Pesquisadora goiana é reconhecida como uma das cientistas mais importantes do mundo em 2016
Renan Rigo, da Assessoria de Comunicação Social da Fapeg (com informações da revista Nature e da Ascom UFG)
A pesquisadora goiana, Celina Turchi, entrou para a lista dos dez cientistas mais influentes do mundo em 2016, de acordo com a revista Nature. A publicação, que é considerada um dos mais importantes periódicos de divulgação científica, divulgou a relação na segunda-feira, dia 19, e selecionou a brasileira por seu trabalho à frente de uma rede de pesquisadores que se debruçaram sobre a epidemia do vírus Zika e sua associação à microcefalia.
Perfil
A voz é pausada, em tom bem baixo. Os gestos, também, contidos. Mas a expressão serena, à primeira vista, dá lugar à precisão e o olhar sábio de quem acumulou anos de experiência à frente de uma das mais importantes redes de pesquisa da atualidade. Tanto é que uma das mais prestigiadas publicações científicas do mundo, a revista Nature, elegeu a pesquisadora Celina Turchi como uma das 10 principais cientistas no ano de 2016. Goiana, radicada em Recife, onde atua no Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco, Celina esteve na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) em março deste ano, em visita à irmã, Zaira Turchi, que preside a entidade.
Na ocasião, o surto do Zika vírus estava no seu auge de sua repercussão na mídia e os pesquisadores buscavam caminhos para encontrar soluções para a doença que se espalhava. Nesse ponto, Celina, em entrevista à equipe de Comunicação da Fapeg, elencava dúvidas. Não havia estudos consistentes, ainda, sobre a infecção. E o papel do cientista, neste ponto, é perguntar. A ciência é feita de questões, as quais, neste caso, foram cruciais para não só desenvolver pesquisa, mas para salvar vidas. “Tendo em vista da decretação do estado de emergência em saúde pública, que é um ato raro de governo, todos nós pesquisadores nos mobilizamos para pensar quais perguntas devem ser feitas e construir projetos para se responder essas questões”, enfatizou à época, durante a entrevista.
Cuidadosa no repasse de informações, ela pontuava o passo a passo da pesquisa, que tem seu rigor científico, mesmo em casos de extrema emergência, a fim de esclarecer, até mesmo uma temática ainda tão obscura. Por isso, foi citada diversas vezes por veículos nacionais e internacionais, pequenos e grandes, sem esquecer nem por um segundo de seus parceiros, tanto que estendeu o reconhecimento dado pela Nature à equipe, composta por redes de pesquisa de todo o Brasil, incluindo de Goiás.
Homenagens
Não foi por menos que a indicação e o reconhecimento foram aplaudidos. O governador Marconi Perillo, em suas contas nas redes sociais, parabenizou a pesquisadora. “Formada em Medicina pela UFG, a goiana Celina Turchi é a única brasileira na lista dos 10 cientistas mais influentes do mundo em 2016, segundo a revista Nature. Celina é irmã de Maria Zaira Turchi, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). Parabéns a mais uma goiana que brilha em todo o mundo!”, publicou.
O reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Orlando Amaral, também resumiu o orgulho da Universidade que já teve a pesquisadora como aluna e como professora. “A professora Celina Turchi teve em nossa Universidade as condições para se qualificar no Brasil e no exterior, constituir o seu grupo de pesquisas e se dedicar aos estudos sobre o diagnóstico, epidemiologia e vigilância de doenças infecciosas”. Também destacou, no portal da UFG, a importância dos estudos que levaram ao reconhecimento da publicação britânica. “Esta conclusão é um importante passo para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de casos de microcefalia associados a infecções pela Zika vírus”, considerou.
A presidente da Fapeg, Zaira Turchi, comemorou o reconhecimento à pesquisadora e à sua equipe que participa dos estudos relacionados ao Zika vírus. “O trabalho desenvolvido em Pernambuco, por Celina e sua equipe, é de extrema relevância para a saúde pública. Coroa uma carreira dedicada à pesquisa científica e esse destaque internacional da ciência brasileira representa um grande orgulho para nós, em Goiás”, enfatizou.
Cientistas citados
A médica goiana Celina Turchi é a única brasileira que aparece na lista em 2016. Também constam na lista Gabriela Gonzalez, pela descoberta das ondas gravitacionais; o astrônomo Guillem Anglada-Escudé por descobrir um planeta com tamanho semelhante à Terra na órbita de Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol; Demis Hassabis, cofundador da empresa de inteligência artificial DeepMind; o especialista em fertilidade John Zhang, que anunciou uma técnica de substituição mitocondrial que mistura o DNA de três pessoas para produzir um bebê saudável; Kevin Esvelt, que alertou para os perigos de uma técnica que permite forçar um gene a espalhar-se mais depressa do que o normal por uma população; bem como Terry Hughes, que alertou para a descoloração da Grande Barreira de Coral, na Austrália.
Também aparecem na lista o químico atmosférico Guus Velders e seu trabalho em prol das mudanças climáticas; a física Elena Long, com seu trabalho sobre a discriminação e os obstáculos enfrentados por cientistas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros; e Alexandra Elbakyan pelo seu site Sci-Hub, que desafiou as publicações científicas convencionais ao disponibilizar ilegalmente na internet 60 milhões de artigos científicos.
A lista com os 10 cientistas mais influentes do mundo pode ser acessada no site da revista Nature.