Brasileiros respeitam o isolamento e se alimentam de maneira mais saudável durante quarentena, diz pesquisa

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Estudo de base populacional avalia adesão às medidas de saúde pública e seu impacto na pandemia de Covid-19.

O International Citizen Project Covid-19 (ICPCovid), projeto internacional que avalia até que ponto as medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelas autoridades de saúde locais para conter a disseminação do coronavírus estão sendo seguidas pela população, apresentou seus primeiros resultados.

O estudo é liderado pelo professor Robert Colebunders, da Universidade de Antuérpia, na Bélgica e por Edlaine Faria de Moura Villela, professora da Universidade Federal de Jataí/Goiás. Os pesquisadores realizam conjuntamente projeto de pesquisa sobre oncocercose (doença parasitária causada por infestação de vermes nematódeos) fomentado pelo Governo de Goiás, por meio da Fundação de Amparo à esquisa do Estado de Goiás (Fapeg). O projeto foi interrompido por conta da pandemia do novo coronavírus, que criou oportunidade para esse novo estudo.

A primeira etapa da pesquisa aconteceu de 3 a 9 de abril e obteve mais de 20 mil questionários respondidos online. “O trabalho trouxe uma perspectiva bastante interessante sobre o impacto do distanciamento social na vida dos brasileiros”, comenta a professora Edlaine Villela.

O estudo tem mostrado que o isolamento tem sido respeitado pela maioria, pois mais de 60% passaram a trabalhar em casa diante da pandemia, o que pode ter contribuído para atrasar o pico do número de casos no Brasil. No entanto, 42% ainda tiveram contato físico com pessoas fora da sua casa há mais de uma semana.

Em relação às medidas preventivas individuais, a professora mencionou a maioria dos participantes demonstraram aderir tais medidas de forma satisfatória. 92,6% mantêm a regra social de ficar distante das outras pessoas. A maioria das pessoas cobre a boca e o nariz quando espirra e lava as mãos depois (69,5%). As medidas que chamaram atenção por terem pouca adesão foi o uso da máscara facial para sair de casa (45%) e a mensuração da temperatura corporal toda semana (11%).

As pessoas passaram a consumir alimentos mais saudáveis neste período (77,5%) e mais vitaminas e sais minerais (57,1%). Mesmo diante de maiores cuidados, 18% delas tiveram sintomas gripais entre fim de março e início de abril. 17,3% apontaram que alguém que mora com ele/ela teve sintomas gripais nos últimos 7 dias.

Perfil dos entrevistados
“Tivemos a participação de pessoas de todos os estados brasileiros, sendo que os quatro estados com maior participação foram São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. 54% dos participantes moram em área central da cidade, mas contamos com a participação de moradores de área rural também”, afirma a professora Edlaine.

Do total de entrevistados, a idade média dos participantes foi de 47 anos, sendo a maioria, mulheres (72%). Quanto ao nível educacional, 88% possuem graduação. Com relação à atividade profissional, 70% dos participantes trabalham. Destes, 30% atuam no setor da saúde.

“Um resultado que chamou nossa atenção é que a maioria das pessoas não estão preocupadas com a sua própria saúde, mas demonstram grande preocupação com a saúde de seus familiares e amigos”, destacou a coordenadora da pesquisa. Outro resultado que merece um olhar especial são os casos de violência dentro e fora de casa apontados no estudo.

As informações estão sendo coletadas em intervalos regulares para monitorar possíveis mudanças de comportamento, e os indicadores de baixa adesão geral ou em grupos populacionais específicos. Os resultados poderão dar suporte às autoridades sanitárias para que sejam desenvolvidas ou implementadas intervenções estratégicas. O protocolo e o questionário desta pesquisa baseiam-se em um inquérito populacional sobre o novo coronavírus realizado na Bélgica, explica a professora.

Próxima etapa

A segunda fase da pesquisa que está sendo executada por um consórcio internacional de cientistas de 20 países, incluindo o Brasil, com o objetivo de estudar o comportamento e as condições de vida da população durante os períodos de distanciamento social para conter a rápida disseminação do novo coronavírus terá início nesta quinta-feira, 23, e terá duração de apenas três dias.

A participação na pesquisa é voluntária e nenhum nome ou informações pessoais são solicitadas. Os dados obtidos serão armazenados anonimamente e serão utilizados para entender a viabilidade e a efetividade da implementação de medidas preventivas para o coronavírus nos níveis individual e nacional.
Um questionário será disponibilizado. Qualquer pessoa pode participar, independente de já ter participado ou não da primeira etapa. Para preencher o questionário, bem como ter acesso ao protocolo de pesquisa, basta acessar o link: www.icpcovid.com/pt-br/country/brasil .

 

Assessoria de Comunicação Social da Fapeg

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