Artigo publicado na Revista Nature conta com apoio da Fapeg
O estudo mostra como o tamanho e o isolamento de condições climáticas se relacionam com a variedade de vida existentes
A revista Nature traz na sua edição lançada nesta semana, o artigo “A geografia do clima e os padrões globais de diversidade de espécies”, cujas descobertas vão contribuir e direcionar para ações futuras sobre como cuidar de um planeta em um clima em mudança. Leia o artigo e a chamada para o artigo.
O artigo tem participação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade (INCT EECBio), da Universidade Federal de Goiás (UFG), que recebe apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). A publicação faz citação da Fapeg em agradecimento pelo financiamento e tem como autor principal Marco Túlio Pacheco Coelho, egresso do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da UFG. Uma das coautoras do estudo, Elisa Barreto, também é egressa do Programa, e os dois realizam, atualmente pós-doutorado na Suíça (Instituto Federal Suíço de Pesquisa Florestal, Neve e Paisagem, Birmensdorf, Suíça).
Diversidade
O estudo buscou entender o porquê da explosão de vida (animais, plantas etc) ao redor do equador (trópicos) e menos variedades conforme se move em direção aos polos. Marco Túlio explica que, ao contrário do que as pessoas costumavam pensar, que tudo se devia ao clima, a grande descoberta do seu grupo de pesquisa para explicar sobre a rica variedade de vida nos trópicos não se deve apenas ao clima, mas também à geografia do clima. “Nosso estudo descobriu algo novo. Observamos o quão grandes são essas áreas ‘quentes e úmidas’, e o quão “isoladas” elas são entre si. Pense em regiões montanhosas onde as pessoas vivem em vales separados umas das outras e falam diferentes línguas. O mesmo acontece com plantas e animais. Se estiverem em um lugar isolado, eles crescem e mudam de uma forma única”.
“E aqui está nossa grande descoberta: cerca de um terço da razão de haver tanta vida nos trópicos não é apenas porque é uma região quente e úmida. É, também, porque esses tipos de clima cobrem uma vasta área e são realmente isolados. Isso significa que plantas e animais nessas áreas têm muito espaço isolado para crescer, mudar e se tornar únicos”, explica o pesquisador.
Marco Túlio acrescenta que, embora o estudo não tenha sido projetado para colaborar, diretamente, na proteção de espécies ameaçadas, as descobertas poderão ser muito úteis para o futuro. “Muitas vezes pensamos em quão mais quente nosso planeta pode ficar, e isso nos preocupa sobre as consequências para a biodiversidade. Mas, há outro lado da história que às vezes perdemos. Como o tamanho e a configuração de diferentes climas mudarão? Algumas zonas climáticas ficarão maiores? Outras desaparecerão? Ou ainda, se o clima do planeta fosse um quebra-cabeça, repetições de cores em múltiplas peças, algumas peças da mesma cor se dispersaram mais e outras se aproximariam?
Conhecer as respostas para essas perguntas é crucial, argumenta o pesquisador, lembrando que o estudo mostrou como o tamanho e o isolamento de condições climáticas se relacionam com a variedade de vida nelas. “Portanto, se soubermos como essas ‘peças do quebra-cabeça’ podem se deslocar devido às mudanças climáticas, podemos nos preparar melhor para proteger a incrível vida do nosso planeta”.
Autores e afiliações
Marco Túlio Coelho, Elisa Barreto e Rafael Wüest, Instituto Federal Suíço de Pesquisa Florestal, Neve e Paisagem, Birmensdorf, Suíça; Thiago Rangel e José Alexandre Diniz Filho, Universidade Federal de Goiás; Wilhelmine Bach, Loïc Pellissier e Alexander Skeels, ETH Zurique; Ian McFadden, Universidade de Amsterdã; David Roberts, Universidade Estadual de Montana; Niklaus Zimmermann, Instituto Federal Suíço de Pesquisa WSL; e Catherine Graham: Instituto Federal Suíço de Florestas, Neve e Paisagem.
Órgãos financiadores
Schweizerischer Nationalfonds zur Förderung der Wissenschaftlichen Forschung (Fundação Nacional Suíça para a Ciência); Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg).