Especialistas discutem Novos desafios da Educação

terceiro dia do webinário educação 4.0O terceiro encontro do ciclo do webinário Caminhos para Educação 4.0: Desafios e Oportunidades foi realizado nesta terça-feira, 18, com mesa digital sobre “Novos Desafios da Educação”. O professor João Henrique Suanno, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), falou sobre “Educação e complexidade: compromisso com a transformação social, cultural e individual – novos desafios”; e a professora Josiane Medeiros, do Instituto Federal Goiano (IF Goiano, Campus Rio Verde), fez palestra sobre “Arapuca armada? Instituições de ensino no contexto da evolução, conexão e disrupção da formação humana”. O debate foi mediado pelo chefe de Gabinete da Fapeg e organizador do webinário, Diogo Mochcovitch, que é doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

As palestras acontecem todas as terças-feiras e sextas-feiras deste mês de agosto, das 16 às 18 horas, com transmissão pelo canal oficial da Fapeg no Youtube. O webinário é uma realização da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) que busca discutir novos caminhos para a educação reunindo especialistas de Goiás e de outros Estados para uma troca de experiências com a finalidade de mapear ações estratégicas no âmbito da educação e tecnologia e apontar novas direções metodológicas tanto para a formação dos professores quanto para o ensino dos estudantes.

Segundo Mochcovitch, o resultado deste ciclo de debates vai compor subsídios estratégicos para a elaboração de um edital específico que a Fapeg pretende lançar em 2021 para fomentar para a educação 4.0. Ao final, também será publicado um dossiê especial em parceria com a revista Plurais, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), vinculado à linha de pesquisa “Educação, Escola e Tecnologias”, do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias (PPG-IELT).

webinario educação 4.0 terceiro diaJosiane Lopes Medeiros iniciou sua palestra citando a evolução no mundo, partindo da revolução industrial 1.0 (1780) com a mecanização, força do tear e do vapor, passando pela chamada indústria 2.0 (1870) com a produção em escala, linha de montagem, eletricidade e combustão, à indústria 3.0 (1969) com a automação, robótica, computadores e internet e aparatos eletrônicos até se chegar aos tempos atuais, com a indústria 4.0, com a inteligência artificial, internet das coisas. Neste contexto, questionou sobre o novo papel do professor e das instituições de ensino dentro das mudanças, o que as transformações impactaram nas instituições, como utilizar a sala de aula na perspectiva de promover essa integração com o mundo.

Para a professora, o desenvolvimento de competências e habilidades no âmbito das instituições de ensino é necessário em conexão com a sociedade. “Devemos fazer conexão com o mundo do trabalho, porque nós precisamos montar os nossos projetos de cursos, precisamos pensar na nossa aula sempre conectado à realidade e essa conectividade com a realidade precisa do envolvimento de todos.”

Listou algumas mudanças necessárias (habilidades) a serem adotadas pelas instituições de ensino para a educação 4.0: solução de problemas complexos, determinação da instituição (planejamento com estratégias e metas), pensamento crítico, criatividade, gestão de pessoas, gestão integrada, relacionamento interpessoal, inteligência emocional da equipe, julgamento e tomada de decisão, interprofissionalidade, negociação e flexibilidade cognitiva, desenvolvimento pessoal (capacitação), autodidatismo (estudar e desenvolver habilidades e competências em outras áreas), proatividade, aperfeiçoamento constante para acompanhar as mudanças que ocorrem no mundo, educação e formação contínua. E ainda, domínio do básico para ter sucesso em outros processos, alfabetização digital e autorresponsabilidade.

“Essas competências e habilidades, principalmente as cognitivas e de raciocínio lógico são importantes, porque por elas eu consigo entender, consigo estabelecer o contato, consigo estabelecer o diálogo e consigo pensar na resolução de problemas”, explicou. Destacou ainda as bases para discutir a educação 4.0: a Conexão com o todo para avaliar o processo histórico e filosófico e assim compreender o presente e planejar o depois; a Interconexão, explicando que a educação é a área que perpassa por todos os campos de saberes, sistemas e fenômenos; para depois se pensar em uma nova abordagem de aprendizagem, em inovação, em empreendedorismo e assim, em um processo de disrupção.

webinário educação 4.0 joão suannoO professor João Henrique Suanno trouxe como tema da sua fala educação e complexidade, compromisso com a transformação social, cultural e individual como novos desafios a partir de um olhar para a educação 4.0 baseada em princípios da teoria da complexidade proposta por Edgar Morin, pensador e sociólogo francês. Abordou princípios como a reintrodução do sujeito cognoscente no processo de construção do seu conhecimento e também o princípio hologramático (em que não apenas a parte está num todo, mas que o todo está inscrito, de certa maneira, na parte), quando disse sobre a experiência de pensar a formação não somente na área, mas a educação integral, global, completa, numa relação com e para seres humanos, uma formação de pessoas. “Educação total que se preocupa como sujeito de conhecimento de cultura, de valores, de ética, de identidade, de memória e de imaginação. As dimensões intelectual, emocional, social e cultural estão presentes como projeto coletivo, compartilhado por crianças, jovens, famílias, educadores, gestores e também as comunidades locais”, explicou.

Para João Suanno, o termo educação 4.0 faz uma menção à quarta revolução industrial e promete mudar a forma como os seres humanos absorvem o conhecimento, que é essencial para o planejamento da vida. Ele chamou a atenção para o fato que, no contexto da educação 4.0 é introduzido o sujeito learning by doing (aprender fazendo), o que para ele é uma modalidade de aprendizagem, mas que traz “um hiato pois, o foco dessa educação não se encontra nas pessoas e como elas podem se utilizar da tecnologia para a resolução dos problemas e melhoria da qualidade de vida delas, mas está nos recursos tecnológicos. Para o professor, este fato tem que ser olhado com cuidado pois, “esses recursos tecnológicos devem ser pensados como elementos mediadores dos processos de ensino e de aprendizagem, sendo que o fim primeiro e o fim último da educação é e tem que ser humano, tem que ser a pessoa com a qual nos relacionamos”.

Pilares
Ele abordou sobre os quatro pilares em que a educação 4.0 se baseia para pensar suas ações e que em nenhum deles as pessoas são o foco. Ele cita os pilares: Um modelo sistêmico que é a avaliação das instituições; um que propõe uma mudança do senso comum para uma busca por referenciais técnicos em uma educação científica, tecnológica; um terceiro que trata da engenharia, gestão do conhecimento, estudo das competências e habilidades do aluno cuja ideia é desenvolver um pensamento empreendedor e deixar de lado a replicação de conteúdo e um último que fala da preparação dos espaços de aprendizagem.

“Como a Educação 4.0 está em processo de construção, momentos como esse encontro de hoje são imprescindíveis para que a gente aponte, alerte, contribua, possibilite reflexões de quem está na organização desse tipo de educação ou dessa quarta onda de revolução industrial para que eles possam pensar e levar em consideração a necessidade de uma educação formadora e transformadora, e de cidadãos atentos ao seu desenvolvimento pessoal, social e como ser global”. Uma educação que religue saberes e que promova a circularidade de conhecimentos.

O professor instigou a reflexão no sentido de que a responsabilidade social está em problematizar as condições existentes de acesso e formação das pessoas para o uso das tecnologias para a educação 4.0 e refletir sobre algumas questões, uma vez que, explica ele, os pilares e as competências para a educação 4.0 estão na Base Nacional Curricular Comum (BNCC) que estabelece 10 competências exigidas para o conhecimento.

webinário educação 4.0
Programação do Webinário Desafios da Educação 4.0

Para ele, qualquer proposta que venha pensar em um novo sistema ou novas possibilidades de proporcionar conhecimento tem que envolver todas as classes sociais. “Quando são geradas novas propostas devem ser pensadas também proposições políticas públicas para que possam existir viabilidade de acesso e de não discriminação, porque se não a gente vai estar fragmentando ainda mais a sociedade elaborando uma coisa ou uma forma de manutenção da discriminação social, da diferenciação social, do distanciamento social. Às pessoas que estão pensando esta nova abordagem da Educação fica a sugestão: além de pensar em mecanismos de ação da educação 4.0   em si, pensar em estratégias outras junto ao mesmo processo que possibilite uma tentativa de fazer aproximação e não discriminação”.

Assessoria de Comunicação da Fapeg

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