Conferência Anprotec 2018 discute ciência e tecnologia no agronegócio

O agronegócio aliado à tecnologia e à inovação é o tema central da 28ª Conferência Anprotec 2018, realizada de 17 a 20 de setembro, no Centro de Convenções, em Goiânia. Nos três dias de Conferência, pesquisadores, especialistas e empreendedores participaram de minicursos, workshops, fóruns, visitas técnicas, além de painéis e trabalhos. O objetivo é tornar a Conferência um espaço para discutir como o Brasil, além de grande produtor e exportador de commodities, também está na vanguarda tecnológica do agronegócio sendo referência para outros países e quais os desafios para continuar se destacando na competitividade do mercado no futuro.

Anprotec discute agro e inovação
Foto: Letícia Santana

A presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap) e também da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Maria Zaira Turchi, presidiu no dia 18, a Sessão Plenária “Desafios Internacionais e novas oportunidades geradas pelo agronegócio brasileiro”, com a palestra do presidente da Aliança Agro Ásia-Brasil, Marcos Jank.

Zaira Turchi destacou a importância do evento para Goiás, porque o estado vive um movimento da competitividade, da inovação, da formação de recursos altamente qualificados e tem a vocação para o tema escolhido que é o agronegócio, a tecnologia e a inovação. Segundo dados da Anprotec, o agronegócio, em Goiás, foi o grande responsável pela elevação do PIB do estado, que atingiu R$189,9 bilhões em 2017, crescendo 21,5%, ou seja, bem acima da média nacional para o setor que foi de 13%. Os produtos ligados ao agronegócio sempre estiveram no ranking das exportações realizadas pelo estado, correspondendo a mais de 70% da cadeia produtiva.

Em sua palestra, Marcos Jank destacou a inserção internacional do agronegócio brasileiro, mostrou como o Brasil tornou-se um dos maiores exportadores do agro mundial e citou os desafios nas áreas de pesquisa e inovação. Jank explicou que o Brasil, com investimento em tecnologia no agro e aumento da produtividade, tornou-se o 3º maior país exportador do mundo, atrás dos Estados Unidos e da Europa. “O agronegócio sustenta o equilíbrio da balança comercial brasileira durante o período 2000-2017, evitando uma crise nas contas externas do país”, diz.

Ele destacou o papel da China, que vem investindo de forma agressiva em inovação, já ocupando a 4ª colocação, logo atrás do Brasil. “A gente vê um grande dinamismo na China, tanto nas importações como exportações”. Jank falou ainda que um dos motivos para o Brasil estar se destacando no mercado é justamente por conta do crescimento populacional, principalmente da Ásia, que corresponde a 51% da população no mundo. “A geografia muda e o Brasil deixa de ser vendedor de commodities para a Europa e passa a ser cada vez mais para a Ásia”.

Marcos Jank em palestra
Foto: Letícia Santana

Cadeias agroalimentares
Jank ressaltou sobre as quatro cadeias agroalimentares, que são as fases pelos quais os países estão passando: Segurança Alimentar, Qualidade Alimentar, Valor Adicionado e Novas Demandas. Na fase da Segurança Alimentar encontram-se países como a Índia, por exemplo, que ainda tem a preocupação em garantir a quantidade de alimentos básicos necessários à população. O segundo vetor é a Qualidade Alimentar, que tem a preocupação em fornecer alimento de qualidade, com uso da rastreabilidade e uso de agroquímicos, por exemplo. A China e a Rússia estão neste segundo vetor. Jank esclarece que um país pode estar em duas fases ao mesmo tempo.

O Valor Adicionado refere-se aos desafios da variedade e marcas dos alimentos, assim como rotulagem, entrega rápida, entre outros. O Brasil está nesta 3ª fase. Já na 4º fase, nas Novas Demandas, os desafios são as questões ambientais, produção de alimento orgânico, uso correto da terra, entre outros.  E, neste ponto, Jank questiona que, de certa forma essas Novas Demandas são contraditórias a todo um processo da busca de inovação, quando pensa-se que a demanda está cada vez mais individualizada, a preocupação com o bem-estar dos animais cada vez maior e a busca por alimentos orgânicos aumenta.

“Nessa ponta entram, de certa forma, elementos de redução de tecnologia. Lá atrás, quando começamos esse processo, buscamos o aumento da tecnologia, e quando vai na outra ponta, são elementos que serão produzidos com menos tecnologia. O mundo convive hoje com esses diferentes vetores a diferentes velocidades. No Brasil se tem ainda situações parecidas com as da África e  da Índia em relação à segurança alimentar. Esse é a nossa grande dificuldade. É você conviver com isso,  pois existe uma expectativa do agro em diferentes regiões do mundo. Quando se fala em inovação, falamos de aumentar a produtividade ou inovação ligada a preocupações ambientais?”, explica Jank.

Jank encerrou a palestra citando as conquistas já realizadas como o melhoramento genético, biotecnologia e bioenergia e os desafios do presente como, por exemplo, o combate a pragas e doenças, as questões ambientais com a implementação do Código Florestal, a inovação no agro com o uso das geotecnologias, agricultura de precisão e drones, entre outros. Já para a agenda futura, Jank destaca que será preciso investir ainda mais na Internet das Coisas, Nanotecnologia, Big Digital Data, entre outros.

Ao final da palestra de Jank, Zaira Turchi ressaltou que os setores privado e público, trabalhando em conjunto, estão atuando fortemente nas áreas de tecnologia e inovação. Ela citou uma lista de projetos apoiados pela Fapeg por meio de editais que são voltados à inovação na área do agronegócio. Ainda comentou que há um movimento muito grande por parte dos pesquisadores, incubadoras e parques tecnológicos, com financiamentos públicos, apoio da Finep, entre outros parceiros, que estão se articulando para avançar cada vez mais na tecnologia voltada para o agro. “Nem indústria, nem universidade fazem isso sozinhos”, finaliza.

Assessoria de Comunicação Social da Fapeg

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