Comunicação em tempos de crise é foco de segundo dia de debate na UFG

Profissionais e estudantes de comunicação participaram do debate. Foto: Carlos Siqueira/ Ascom UFG
Profissionais e estudantes de comunicação participaram do debate. Foto: Carlos Siqueira/ Ascom UFG

Comunicação pública em tempos de crise. Esse foi o tema que norteou o debate na manhã desta quinta-feira (24/11), no segundo dia do Segundo Seminário Comunicação Pública e Cidadania, promovido pela Assessoria de Comunicação da UFG nos dias 23 e 24 de novembro na Faculdade de Informação e Comunicação (FIC). A fundadora e ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Tereza Cruvinel, e a professora da Universidade Católica de Brasília (UCB) e coordenadora do projeto Inclui Comunicação Pública, Cosette Castro foram as convidadas para socializar conceitos e experiências em comunicação pública com os professores, estudantes e profissionais interessados na temática.

A fundadora falou um pouco sobre a história da EBC e explicou sobre os retrocessos vividos pela comunicação pública no atual contexto político. “A comunicação pública não pode ser confundida com comunicação governamental, organizacional ou estatal”, afirmou. Segundo a ex-presidente da EBC, a comunicação comercial não oferece ao cidadão conteúdos para que ele exerça sua cidadania. “Nenhuma democracia ousou acabar com a comunicação pública. Ela continua sobrevivendo ao lado das empresariais porque ela é um pressuposto da democracia para se exercer a cidadania”, ressaltou. “A democracia no Brasil é incompatível com o modelo de concessão privada que temos”, completou.

Tereza Cruvinel ressaltou que acredita que a comunicação pública ainda não se firmou no Brasil porque não se interviu nas estruturas. “Precisamos de regulação da mídia e um sistema de comunicação pública bem organizado”, explicou. Ela criticou as intervenções do governo na EBC e disse que o momento agora é de negociação para conseguir manter o Conselho Curador, que garante a autonomia da EBC. “Acredito que a lei da EBC precisa mesmo ser revista, mas não dessa forma”, lamentou.

A professora da UCB, Cosette Castro, provocou os presentes apresentando desafios para pensarmos a comunicação pública. Para ela, a comunicação pública precisa ser um espaço estratégico para a democracia e é preciso que ela seja pensada também de forma a ampliar o papel social da universidade. “Não temos disciplinas de comunicação pública nos currículos e, quando temos, elas ainda ensinam os modelos privados. Se nós na academia não valorizamos a comunicação pública como podemos cobrar isso da sociedade?”, interrogou.

Cosette Castro ressaltou ainda a importância do diálogo com outras áreas. “Se um núcleo não dialoga com outro nem dentro da universidade estamos reforçando a comunicação privada no Brasil. Isso é grave e é nossa responsabilidade. Precisamos sair de nossas zonas de conforto”, atentou. A professora questionou como a TV e a rádio universitária impactam a sociedade e qual a relação delas com os alunos e qual a conexão com o local. Segundo ela, é preciso que tenhamos um pensamento complexo, sistêmico e transmídia ao pensar a comunicação pública.

Cosette Castro lembrou ainda que a academia e a mídia falam, escrevem e pesquisam como se todos tivessem acesso às tecnologias da comunicação e informação e se esquecem que estão excluindo milhares de brasileiros para os quais a inclusão social e digital ainda não é uma realidade. A professora também criticou o que ela chamou de “demonização” da TV e do rádio da educação. “Essas mídias não são instrumentos ruins, o conteúdo comercial é que é. Pode ser ótimo se tivermos TVs e rádios públicas que produzam conteúdos de qualidade”, afirmou. A palestrante lembrou ainda que a comunicação pública deve ser pensado para outros espaços fora das redes digitais, como murais e muros pela cidade.

As discussões do Segundo Seminário de Comunicação Pública devem servir de base para a construção da Política de Comunicação da UFG. Acompanhe os próximos passos no site.

Fonte : Ascom/UFG

 

 

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