Estudos científicos vão embasar políticas públicas antidrogas
Por Lívia Amaral
Fotos: Eduardo Ferreira
Pela primeira vez, o Governo de Goiás está financiando estudos científicos relacionados às drogas. Estão sendo investidos R$ 4,4 milhões em 32 projetos. Uma das pesquisas é do Instituto de Informática da Universidade Federal de Goiás (UFG) que pretende criar um software/aplicativo para uso em dispositivos móveis (tablets, celulares, entre outros) para identificar, através da filmagem da íris humana, se o indivíduo usou álcool ou algum tipo de droga, ou se está sob alguma situação de estresse. Isso será feito por meio de métodos computacionais e algoritmos.
Com essas pesquisas será possível ter uma visão mais clara da realidade das drogas em Goiás. Cada projeto, na sua respectiva área, produzirá informações que servirão de indicadores para fundamentar programas e ações governamentais e também da sociedade civil visando minimizar os danos provocados pelo tráfico de drogas no Estado, e, ao mesmo tempo, contribuir para a eficiência das redes de assistência aos usuários.
O professor-doutor Ronaldo Martins da Costa, que atua na linha de pesquisa Visão Computacional, estuda há mais de sete anos a íris humana, o olho humano, a pupila e seus movimentos de contração e dilatação. Dentro desse estudo, seu grupo de pesquisadores identificou que o olho é um órgão do corpo humano potencial, que reflete tudo que acontece no sistema nervoso e no organismo da pessoa. A partir disto eles resolveram participar do edital do Estado para atender essa demanda. O programa poderá ser usado nas áreas de Saúde Pública e Segurança.
De acordo com o doutor, o recurso recebido do Estado é fundamental para a compra dos equipamentos laboratoriais para o desenvolvimento do projeto. “Porque nós precisamos de câmeras especiais, montar hardware, fazer testes, adquirir toda a parte material de laboratório para fazer a pesquisa… Sem esse recurso ficaria muito difícil de ter os insumos, os recursos para que os alunos possam pesquisar. Como é um filme do olho humano, existe toda uma técnica para filmar o olho para não ter reflexo na imagem, porque os reflexos podem comprometer o resultado. Sem o recurso o aluno não tem o material para trabalhar”, destaca.SOM
O estudo é realizado por professores, graduandos e mestrandos do Instituto de Informática da UFG. Para isso foi montado laboratório específico. A pesquisa é contínua. “Já havia trabalhos antes e mesmo depois que terminar [o prazo do edital], novos trabalhos serão desenvolvidos. Estamos pesquisando, por exemplo, a utilização desse aplicativo/software na cirurgia de catarata e também no tratamento de diabéticos. São quatro professores, dois alunos de mestrado e quatro da graduação”, esclarece.SOM
Financiamento
A presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Maria Zaira Turchi, explica que o edital financia pesquisas em quatro eixos: a caracterização de usuários de drogas ilícitas e do álcool em diferentes segmentos sociais (12 pesquisas ); avaliação da rede socioassistencial (cinco); a atenção clínica ao usuário de drogas ilícitas e do álcool (oito); e tecnologia de enfrentamento do tráfico de drogas (sete pesquisas).
“Esse edital vem responder a uma demanda da sociedade civil organizada que, diante do grave problema que representa hoje para a sociedade goiana o uso das drogas ilícitas e o uso abusivo do álcool, nos solicitou pesquisas urgentes nessa área. É a resposta do Governo de Goiás às dezenas de instituições não governamentais e governamentais representadas no Fórum Goiano de Enfrentamento e Prevenção ao Crack e a outras drogas. Com esse edital, a Fapeg apoia projetos de pesquisa que irão contribuir para a produção do conhecimento científico e a implementação de políticas públicas voltadas para essa problemática”, explica a presidente da Fapeg, Maria Zaira Turchi.
Como no resto do País, a situação das drogas no Estado de Goiás é de grande complexidade e conhecida apenas superficialmente. É no sentido de aprofundar esse conhecimento que a Fapeg lançou esse edital. “É preciso entender com profundidade quem é o usuário de drogas, como ele vive, a sua vulnerabilidade, como as redes socioassistenciais estão estruturadas para atender esses usuários e quais as práticas a serem incluídas e estimuladas no cuidado clínico a essas pessoas. Da mesma forma, é preciso aprimorar as tecnologias de enfrentamento ao tráfico no Estado. Conhecendo melhor todo o cenário que envolve o problema das drogas, os gestores públicos terão condições de definir políticas públicas mais adequadas e promover a mudança no quadro que hoje tanto preocupa a sociedade”, argumenta Zaira.
De acordo com o Edital de Enfrentamento às Drogas, os pesquisadores e suas equipes terão um prazo de execução de até 18 meses, prorrogáveis por mais 12 meses, contados a partir da data do início da disponibilização dos recursos pela Fapeg, que foi na segunda quinzena de junho de 2013. Concluídas as pesquisas, a Fundação realizará seminários para divulgação de todo o conhecimento produzido para toda a sociedade, dando uma resposta em relação a esse problema social que está desestruturando as famílias e gerando insegurança nos lares.
Fonte: Site Goiás Agora