Com a participação do Brasil, projeto da Unesco vai “reconstruir” escala de tempo da Era Paleozoica

 

Cientistas de todo o mundo vão se debruçar sobre a escala de tempo geológica da Era Paleozoica
Segundo pesquisador do Observatório Nacional, a ideia do projeto é o refinamento na datação de rochas sedimentares da Era Paleozoica. Foto: Reprodução da internet.

Cientistas de todo o mundo vão se debruçar sobre a escala de tempo geológica da Era Paleozoica, entre 540 e 250 milhões de anos atrás. É neste período, que marcou importantes mudanças climáticas, geológicas e de evolução, em que falta precisão temporal. O projeto Reading geologic time in Paleozoic sedimentary rocks, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), tem o objetivo de preencher essa lacuna. Com a participação do Brasil, se propõe a “ler” o tempo geológico das rochas sedimentares do Paleozoico.

“A ideia é possibilitar um maior refinamento na datação relativa de rochas sedimentares da Era Paleozoica, que marcou mudanças extremamente importantes e podem ser encontradas em diversos lugares do mundo. Esse tipo de estudo possibilita a construção de uma escala temporal, que é considerada uma das mais recentes inovações na geocronologia moderna, sendo aplicada como um eficiente ‘relógio geológico’ para os últimos milhões de anos”, explica o pesquisador Daniel Franco, do Observatório Nacional (ON), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

Colíder do projeto da Unesco, Daniel ressalta que, pela primeira vez, registros geológicos do Brasil serão alvo de esforços para estabelecer a estala temporal astronômica (ATS, na sigla em inglês), envolvendo, de maneira integrada, cientistas de diferentes partes do país.

De acordo com o pesquisador, foi durante a Era Paleozoica, que durou cerca de 300 milhões de anos, que eventos fundamentais para o desenvolvimento da vida aconteceram, como, no início, com a enorme diversificação de espécies animais denominada “Explosão Cambriana”, e no final, com a maior extinção em massa. “Neste evento, bem anterior à extinção dos dinossauros, chamado período Permotriássico, cerca de 90% de todas as espécies marinhas pereceram”, diz.

Ele acrescenta que, de maneira geral, as rochas sedimentares se formam sob forte influência do ambiente e do clima, podendo, então, revelar importantes transformações. “Entretanto, por uma série de razões, é bastante comum para o Paleozoico que não se possa inferir, de maneira precisa, em que momento tais rochas se formaram. Em outras palavras, isso gera grandes dificuldades em se compreender a sucessão de eventos que implicaram em modificações paleoambientais durante esta era geológica”, afirma o pesquisador.

Daniel Franco destaca ainda que os ciclos orbitais da Terra afetam a insolação sobre o planeta e, consequentemente, podem influenciar os processos de sedimentação “cíclicos”, que acabam preservando estas oscilações orbitais.

Fonte: Assessoria de Comunicação do MCTIC

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