq, Ministério da Saúde e CONFAP com a Fundação Bill e Melinda Gates é histórica, em particular na área de ciência de dados, epidemologia e saúde pública para enfrentar os problemas em saúde materna e infantil. “A reunião de hoje reforça esse laço de cooperação e aponta para novas perspectivas para que a ciência possa ajudar a resolver problemas brasileiros e mundiais. Os pesquisadores brasileiros estão prontos para contribuir”, afirmou Morales.

Os esforços para a eliminação da malária nunca foram tão oportunos e urgentes. Depois de quase uma década de redução de casos nas Américas, toda a região registrou aumentos da malária no último ano – no Brasil, os casos cresceram 50%. A atual crise de saúde pública na Venezuela resultou num grande aumento de casos dentro do país, o que gera mais preocupações para as fronteiras de toda a América Latina. De acordo com os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram registrados 216 milhões de casos de malária no mundo e 445.000 mortes em 2016.

A malária causada pelo P. Vivax representa mais de 90% dos casos da doença na região amazônica, e os tratamentos atuais para este tipo específico da doença podem ser difíceis do ponto de vista operacional, já que uma das drogas utilizadas, a Primaquina, tem de ser tomada por sete dias seguidos para evitar recaídas.

“O projeto Elimina vai nos ajudar a fortalecer o controle da malária na Amazônia. O Brasil já tem a infraestrutura necessária para combater a doença, mas precisa de novas e melhores ferramentas para reduzir os casos e, por fim, eliminá-la do país”, afirmou Marcus Lacerda, pesquisador que lidera o Instituto Elimina.

A introdução do teste diagnóstico de G6PD é um passo importante para preparar o país para a introdução de um tratamento promissor: a Tafenoquina, que permite a cura radical da malária com apenas uma única dose, o que reduz significativamente a duração do tratamento da malária P.vivax e evita recaídas. O projeto Elimina também pretende reavaliar a prevalência da deficiência da enzima G6PD e da incidência da malária P.vivax na região amazônica para melhor informar as políticas públicas e os esforços para o controle da doença.

Este trabalho é resultado da colaboração entre a Fundação Bill & Melinda Gates e o Ministério da Saúde. Por meio desta parceria estratégica, firmada em 2011 e renovada em 2017, ambos os parceiros somam recursos e conhecimento para avançar prioridades comuns em saúde com o potencial de beneficiar a saúde pública do Brasil e do mundo. Durante os últimos sete anos, a parceria resultou em inovações para o tratamento de malária, contribuiu para a expansão da capacidade produtiva de vacinas do Brasil e fomentou projetos de pesquisa inovadores em saúde materno infantil e em resistência a antimicrobianos.

Fundação Bill & Melinda Gates

A Fundação Bill & Melinda Gates acredita que todas as vidas têm o mesmo valor e trabalha para garantir que todos tenham uma vida saudável e produtiva. Em países em desenvolvimento, a fundação está focada em melhorar a saúde das pessoas para ajudá-las a se libertar da fome e da pobreza extrema. Nos Estados Unidos, ela procura garantir que todas as pessoas ¿ especialmente aquelas com menos recursos – tenham acesso às oportunidades que precisam para se tornarem bem-sucedidas na escola e na vida. Baseada em Seattle, Washington, a fundação é liderada pela CEO Sue Desmond-Hellmann e o co-chair William H. Gates Sr, sob a direção de Bill e Melinda Gates e Warren Buffett.

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tem como objetivos promover a saúde e o desenvolvimento social, gerar e difundir conhecimento científico e tecnológico e ser um agente da cidadania. Criada em 1900, como Instituto Soroterápico Federal, a Fiocruz tem uma trajetória que se confunde com o próprio desenvolvimento da saúde pública no País.

Instituto Elimina

Sediado no campus da Fiocruz na Amazônia, o projeto Elimina faz parte dos INCTs e é um consórcio de pesquisa apoiado pelo CNPq. O Elimina reúne mais de 100 pesquisadores brasileiros e internacionais e trinta organizações parceiras, incluindo o Ministério da Saúde, em torno de diversos estudos sobre malária.

Fonte: Coordenação de Comunicação Social do CNPq

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