Cerrado mantém mais da metade da vegetação natural, mostra mapeamento

Bioma Cerrado.
Bioma Cerrado. Foto: Rosa Berardo.

Os resultados inéditos do projeto TerraClass Cerrado 2013 revelam que 54,5% do bioma mantém sua vegetação natural. O estudo, que mapeia o uso da terra e a cobertura vegetal, foi divulgado nesta quarta-feira (25) pela ministra do Meio Ambiente (MMA), Izabella Teixeira, com o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), Leonel Perondi, e o diretor executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ladislau Martin Neto.

De acordo com a ministra Izabella, o Brasil está dentro da meta de reduzir em até 58% o desmatamento anual no Cerrado até 2020, o que significaria uma taxa de 9.421 quilômetros quadrados (km2) naquele ano. A redução com a qual o País se comprometeu tem como referência a taxa média verificada entre 1999 e 2008 (14.179 km2/ano).

“Esses resultados nos mostram um perfil de remoção de vegetação em 2008, 2009, 2010 e 2011, revelando que o Cerrado tem hoje cerca de 7 mil km2 de supressão de vegetação de desmatamento [por ano]”, comentou. “Isso converge com a meta que nós temos para 2020 do programa de monitoramento do Cerrado e nós deveremos cumprir a meta. A boa notícia é que muitas pessoas achavam que nós tínhamos menos Cerrado, mas nós temos mais Cerrado preservado, e o TerraClass mostra isso.”

O mapeamento do uso e cobertura da terra mostra que as áreas de pastagens ocupam 29,5% do bioma, enquanto a agricultura anual representa 8,5% e as culturas perenes, 3,1%, totalizando 41,1% do uso total. Já os dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite (PMDBBS) referentes ao Cerrado no período de 2011, também apresentados hoje, mostram que os estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, juntos, foram responsáveis por 66% do desmatamento do bioma.

Monitoramento
O TerraClass Cerrado se soma ao projeto de monitoramento do uso e cobertura da terra na Amazônia, conduzido pelo Inpe e pela Embrapa, garantindo ao Brasil uma base de dados que cobre aproximadamente 73% do território nacional. Com base em imagens de satélite e tecnologias de geoprocessamento, as informações sobre esses dois biomas são fundamentais para a compreensão das dinâmicas ecológicas, econômicas e produtivas do País. Nesse primeiro monitoramento no Cerrado se alcançou um nível de precisão geral de 80,2% na coleta de dados.

“O Brasil se firmou como um país pioneiro no uso das tecnologias para gestão ambiental”, afirmou o diretor do Inpe, Leonel Perondi. Segundo ele, o País foi um dos primeiros a usar de forma sistemática as tecnologias espaciais e o geoprocessamento para o monitoramento em um bioma. “O fato de o Brasil ter sido pioneiro nesse trabalho permitiu que tivesse uma vantagem no monitoramento de biomas. A identificação desses dados depende de algoritmos e tecnologias de maneira sistematizada”, disse.

Logo após o anúncio dos dados, foi lançado o Programa Nacional de Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros, para mapear e monitorar o desmatamento, o uso das terras, as queimadas, a restauração da vegetação e a extração seletiva. O Programa abrangerá todos os biomas brasileiros, e o mapeamento e monitoramento serão realizados em tempo real e periódico, com diferentes resoluções espaciais, segundo as características do tema e do bioma analisados.

Em 2016 e 2017 serão lançados os mapeamentos para o Cerrado e a Mata Atlântica. E em 2017 e 2018, para os outros biomas. O Programa será coordenado pelo MMA, em parceria com Inpe, Embrapa e outras instituições.

Desafio
Iniciado em 2014, o TerraClass Cerrado abrangeu toda a área contínua do bioma – mais de 2 milhões de quilômetros quadrados ou 24% do território brasileiro. Para os especialistas envolvidos no projeto, o desafio é ampliar a produção agropecuária conservando a biodiversidade e reduzindo a pressão pela ocupação de novas áreas naturais por meio de estratégias voltadas ao aumento da produtividade e à integração de sistemas sustentáveis.

“O Brasil tem clareza na sua trajetória de que vai fazer um esforço de ampliação de produção, através da verticalização, por exemplo, numa mesma área produzir grãos e carne, com a integração lavoura, pecuária e floresta”, avaliou Ladislau Martin Neto, da Embrapa.

O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul e abrange os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná e São Paulo. Importante para a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável do Brasil, em pouco mais de 20 anos o Cerrado se transformou em fronteira agrícola e contribuiu para a posição do País como um dos maiores produtores e exportadores agropecuários do mundo.

É também nele que estão localizadas as nascentes das bacias do Araguaia-Tocantins e do São Francisco, além dos principais afluentes das bacias Amazônica e do Prata, conferindo uma importância estratégica em termos de disponibilidade hídrica.

Confira aqui os dados do TerraClass Cerrado 2013.

Fonte: MCTI e MMA.

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