Fapeg e UFG discutem criação de centro de pesquisas em agricultura e meio ambiente
Proposta envolve construção de complexo que pesquisará os impactos de agroquímicos em diferentes matrizes, em especial no cerrado
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) da Universidade Federal de Goiás (UFG) sediou, na tarde desta terça (11/07), uma reunião de apresentação do projeto para a instalação de um centro de excelência voltado ao estudo de defensivos agrícolas dentro da Universidade. A iniciativa já tinha sido levada por um grupo de professores até a Reitoria, que sugeriu esse encontro com a alta gestão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) a fim de angariar apoio.
Toda a exposição foi liderada pela professora Virgínia Damin, da Escola de Agronomia (EA), que esteve acompanhada da professora Daniela de Melo, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), também integrante da equipe proponente. Durante sua fala, Damin ressaltou que a proposta tem origem em uma demanda a qual tiveram acesso por meio do Fórum Goiano de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, formado por entidades da sociedade civil organizada, instituições governamentais e Ministério Público.
Nesse sentido, a ideia é construir um grande complexo multidisciplinar focado na proteção dos ecossistemas e preservação da biodiversidade, sobretudo do cerrado. Segundo a pesquisadora, este bioma possui a maior área de utilização de defensivos químicos do país, com aplicação de até 16,7 quilos por hectare ao ano. Atualmente, existem poucos centros de referência em pesquisa com agrotóxicos no Brasil, mas todos distintos do modelo apresentado, que é considerado pioneiro.
O objetivo da unidade, portanto, seria promover o monitoramento e quantificação dos níveis de agroquímicos e seus efeitos em diversas matrizes, além do desenvolvimento de tecnologias, como processos, equipamentos e produtos, visando reduzir o uso deles. “A questão ambiental é um foco de atenção, mas não podemos deixar de lado a questão econômica”, afirma Damin.
Conforme dados apresentados, são cada vez maiores as pressões e múltiplas as vozes em torno da redução do uso dos chamados pesticidas no campo. Além dos riscos para a saúde e para o próprio meio ambiente, o manejo dessas substâncias possui alto custo financeiro e, a longo prazo, tem efeitos pouco conhecidos sobre a produtividade da lavoura, o que preocupa produtores rurais. Outro fator de risco para o setor agrícola diz respeito às exportações, afetadas por restrições impostas pela comunidade internacional.
O vice-reitor da UFG, Jesiel Carvalho, sugeriu aproveitar a expertise da UFG em Inteligência Artificial, para otimizar a capacidade de prestação de serviços do centro. “Algo semelhante já é feito atualmente para mensurar o potencial de toxicidade de um fármaco que se deseja levar ao mercado. Com uma base de dados significativa, é possível reduzir a força e o tempo de trabalho empregado em algumas atividades experimentais”, complementou.
Fapeg
O presidente da Fapeg, Robson Vieira, aprovou a iniciativa, fez alguns apontamentos e solicitou o encaminhamento do projeto completo para análise pela Fapeg. Para ele, a pauta é estratégica para o estado de Goiás. “Por meio de convênio, é totalmente factível apoiar a construção do centro e ainda buscar integração junto a programas internacionais que possuem tópicos convergentes”, afirmou.
Investimento
O investimento total para a instalação do centro está orçado em R$ 12 milhões. Quando pronto, ele deverá ocupar uma área de 500 m² dentro do Parque Tecnológico Samambaia (PTS/UFG), que abriga empresas de base tecnológica, laboratórios e centros de PD&I, espaços de coworking, incubadora de empresas, entre outras estruturas voltadas ao apoio e desenvolvimento de produtos, processos ou serviços inovadores.
Também participaram do encontro o diretor científico e de inovação da Fapeg e professor da UFG, Cláudio Leles; a pró-reitora de Pesquisa e Inovação da UFG, Helena Carasek; e o diretor do PTS, Luizmar Júnior.
Fonte: Comunicação e Eventos UFG