Estudo apoiado pela Fapeg avalia possíveis marcadores capazes de predizer uma melhor resposta clínica em mulheres com câncer de mama

Fomento através do PPSUS viabilizou compra de material permanente para realização, leitura e interpretação de exames que permitirão conhecer o microambiente tumoral e investigar o comportamento dos tumores

Larissa Andrade, da Assessoria de Comunicação da Fapeg

Foto: Arquivo pessoal da pesquisadora

O câncer de mama é o mais incidente entre mulheres em todas as regiões do Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), foram estimados 66.280 novos casos da doença para 2022, o que representa uma taxa bruta de incidência de 43,74 por 100 mil mulheres. Para Goiás, foram estimados cerca de 1.620 novos casos para este ano, o maior número na região Centro-Oeste, com incidência de 46,09. Como forma de contribuir para uma identificação antecipada sobre a evolução dos tumores, a Prof.ª Drª. Andrea Alves Ribeiro realiza uma pesquisa fomentada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) que analisa a existência de possíveis marcadores de células tronco tumorais em casos de câncer de mama que possam estar relacionados à diminuição da resposta dos tumores às terapias disponíveis atualmente para o tratamento.

De acordo com Prof.ª Drª. Andrea, “conhecer o microambiente tumoral, é um fator importante para a elucidação do comportamento dos tumores e para a verificação da influência da presença de possíveis marcadores de células tronco tumorais e linfócitos infiltrantes”. As células tronco tumorais são caracterizadas por resistência ao tratamento, presença de doença residual. Os linfócitos infiltrantes ao tumor, constituintes do microambiente tumoral, influenciam na progressão da doença. A possibilidade de identificação de marcadores nesses dois tipos moleculares adiciona possibilidades mais efetivas para a prática clínica, contribuindo para uma melhor compreensão evolutiva dos tumores nos quadros de câncer de mama.

Resultados obtidos

Para realizar a pesquisa, foram levantadas informações junto a 140 prontuários de pacientes do Hospital Araújo Jorge, em Goiânia. Os dados epidemiológicos e de morbidade foram obtidos no setor de prontuário e o material biológico para realização de testes de imuno-histoquímica no setor de anatomia patológica da instituição.

“Até o momento, os dados epidemiológicos, com base nos prontuários, mostraram a associação entre a idade das pacientes e o do tipo de tumores do tipo triplo negativos, sendo estes os tumores mais agressivos quando comparados a outros subtipos moleculares, apresentando pior prognóstico e padrão inicial de metástase”, afirma a coordenadora do estudo. A metástase ocorre quando os tumores das mamas migram para outros órgãos do corpo.

Como já está bem estabelecido, a professora esclarece a presença de proteínas chamadas receptores hormonais, sendo eles estrogênio e/ou progesterona, e de proteína HER2 em grande quantidade nas células do tumor como marcadores moleculares de identificação. Estes são classificados como Luminal A, quando tumores apresentam receptores de estrogênio e progesterona positivos, ou seja, há muitos receptores hormonais presentes, mas não apresentam a expressão da proteína HER2 (HER2 negativo) e possuem crescimento mais lento das células.

Profa Andrea Alves Ribeiro
Profª Drª Andrea Alves Ribeiro
Foto: Arquivo pessoal da pesquisadora

A identificação como Luminal B acontece quando as células dos tumores também possuem receptores estrogênio e/ou progesterona positivos, mas não expressam a proteína HER2 (HER2 negativo) e apresentam um nível mais acelerado de proliferação celular. Para se considerado HER2, acontece quando  não apresentam expressão dos receptores hormonais (receptores hormonais negativos), mas têm a expressão da proteína HER2 (HER2 positivo).

O tipo Triplo Negativo ocorre quando não possuem nem expressão hormonal, nem a proteína HER2, sendo negativo, portanto para estrogênio, progesterona e HER2. “O tipo triplo negativo foi o mais frequente, o mais agressivo e encontrado em mulheres jovens como relatado na literatura”, conclui a Profª. Drª Andrea.

De acordo com a coordenadora, o próximo passo da pesquisa consiste em estudar de forma mais detalhada a presença destes marcadores moleculares em células tronco tumorais e linfócitos infiltrantes para predizer qual melhor resposta em relação ao prognóstico e à aplicação clínica nos casos de câncer de mama.

Serão coletados nos prontuários de pacientes dados clínicos, histopatológicos e demográficos das pacientes, incluindo: idade, tipo histológico do tumor, data do diagnóstico, data do último seguimento e estado da paciente na última consulta ou último registro. O estado clínico será caracterizado como viva sem doença, viva com doença, morte por outras causas e morte pela doença. O risco relativo de morte pela doença será avaliado de acordo com a quantidade de linfócitos infiltrantes ao tumor e expressão das proteínas.

PPSUS

O projeto coordenado pela Profª. Drª Andrea recebeu R$ 60.000,00 através da Fapeg para compra de material permanente, como um microscópio de captura de imagem, para a leitura e interpretação dos resultados e para compra de insumos necessários para a realização de testes de marcadodres tumorais por meio de imuno-histoquímica. Os recursos são disponibilizados através da Chamada Pública – Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) promovida pelo Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em gestão compartilhada com a Fapeg e a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás. Os trabalhos foram iniciados em 2021 e se estenderão até meados de 2023. O edital do PPSUS foi lançado em 2020.

O PPSUS apoia o desenvolvimento de soluções científicas, tecnológicas e de inovação em Saúde que possam refletir em melhorias na qualidade do atendimento à população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) em Goiás, fortalecendo a política pública de saúde no Estado, melhorando os indicadores de saúde, aproximando a academia, a gestão pública da saúde e a sociedade. Além de colaborar para o aprimoramento e consolidação do SUS, a Chamada Pública contribui para o estímulo ao ensino, pesquisa, extensão e educação em saúde, colaborando com a formação de recursos humanos qualificados.

Equipe

A pesquisa é fruto de uma parceria interinstitucional, composta por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), da Faculdade de Farmácia (FF) da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP)/UFG, da Associação de Combate ao Câncer de Goiás – Hospital Araújo Jorge (ACCG/HAJ) e do Centro Universitário de Mineiros (UNIFIMES).

O estudo é coordenado pela Profª. Drª Andrea Alves Ribeiro, doutora em Medicina Tropical e Saúde Pública; Especialista em Citologia Clínica e professora da Escola de Ciências Médicas e da vida da PUC Goiás. Também integram a equipe a Profª. Drª. Silvia Helena Rabelo dos Santos da FF/UFG; a Profa. Dra. Vera Aparecida Saddi da PUC Goiás; o Prof. Me. Odeony Paulo dos Santos do IPTSP/UFG e da UNIFIMES; a MsC. Thais Aparecida Gomes Almeida do IPTSP/UFG; o Prof. Dr. Henrique Moura de Paula e a Dra. Gabriela Moura de Paula – ACCG/HAJ.

Governo na palma da mão

Pular para o conteúdo