Acordo Fapeg/Capes apoia fortalecimento do setor agrícola goiano com bolsas de pós-graduação

Câmara de explantes

Câmara de crescimento de explantes do Laboratório de Biotecnologia do IF Goiano

Bolsistas realizarão pesquisas para o desenvolvimento agronômico e sustentável do Cerrado. A ação tem como objetivo fortalecer Programas de Pós-Graduação

Helenice Ferreira, da Assessoria de Comunicação da Fapeg

Até a década de 1960, pensar em produção agrícola em larga escala no Cerrado era um cenário totalmente utópico. A baixa fertilidade natural dos solos desse bioma, devido à sua acidez, ao alto teor de alumínio e baixas concentrações de cálcio e magnésio; e solos em sua maioria pobres em fósforo assimilável eram considerados obstáculos para o manejo produtivo na região central do Brasil. O que se via era o sistema de produção tradicional para subsistência: a roça de toco e o arado manual.

O acordar para o Cerrado aconteceu a partir dos anos 1970 em decorrência de uma série de fatores: o preço da terra, o empreendedorismo dos produtores, as políticas públicas, entre outros. O reconhecimento dos governantes da importância da ciência e tecnologia para dar impulso ao desenvolvimento agrícola no Cerrado foi fundamental. Em 1973 foi criada a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em 1975 veio a Embrapa Cerrados com o desafio de valorizar e incrementar a produção agrícola no Cerrado brasileiro. As instituições de ensino superior deram reforço nas pesquisas científicas, e hoje os números mostram que a expansão da agricultura no Cerrado colocou o agronegócio em destaque nacional e internacional e se tornou a base do desenvolvimento econômico do Brasil.

Três municípios goianos estão entre os dez de maior valor de produção agrícola do País. Rio Verde, Cristalina e Jataí conseguiram alcançar a 5ª, 6ª e 7ª posições no ranking nacional, respectivamente. Rio Verde se confirmou como o segundo maior produtor de milho do País e Jataí é o quarto. Localizados no Sudoeste goiano, os dois municípios também estão entre os maiores produtores de soja do Brasil. Rio Verde na 10ª posição e Jataí na 11ª. Esses dados foram destacados no boletim informativo Agro em Dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e compõem a pesquisa Produção Agrícola Municipal (PAM) referente a 2019, divulgada em outubro de 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em Goiás, o protagonismo do Cerrado no agronegócio deve continuar, e instituições e universidades, com o apoio do Governo, têm investido em pesquisas e inovações dos sistemas de produção agrícola mais sustentáveis para serem disponibilizadas aos produtores, empresas e para a elaboração de políticas públicas. As potencialidades para a expansão e diversificação da agricultura no Cerrado são grandes.

O desafio atual é atender à crescente demanda por alimentos da população mundial de forma ambientalmente sustentável. Para isso, é necessário o investimento em novas pesquisas, métodos e inovações para conquistar ganhos de produtividade e novas tecnologias que permitam aumentar a produção sem aumento de área plantada, aumentar a produtividade para produzir mais com menos recursos, ganhando em eficiência técnica, preservando a qualidade de vida dos trabalhadores, assegurando o suprimento das necessidades de alimento da população de forma sustentável econômica, ambiental e social.

Apoio Capes/Fapeg

Neste contexto, uma ação foi proposta pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para atuação em parceria com Fundações de Amparo à Pesquisa. A ideia é fortalecer Programas de Pós-Graduação stricto sensu Emergentes e em Consolidação* visando a formação qualificada de recursos humanos que permeiem o desenvolvimento da vocação natural de cada Estado, no caso de Goiás: o agronegócio moderno, numa interação entre Governo, universidade, a iniciativa privada ou o terceiro setor propiciando o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação. *Programas de Pós-graduação Emergentes são aqueles que estão em funcionamento a partir de 2013 e passaram por apenas um ciclo avaliativo realizado pela Capes; e os que estão em processo de Consolidação são os programas considerados estratégicos nos estados, mas que tenham recebido nota igual ou inferior a 4, consecutivamente, nos últimos ciclos de avaliação.

O Plano da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) submetido ao Edital 18/2020 – Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) – Parcerias Estratégicas nos Estados da Capes apresentou quatro propostas (limite máximo) e contemplou programas pós-Graduação do Instituto Federal Goiano (IF Goiano), da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) e da Universidade Federal de Goiás (UFG).

IF Goiano

Setor grandes culturas do IF Goiano
Setor de Grandes Culturas na Fazenda Escola do IF Goiano. São alguns hectares para realização de atividades de ensino, pesquisa e extensão envolvendo culturas de arroz, soja, feijão, milho, sorgo.

Três Programas de Pós-Graduação (PPGs) emergentes do IF Goiano, Campus Rio Verde, no Sudoeste Goiano foram contemplados e vão receber 10 bolsas de mestrado, 10 de doutorado e três de pós-doutorado que começam a ser implementadas em abril, além de recursos financeiros de aproximadamente R$ 400 mil. Serão fortalecidas as linhas de pesquisas do Programa de Pós-Graduação em Agroquímica (PPGAq), do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Conservação (PPGBio), e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias – Agronomia (PPGCA – Agro).

Os beneficiários vão desenvolver suas pesquisas e teses de forma multi e interdisciplinar. Serão trabalhos com áreas temáticas das ciências agronômicas, biológicas e ambientais voltadas para o solo, plantas e água e incorporação de novas tecnologias, biotecnologia, nanotecnologia (desenvolvimento de materiais avançados como nanocompósitos a partir de fontes renováveis); nanoencapsulamento de compostos bioativos de plantas do cerrado com propriedades antifúngicas; monitoramento ambiental – com avaliação de impactos ambientais de insumos agrícolas oferecidos comercialmente em ambientes aquáticos e no solo (estudos de ecotoxicologia) e proposta de remoção por meio de tratamentos de oxidação avançada ou fitorremediação; manejo de resíduos da produção e inovações na conservação de alimentos, contribuindo para um sistema produtivo mais rentável, eficiente e sustentável, com ganhos econômicos, sociais e ambientais.

Bolsistas dos três programas vão atuar, também, em temas como produção e beneficiamento de sementes, pós-colheita, química aplicada a produtos naturais, síntese de materiais avançados, tecnologia de alimentos, química ambiental, farmacologia, ecologia, etologia e conservação da natureza, todos eles ligados de forma direta às áreas prioritárias de tecnologias habilitadoras e de produção e desenvolvimento sustentável visando disponibilizar novos materiais, aumentar a produtividade agrícola e a qualidade dos produtos agroindustriais do Centro-Oeste, sem degradar o meio ambiente.

Com essas áreas temáticas espera-se obter novos resultados sobre a relação entre fertilidade de solo, adubação e qualidade de sementes; técnicas de conservação do solo; biotecnologia e produtividade nas culturas de soja e milho; automação em processos pós-colheita de grãos e sementes; análise de imagens digitais na qualidade de sementes e classificação de grãos; técnicas de conservação da qualidade de grãos e sementes; uso da agricultura de precisão nos processos produtivos agrícolas; relação entre a fisiologia vegetal e a produção de grãos; irrigação e gestão dos recursos hídricos na agricultura.

Interiorização da Pós-Graduação

Alan Costa
PDPG vai fortalecer a interiorização da pós-graduação, diz pró-reitor

“O Edital PDPG renovou as esperanças e as expectativas na retomada e consolidação de linhas de pesquisas dos Programas do IF Goiano. Os benefícios aportados permitirão a dedicação exclusiva dos pós-graduandos, melhoria da produção científica e tecnológica dos programas, maiores entregas dos resultados das pesquisas para a sociedade e sobretudo, profissionais melhor qualificados para atuação no desenvolvimento regional”, comentou o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Alan Carlos da Costa.

Alan Costa ressalta que a forma como foi construído o edital “é o melhor desenho de gestão e incentivo da pós-graduação brasileira e, consequentemente, da pesquisa e do desenvolvimento regional, pois integra a Instituição de Ensino e Pesquisa, sede dos Programas de Pós-Graduação, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado e a Entidade Federal que gerencia a Pós-Graduação brasileira”. Segundo o pró-reitor, a maioria dos cursos da pós-graduação do IF Goiano são da área de Ciências Agrárias, “o que tem uma relação direta com a vocação das regiões onde os programas estão instalados, que são municípios cuja atividade econômica está baseada na agricultura e pecuária. E isso também explica a importância destes programas de pós-graduação para estas regiões.”

“Esta interiorização da pós-graduação, a elevada qualidade dos cursos, a aderência das linhas de pesquisa dos programas com as necessidades locais, o forte embasamento científico e as conexões com as demandas do desenvolvimento econômico e social, oportuniza a aquisição de uma formação extraordinariamente rica, atualizada e aplicada às necessidades regionais,” destacou o pró-reitor.

“O apoio das agências de fomento é fundamental para a consolidação dos programas de pós-graduação e essencial para que os cursos consigam cumprir a sua missão. A interiorização da pós-graduação é extremamente estratégica para o aumento do acesso à capacitação de elevada qualidade, aumento da pesquisa científica na localidade, geração de novos conhecimentos e tecnologias que contribuem para o desenvolvimento econômico e social da região”, explicou Alan Costa. Para ele, o investimento em ciência e formação de recursos humanos requer visão e compromisso de Estado, pois “os resultados sempre vêm e o custo-benefício é muito grande. O desenvolvimento de uma região está diretamente associado à elevação do nível intelectual daquela população, ao conhecimento científico e à capacidade de geração de novas tecnologias, dentre outros fatores”.

O pró-reitor comentou sobre a atuação do IF Goiano no interior do Estado. “Formamos recursos humanos em diferentes níveis, de forma integrada com a pós-graduação, numa estrutura organizacional verticalizada. Estudantes de cursos técnicos, graduação, mestrado e doutorado, por vezes compartilham ambientes de pesquisa, interagem na solução de problemas e proposição de ideias. Os desafios são gigantescos, e as parcerias com os órgãos públicos de fomento, como a Fapeg e Capes, e com a iniciativa privada são estratégicas para o sucesso do processo. Ao final, a instituição alcança excelentes resultados, que vão além do produto da pesquisa ou do desenvolvimento tecnológico, que são profissionais cientificamente embasados e mais autônomos para contribuir com o desenvolvimento regional. Enfim, o IF Goiano é extremamente grato à Fapeg, que de forma estratégica, apoia e amplia a captação de recursos em outras fontes e assim contribui para que a Instituição cumpra a sua missão”, destacou o pró-reitor.

O Sudoeste Goiano é responsável por mais de 20% do PIB nacional, gerando milhares de empregos e contribuindo para alavancar o desenvolvimento do país. Na região, grande produtora de grãos, concentra um grande polo agroindustrial nos setores de suínos e aves, além de várias usinas do setor sucroenergético. No final de 2020, a Fapeg, a Secretaria-Geral da Governadoria (SGG), a  Secretaria de Desenvolvimento e Inovação (Sedi), o Centro de Excelência em Inteligência Artificial da Universidade Federal de Goiás (Ceia/UFG),  o Instituto Federal Goiano (IF Goiano), a Prefeitura de Rio Verde, inauguraram o Centro de Excelência em Agricultura Exponencial (Ceagre) nas instalações do IF Goiano quando também foi feito o lançamento da primeira rede móvel da tecnologia 5G aplicada ao agronegócio numa parceria com a Claro e a empresa chinesa Huawei. Os empreendimentos serão grandes pilares para a transformação digital no agronegócio goiano.

Governo na palma da mão

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