Área experimental em Ecologia Aquática da UEG colhe primeiros frutos

Construída em 2019, com recursos do CNPq e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), no Câmpus Central da Universidade Estadual de Goiás, em Anápolis, a área experimental em Ecologia Aquática do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade (INCT – EECBio) desenvolveu projetos que começaram a render os seus primeiros frutos. A área conta com 80 tanques de 500 litros cada, que vêm sendo utilizados para desenvolver pesquisas associadas à ecologia aquática e qualidade da água. Segundo o coordenador da área experimental, professor João Nabout, a UEG é parceira do INCT EECBio e, além da área experimental, o INCT ofertou bolsas para mestrandos e pós-doutorandos, deu suporte com equipamentos e custeio. “Só com a área experimental – instalação, equipamentos etc. – o INCT já investiu aproximadamente R$ 250 mil”, revela.

O coordenador explica que a área experimental conta com uma equipe de pesquisadores de diferentes instituições brasileiras e ainda com pesquisadores de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado, financiados com bolsas da Fapeg e CNPq. Em 2022 foram publicados os três primeiros artigos provenientes dos projetos desenvolvidos entre 2019 e 2021.

Resultados

No primeiro trabalho, publicado no periódico Acta Limnologica Brasiliensia, os pesquisadores utilizaram um experimento de campo para avaliar a percepção visual do público quanto à perda de qualidade da água associada à eutrofização e floração de cianobactérias. João Nabout diz que um total de 100 pessoas visitaram a área experimental. Destas, 83 visualizaram imagens dos tanques através de fotografias. “Os resultados indicaram que as pessoas foram capazes de detectar a perda da qualidade da água associada ao aumento das concentrações de nutrientes e clorofila-a. Além disso, reconheceram que esses ambientes eram menos adequados para o consumo e atividades recreativas. Esse trabalho destacou o potencial da percepção visual do público como um alerta simples, rápido e precoce em programas de monitoramento da qualidade da água e também como uma abordagem que fortalece o vínculo entre a ciência e a sociedade”, destaca.

No segundo artigo, publicado no periódico International Journal of Environmental Science and Technology, os pesquisadores investigaram a eficiência de técnicas de sensoriamento remoto para o monitoramento da clorofila-a presente na água. “Neste experimento, os tanques foram utilizados para simular pequenos lagos rasos e as concentrações de nutrientes manipuladas para variar a qualidade da água, simulando ambientes com diferentes concentrações de clorofila-a. Em seguida, as concentrações de clorofila-a foram estimadas por meio de diferentes índices multiespectrais obtidos a partir de imagens geradas por veículos aéreos não tripulados”, explica o coordenador. Segundo ele, os resultados demonstraram que todos os índices foram capazes de detectar o gradiente na concentração de clorofila-a. “Dessa forma, o uso de imagens obtidas por aeronaves pilotadas remotamente e de baixo custo pode ser uma opção de protocolo mais simples, rápido e de menor custo para avaliação da qualidade de ecossistemas aquáticos”, diz.

O terceiro estudo foi publicado no periódico Hydrobiologia. O trabalho envolveu 18 pesquisadores de 12 instituições. De acordo com João Nabout, isso reforça o compromisso do INCT EECBIO em integrar pesquisadores e jovens doutores de diversas instituições do Brasil e do exterior. A líder do artigo, professora dra. Karine Machado (pós-doutoranda do PPG Renac|UEG) explica que nesse estudo investigou-se como os parâmetros físico-químicos da água e as comunidades de microalgas respondem a diferentes qualidades da água. Além disso, avaliaram qual destas variáveis sofre alterações mais precocemente durante o processo de perda da qualidade da água. Para isto, os tanques foram utilizados para simular ambientes aquáticos com diferentes concentrações de nutrientes. Os resultados indicaram que a perda da qualidade da água levou ao desaparecimento de espécies raras ao longo do tempo. Além disso, os índices de diversidade baseados na composição de espécies respondem mais precocemente a perda da qualidade da água quando comparados aos parâmetros abióticos da água (elementos não vivos do ambiente, porém que afetam os organismos vivos). “Alterações nestes índices podem ser consideradas como alertas precoces de mudança no estado trófico dos ecossistemas aquáticos”, ressalta a pesquisadora.

João Nabout diz que novos projetos já estão em andamento na área experimental e a previsão é de que os primeiros resultados já comecem a ser divulgados a partir de 2023. “De modo geral, os resultados obtidos até o momento contribuem para um melhor entendimento dos processos que podem levar a alterações na qualidade da água e ameaças a segurança hídrica, além de buscar estratégias para realizar o monitoramento de modo rápido, eficaz e com menor custo. Esses trabalhos também têm contribuído para a formação de recursos humanos e fortalecimento de parcerias entre pesquisadores de diferentes instituições do país e do exterior”, revela.

INCTs

O Programa Institutos Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação – INCTs, se caracteriza por grandes projetos de pesquisa de longo prazo em redes nacionais e ou internacionais de cooperação científica envolvendo pesquisadores e bolsistas das mais diversas áreas, para o desenvolvimento de projetos de alto impacto científico e de formação de recursos humanos. Cada um dos INCTs atualmente em execução atuam em um tema de diferentes áreas do conhecimento, seja de Ciências Humanas, Biológicas, Exatas e Agrárias, envolvendo cerca de milhares de pesquisadores e bolsistas em temáticas complexas, estruturados em subprojetos, muitos dos quais descentralizados nos diferentes laboratórios e centros que integram a rede de pesquisa.

Cada INCT possui como coordenação, uma instituição sede com excelência em produção científica e/ou tecnológica, alta qualificação na formação de recursos humanos e com capacidade de alavancar recursos de outras fontes, e por um conjunto de laboratórios ou grupos associados de outras instituições, articulados na forma de redes científico-tecnológicas, com uma área ou tema de atuação bem definidos, que estejam na fronteira da ciência e/ou da tecnologia ou em áreas estratégicas do Plano de Ação em Ciência, Tecnologia & Informação – CT&I.

Fonte: Dirceu Pinheiro|Comunicação Setorial|UEG

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