Fapeg apoia, por meio do Programa Centelha 2, projeto de criação de software para educação parental

O aplicativo com chatbot inteligente baseado em processamento de linguagem natural tem como objetivo orientar pais sobre o desenvolvimento cognitivo, emocional e comportamental de seus filhos de 0 a 5 anos de idade. A ferramenta propõe o fornecimento de resposta rápida, personalizada, precisa e com mais qualidade, pois contará com uma base de dados elaborada por pesquisadores especialistas e continuamente revisada, proporcionando informações relevantes e confiáveis para ajudar os pais na tomada de decisões.

 

Helenice Ferreira, da Assessoria de Comunicação da Fapeg

 

Com tantas informações e desinformações disponíveis em plataformas de buscas, nas redes sociais ou até mesmo opiniões de pessoas próximas, muitos pais, mães e cuidadores dos cerca de 20 milhões de brasileiros na primeira infância, ou seja, menores de seis anos de idade, ficam confusos e inseguros sobre suas atitudes nos cuidados de questões e conflitos para a criação das crianças. Enquanto a assistência médica e produtos educativos têm foco no crescimento biológico e desenvolvimento motor dos pequenos, as questões relacionadas ao desenvolvimento integral (cognitivo, emocional e comportamental) normalmente ficam descobertas.

Para ajudar este público, nestas áreas, um projeto de empreendedorismo inovador está sendo desenvolvido, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), por meio do Programa Centelha 2. Os pesquisadores vão produzir um software mediado por inteligência artificial para viabilizar interações entre usuários, a ciência e a experiência de especialistas e assim orientar os pais, de modo personalizado, a promoverem o desenvolvimento integral de seus filhos. O aplicativo vai oferecer recomendações científicas sobre atitudes de mães e pais frente aos desafios comportamentais dos filhos, favorecendo a autonomia no cuidado e o desenvolvimento infantil. A solução, um chatbot inteligente, combina processamento de linguagem natural com chatbot e reconhecimento de voz, a partir de base de conhecimento inédita.

“Queremos ajudar mães, pais e outros cuidadores a se sentirem confiantes e apoiados para cuidarem de seus filhos, fornecendo informações científicas específicas para suas dúvidas, a qualquer momento e lugar”, explica a pesquisadora Luciane Ribeiro de Rezende Sucasas da Costa, coordenadora do projeto. “Muitos pais ficam confusos com tanto conteúdo, frequentemente contraditório, e ‘perdem’ muito tempo tentando achar respostas que atendam às suas necessidades do momento. “Meu filho acordou de madrugada, está muito irritado, eu estou exausta, o que eu faço?” é um exemplo”, comenta Luciane. A inovação, segundo a pesquisadora, é trazer, na hora da necessidade, respostas confiáveis e rápidas que beneficiem o emocional dos pais e o desenvolvimento da criança.

Parte da equipe. Foto: arquivo da pesquisadora

A parentech Mamãe Pingo se propõe a ajudar os pais com orientações sobre desenvolvimento infantil on demand. “No aplicativo, os usuários contarão, ainda, com ferramentas que permitirão o monitoramento do desenvolvimento da criança e poderão conhecer atividades para estimulá-la, entenderem seu estilo parental e lerem textos orientadores. Tudo baseado na ciência, para que eles possam usar sua própria arte de ser mãe, pai ou cuidador e ficarem satisfeitos”, explica Luciane. A equipe que está desenvolvendo o projeto é composta por quatro professores com formações originais em pediatria, psicologia, odontologia e ciências da computação; além de um engenheiro aeronáutico e um estudante de engenharia da computação.

Centelha 2

O projeto “Mamãe Pingo Educação Parental: Pais esclarecidos, filhos desenvolvidos” foi selecionado na Chamada Pública nº 05/2021, do Programa Nacional de Apoio à Geração de Empreendimentos Inovadores – o Centelha 2, que em Goiás é executado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). Luciane Sucasas da Costa, a coordenadora da equipe, é professora e pesquisadora aposentada da Universidade Federal de Goiás (UFG) e atua há 30 anos em temas relacionados ao desenvolvimento e comportamento de crianças e integridade acadêmica.

O Centelha é promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), operado pela Fundação Certi. O objetivo do programa é estimular a criação de empreendimentos inovadores a partir da geração de novas ideias, e disseminar o empreendedorismo inovador por meio de capacitações para o desenvolvimento de produtos (bens e/ou serviços) ou de processos inovadores e apoiar, por meio da concessão de recursos de subvenção econômica (recursos não reembolsáveis) e Bolsas de Fomento Tecnológico Extensão Inovadora, a geração de empresas de base tecnológicas a partir da transformação de ideias inovadoras em empreendimentos que incorporem novas tecnologias aos setores econômicos estratégicos do estado de Goiás.

Faixa etária

Luciane explica que os avanços nas neurociências comprovam que o maior crescimento cerebral do ser humano ocorre nesta faixa etária (0 a 5 anos), e consequentemente acontece o desenvolvimento das habilidades cognitivas, sociais, emocionais e motoras. Estímulos inadequados nesta fase prejudicam o aprendizado e as habilidades socioemocionais até a vida adulta. “Essa é uma fase de muitas novidades para toda a família, seja o primeiro filho ou os filhos seguintes. Cada criança é de um jeito, cada família tem seus valores de cuidado. Com o aplicativo, o conhecimento científico e a experiência de especialistas podem ajudar nessas interações”, destaca a pesquisadora.

A pesquisadora destaca que a startup “Mamãe Pingo” é um projeto de impacto social, alinhada com a meta 4.2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A empresa atende, ainda, à necessidade da lei nº federal n° 14.617 criada neste mês de julho e que institui agosto como o Mês da Primeira Infância. Em seu inciso II, a nova lei prevê ações integradas com o objetivo de promover o respeito à especificidade do período da primeira infância, considerada a diversidade das infâncias brasileiras.

Como surgiu a ideia

Luciane Sucasas conta que a ideia surgiu a partir das experiências dos integrantes da equipe com crianças e famílias, em suas atividades profissionais dentro da Universidade Federal de Goiás. “A equipe sentiu necessidade de fazer algo mais para apoiar as mães, além das atividades de ensino, pesquisa e extensão nas áreas de medicina, psicologia e odontologia. Então, encontramos o caminho do empreendedorismo inovador para além dos muros da universidade”.

A partir de uma experiência específica da coordenadora da equipe, na UFG, com um projeto de pesquisa dentro Programa Pesquisa para o SUS: Gestão compartilhada (PPSUS), que também conta com apoio da Fapeg, intitulado “Avaliação do desenvolvimento da primeira infância junto à Estratégia Saúde da Família em Goiânia-GO”, que segue a mesma temática de atuação da startup Mamãe Pingo, surgiu a ideia deste novo projeto. “O projeto foi um dos nossos motivadores para que buscássemos soluções inovadoras para apoiar as famílias. Naquela pesquisa acadêmica, assim como em outras que executamos na universidade, obtivemos dados que alertam a necessidade de adultos serem melhor orientados para promoverem o desenvolvimento de suas crianças”.

A subvenção concedida pelo Centelha 2 é de R$ 59.750,00, acompanhada de bolsas no valor total de R$ 26.000,00. “Esse valor é essencial para o início da decolagem da Mamãe Pingo. A startup atualmente está incubada no Centro de Empreendedorismo e Incubação da UFG, “onde recebemos apoio para nossa qualificação e desenvolvimento do negócio”, ressalta Luciane Sucasas.

Governo na palma da mão

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