Fapeg, UFG e Funape preparam a criação do Centro Avançado de Computação de Alto Desempenho
Fapeg vai investir R$ 16 milhões para implementação do maior Centro de Computação de Alto Desempenho do Brasil Central. O Centro vai ampliar o potencial das iniciativas em CT&I no Estado de Goiás e acelerar o desenvolvimento tecnológico do Estado e da região central do Brasil, contribuindo também para o ecossistema de inovação com a atração de empresas de base tecnológica para se instalarem no estado.
Goiás se prepara para a criação de um Centro Avançado de Computação de Alto Desempenho (Cecad). Parceria firmada entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Fundação de Apoio à Pesquisa (Funape) trabalha pela estruturação de um centro de grande porte de computação de alto desempenho (HPC) que será uma ferramenta crucial para alavancar o desenvolvimento científico e tecnológico da região Central do Brasil.
Na última sexta-feira, 14, foi publicado no Diário Oficial do Estado, convênio de cooperação técnica e acadêmica entre os parceiros em que a Fapeg se compromete a investir R$ 16 milhões para a implementação de uma infraestrutura completa e robusta de Data Center especializado para HPC e também de um sistema de supercomputação de grande porte.
A criação do Centro Avançado de Computação de Alto Desempenho vai contribuir para o desenvolvimento de indústrias locais, atrair empresas de alta tecnologia e talentos para a região, promover a criação de empregos e estimular a formação de mão de obra qualificada, além de impulsionar a educação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), que são áreas fundamentais para a inovação e desenvolvimento de uma sociedade.
A computação de alto desempenho (HPC, da expressão em inglês: high performance computing) se refere a sistemas que combinam alto poder de processamento, alta velocidade de transmissão de dados e alta capacidade de armazenamento. O processamento em larga escala é obtido, de forma geral, por meio do uso conjunto de vários computadores trabalhando em paralelo (cada um deles muito mais potente que um computador pessoal) e comunicando-se entre si através de redes de alta velocidade. Arranjos desse tipo, chamados de clusters, conseguem realizar até alguns quintilhões (1018) de cálculos por segundo (exaflops) enquanto computadores desktop comuns realizam, no máximo, alguns bilhões (109) de cálculos por segundo (gigaflops).
A computação de alta performance é bastante utilizada para acelerar o desenvolvimento científico em várias áreas do conhecimento, como Física, Química, Biologia, Engenharia, Computação, Astronomia, Meteorologia, Geociências, e até mesmo nas Ciências Sociais, permitindo o uso de modelagens, simulações e análises de dados de sistemas muito complexos e envolvendo uma quantidade muito grande de dados. O uso de HPC também tem se tornado, cada vez mais, crucial em indústrias como a farmacêutica, automotiva, aeronáutica, de energia e de construção, bem como em empresas da área financeira, de manufatura, de transportes e de varejo.
Grande investimento
Segundo o presidente da Fapeg, Robson Vieira, o custo de um data center de HPC é maior do que um data center de TI convencional, pois requer equipamentos mais especializados, como refrigeração de precisão, por exemplo, e requer potências muito mais elevadas. Além disso há a necessidade de redundância nos equipamentos (Certificação TIER3) para que o Centro possa atender a projetos que envolvam operação crítica e para que possa responder com segurança e rapidez às possíveis situações de falha, falta de energia, sem descontinuidade nos serviços e mantendo a disponibilidade dos recursos computacionais o tempo todo.
O vice-reitor da UFG, Jesiel Freitas Carvalho, explica que “a decisão de criação do Centro Avançado de Computação de Alto Desempenho do Brasil Central, que tem apoio decisivo da Fapeg, é uma iniciativa de grande importância. Ela está nucleada no atualmente existente Laboratório Multiusuário de Computação de Alto Desempenho da UFG e agora vai escalar essa iniciativa já existente, que já tem jogado um papel importante na computação de alto desempenho aqui em Goiás, ao criar um centro de computação competitivo e com uma complexidade e uma instalação de nível internacional. O Centro terá um papel extremamente importante de descentralizar para essa vasta região do Brasil Central a infraestrutura de computação de alto desempenho que hoje existe de uma maneira muito concentrada na região Sudeste do país”.
Para o vice-reitor, “a iniciativa é muito importante e certamente terá um impacto enorme no desenvolvimento científico, tecnológico e econômico aqui do Brasil Central. É muito importante a iniciativa e o apoio da Fapeg é decisivo para a consecução desse objetivo”.
O coordenador do projeto, professor doutor Herbert de Castro Georg, entende que, “por meio desse convênio, estamos dando um passo muito importante na direção de criar um grande centro de computação de alto desempenho, de referência internacional, que irá colocar Goiás no estado da arte da supercomputação. Esse centro irá permitir um salto no desenvolvimento científico e tecnológico do estado de Goiás”. Herbert é professor do Instituto de Física da UFG e faz pesquisa na área de Física Molecular Computacional. Com graduação em Matemática e Física e doutorado em Física, o professor é o coordenador-geral do Laboratório Multiusuário de Computação de Alto Desempenho da UFG (LaMCAD).
Pelo Convênio, a Fapeg vai investir R$ 16 milhões na implementação do Data Center e na aquisição dos computadores de alto desempenho. A importância desse investimento está no fato de que cada vez mais o processamento massivo de dados, através de simulações, inteligência artificial, aprendizado de máquina, internet das coisas, mineração de dados, etc., são necessários tanto na pesquisa científica quanto para o desenvolvimento de novas tecnologias. Para utilizar essas ferramentas é necessário um poder computacional elevado, que é de difícil acesso para a maioria das instituições de pesquisa e para empresas de pequeno e médio porte.
Para Vieira, o Centro vai ampliar significativamente o potencial das iniciativas em Ciência, Tecnologia e Inovação no Estado de Goiás e vai acelerar o desenvolvimento tecnológico do Estado e da região central do Brasil, contribuindo também para o ecossistema de tecnologia e inovação na região com a atração de empresas de base tecnológica para se instalarem no estado. Segundo ele, o Cecad vai atender à demanda por computação científica de pesquisadores, e servirá tanto a comunidade acadêmica, empresas, órgãos de governo e outras instituições que queiram desenvolver projetos que necessitem de IA.
O presidente da Fapeg destaca também que a criação de um Centro Avançado em Computação de Alto Desempenho vai incrementar e potencializar as atuações dos Centros de Excelência instalados no estado de Goiás que também contam com apoio da Fapeg, como o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA), o Centro de Excelência em Agricultura Exponencial (CEAGRE), o Centro de Estudos, Monitoramento e Previsões Ambientais do Cerrado (CEMPA), fornecendo a capacidade computacional necessária para o desenvolvimento de suas atividades. Ressalta ainda que, o novo Cecad vai oferecer estrutura para a criação de novos Centros de Excelência que necessitem de computação de alto desempenho; além de atender à demanda por HPC de indústrias, empresas, startups, governos, terceiro setor, etc., através do fornecimento de serviços especializados e avançados de computação (processamento, virtualização, serviços de nuvem, armazenamento etc.).
Segundo os parceiros do projeto do Cecad, no Brasil ainda existem poucos centros de computação de grande porte voltados para atender a demanda geral. A maioria dos grandes sistemas de HPC instalados no Brasil estão em grandes empresas, como na Petrobras, e são focados em atender as demandas internas dessas empresas. Os poucos centros de HPC que existem para atender tanto a demanda da comunidade acadêmica quanto das empresas de pequeno e médio porte, estão no eixo Rio-São Paulo.
Ao ser criado na região central do Brasil, onde já existe a experiência bem-sucedida em gestão de laboratório multiusuário e multidisciplinar de HPC, o Laboratório Multiusuário de Computação de Alto Desempenho (LaMCAD) da Universidade Federal de Goiás – que hoje já conta com mais de 150 usuários cadastrados e apoiando mais de 30 projetos de pesquisas em várias áreas do conhecimento -, o Cecad nascerá como referência nacional e internacional na área e contribuirá para a descentralização da infraestrutura de supercomputação no país e para o desenvolvimento regional.