Com Jogos Olímpicos do Rio, empresas voltaram a atenção para a ciência do esporte, diz pesquisadora

Felipe Wu conquistou a medalha de prata no tiro esportivo. Foto: Rafael Bello/COB.

Na esteira dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, uma série de ferramentas tecnológicas foi desenvolvida para apoiar o esporte de alto rendimento. O movimento se intensificou a partir de 2007, com a realização dos Jogos Pan-Americanos do Rio. Segundo a pesquisadora Maureen Flores, foi neste momento que várias startups voltaram a atenção para a ciência do esporte.

“Quando você tem um evento como a Olimpíada, eles acreditam que esse campo vai deslanchar e aí investem. Esses inovadores veem esses eventos como a oportunidade para desenvolver seus produtos”, afirmou Maureen, que foi gerente de Sustentabilidade da Rio 2016.

A Austrália é um exemplo. A pesquisadora destacou a transformação do país após os Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000, que impulsionaram as tecnologias voltadas para o esporte, consolidando a Austrália como uma potência olímpica. Um caminho que o Brasil pode trilhar.

“Nós já estamos desenvolvendo tecnologias com conhecimento construído aqui. O conhecimento científico auxilia o desempenho esportivo e a Austrália nos mostrou isso. O Saha [Sistema para Acompanhamento Holístico de Atletas] é um exemplo disso e pode ser utilizado tranquilamente por outros países. Você agrega valor e gera resultados econômicos, trazendo divisas para o Brasil por meio da exportação desses produtos”, observou Maureen, que é doutora em Políticas Públicas Estratégia e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

O Saha é uma ferramenta que cruza os dados levantados por sete áreas do conhecimento e faz sugestões para melhorar a performance dos atletas. A ferramenta foi desenvolvida pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) – e é rodado em um supercomputador. Assim, uma braçada na piscina, um golpe no tatame ou uma pirueta na ginástica artística podem ser aperfeiçoados.

O sistema é parte do Laboratório Olímpico, mantido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e instalado no Parque Aquático Maria Lenk – palco das disputas de saltos ornamentais e de polo aquático durante os Jogos do Rio. Ao menos três medalhistas passaram pelas instalações: Felipe Wu, prata na pistola de ar 10 metros do tiro esportivo; Diego Hipolyto, prata no solo da ginástica artísitica; e Poliana Okimoto, bronze na maratona aquática.

Apoio do MCTIC
Outra iniciativa desenvolvida com apoio de entidades vinculadas ao MCTIC é a Plataforma Digital 3D Aplicada ao Treinamento da Esgrima, desenvolvida pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT). Trata-se de uma tecnologia que une ambientes interativos em 3D e análises biomecânicas dos atletas e, a partir disso, sugere melhoras para os movimentos dos esgrimistas. Ela também já foi utilizada na Rio 2016 por três atletas que disputaram a competição de espada: Guilherme Melaragno, Nicolas Ferreira e Rayssa Costa.

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) também participaram do esforço olímpico com a publicação de editais voltados para ciências do esporte. Já o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) integraram a força-tarefa do clima para os Jogos Rio 2016.

Popularização
Além do desempenho do esporte brasileiro, o melhor da história, a Olimpíada também serviu para mostrar que a tecnologia também contribui para o desenvolvimento dos “atletas amadores”, avaliou Maureen Flores. Segundo ela, em breve, os mesmos recursos estarão à disposição da população.

“A Olimpíada ajuda a mostrar para as pessoas que a tecnologia tem um papel importante para o desempenho dos atletas. E essas mesmas tecnologias podem ser usadas pelas pessoas comuns para melhorarem a saúde ou otimizar a atividade física que praticam. Isso também é importante, porque pode beneficiar do atleta profissional ao que está iniciando a prática esportiva”, afirmou.

Fonte: MCTIC.

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