Em busca da equidade de gênero, elas lutam por mais espaço na ciência e na inovação

Diante da injustiça histórica entre os gêneros, meninas e mulheres se destacam e lutam por mais igualdade entre homens e mulheres. Na ciência, na pesquisa, na inteligência artificial, no empreendedorismo … apesar de ter muita luta pela frente, elas se destacam e mostram a força feminina

Foto: Arquivo Meninas Cientistas

Letícia Santana, da Assessoria de Comunicação da Fapeg
Arte: Ana Luiza Mendes


“Nunca lhe diga para fazer ou deixar de fazer alguma coisa porque você é menina”. Este é um trecho do livro “Para educar crianças feministas”, da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie. A autora completa: “Lembro que me diziam quando eu era criança para varrer direito como uma menina. O que significava que varrer tinha a ver com ser mulher. Eu preferiria que tivessem dito apenas para varrer direito, pois assim vai limpar melhor o chão. E preferiria que tivessem dito a mesma coisa para os meus irmãos”.

Nesta obra, após uma amiga gestante pedir dicas de como educar uma menina nos tempos atuais, a escritora trouxe reflexões, de forma breve, do que aquela criança encontraria em um mundo ainda com tanta desigualdade de gênero. Apesar de todas as conquistas dos últimos tempos, o caminho a ser percorrido pelas mulheres ainda é longo.

Em diversas partes do Brasil e do mundo, ações têm sido realizadas para a conquista da chamada equidade de gênero. Entre tantas áreas que se têm buscado não segregar o que é de “menino” ou de “menina”, a ciência e inovação são algumas dessas. Incentivar a participação de meninas e mulheres nos campos da ciência e da tecnologia tem sido um dos desafios destacados por quem busca promover a participação feminina nessas áreas.

Synthia em oficina do Programa Meninas Cientistas

Dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), apontam que mulheres e meninas continuam a serem excluídas da participação integral na ciência, e os números destacam que menos de 30% dos pesquisadores no mundo são mulheres.

Mesmo diante do baixo percentual, há realidades que têm sido transformadas e, como consequência, gerado mais otimismo para que meninas e mulheres ingressem no campo da ciência. Exemplo é o da Synthia Pattiely Silva Duarte, 24. Da comunidade quilombola remanescente de Cavalcante, cidade distante 500 quilômetros da capital Goiânia, Synthia teve a oportunidade de conhecer um novo cenário e novas possibilidades ao participar do Programa Meninas Cientistas, que iniciou como um projeto de ensino, pesquisa e extensão no Instituto Federal de Goiás (IFG).

Com o objetivo de promover a popularização da ciência por meio de ações de extensão que possibilitem o empoderamento em diferentes áreas do conhecimento por parte de meninas e mulheres, no ano de 2018, em Goiás, foi criado um projeto de ensino, pesquisa e extensão no IFG de Uruaçu, cidade distante 280 quilômetros de Goiânia. Recentemente o projeto tornou-se um programa de extensão conhecido como Meninas Cientistas, e já beneficiou 276 meninas (comunidade externa e estudantes de ensino técnico e superior do IFG).

Meninas com mais de 12 anos participam de oficinas de diferentes áreas. No início do programa, eram ministradas atividades de Química, Informática e Construção Civil. Com a maior adesão de interessadas, hoje as oficinas foram ampliadas e abordam Virologia, Raciocínio Lógico, Geoprocessamento, Robótica, Literatura, Empoderamento e Popularização da Ciência.

Professora Renatha explicando sobre o Meninas Cientistas para a TBC. Foto: Assessoria Fapeg

O público-alvo são meninas em vulnerabilidade social dos municípios de Uruaçu e Cavalcante. A coordenadora do Meninas Cientistas, Renatha Cândida da Cruz, ressalta que o programa fortalece essas meninas de forma individual e coletiva “e a partir dessa rede que se fortalece, a gente acredita que a ciência possibilita que elas se percebam no mundo. Começam a ter contato com realidades múltiplas”, diz.

A coordenadora explica que, atualmente, o Programa Meninas Cientistas possui várias ações como o Laboratório Maker, um Observatório para o Combate à Desinformação e um projeto em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), chamado Empodera, firmado no final de 2021.

O Projeto Empodera oferta bolsas para a equipe que ministra as oficinas e para a comunidade externa. Em 12 meses, serão 15 bolsas para as estudantes que vão ministrar as oficinas. Para a comunidade externa, em que as vagas são para alunas de escola pública com mais de 12 anos, em situação de vulnerabilidade social e que atendam aos critérios: residente de áreas rurais, quilombolas, ciganas, indígenas de Uruaçu e Cavalcante, são 213 vagas, e a bolsa no valor de R$100.

“Seria inviável a realização do projeto Empodera sem os recursos da Fapeg. Esses valores, que podem parecer mínimos para muita gente, possibilitam que essas estudantes tenham acesso, por exemplo, à internet para participar das atividades. Também servem como manutenção dessas meninas junto à equipe, porque nossa maior perda é pela necessidade que elas têm de entrar no mercado de trabalho de forma antecipada para contribuir com a renda das famílias. Vale ressaltar que o público que atendemos é o de meninas em vulnerabilidade social. Essa política pública fortaleceu ainda mais as ações da nossa equipe”, afirma Renatha.

O presidente da Fapeg, Robson Vieira, ressalta que conheceu o Programa Meninas Cientistas logo que foi nomeado titular da instituição em 2019 e ficou encantado pelas ações realizadas para estimular meninas e mulheres a ingressarem no campo da ciência. “Conseguimos firmar essa parceria e esperamos contribuir para que este programa avance e alcance cada vez mais meninas que não teriam esta oportunidade. É preciso voltar o olhar para as meninas e mulheres, pois não podemos mais perder grandes potenciais que podem brilhar nas áreas da ciência e inovação em nosso estado”, afirma Robson.

E se de um lado o programa oportuniza para essas meninas uma vivência mais próxima à ciência, como foi o caso da Synthia, que hoje é acadêmica do curso de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (UFG), e continua no programa devido à sua dedicação; por outro lado, meninas e mulheres que ministram as oficinas também aprendem, trocam experiências e veem, muitas vezes, uma realidade diferente da sua, já que as oficinas são realizadas por estudantes do ensino técnico ou superior do IFG, sempre com a supervisão de professores participantes do Meninas Cientistas.

Bárbara ensina sobre a composição do cimento. Foto: Arquivo Meninas Cientistas

É o caso da estudante de Engenharia Civil do IFG Uruaçu, Bárbara Carangi Fúrfuro. A acadêmica de 23 anos está participando do programa desde 2019, e auxiliava a professora responsável pela área de Engenharia, com monitoria e apoio para essas meninas na realização das atividades. Ela relata experimentos feitos durante as oficinas em que usavam palitos de picolé para fazer a base das pontes e macarrão com jujuba para criar estruturas e ver quais são mais resistentes. “Se divertiam muito”. Bárbara lembra que aquele momento de convivência também servia como um escape para uma realidade dura que enfrentavam no dia a dia.

“Muitas trabalhavam no lixão com os pais. Uma realidade muito dura, e aquele momento com a gente, aprendendo uma coisa que elas nunca imaginariam, era muito bom, e isso fazia a gente ver as coisas de uma forma muito diferente, ver que a gente é privilegiada. Ver a dificuldade do outro faz a gente se sentir tão pequena. Um pouquinho que a gente pode fazer para ajudar é tão bom e pode impactar tanto, e por isso o projeto cresceu. Vivemos na nossa bolha e quando vemos que a realidade do outro é tão difícil, meninas tão novas, com dificuldades grandes, a gente fica muito tocada”, declara Bárbara.

A coordenadora Renatha explica que a proposta do programa é dar autonomia para que essas estudantes dos câmpus do IFG se tornem protagonistas nas oficinas ministradas para a população externa. “O objetivo é que se construa esse conhecimento juntas. Todas as oficinas são supervisionadas por professoras, mas o objetivo é que as estudantes do IFG, seja dos cursos técnicos ou superiores, ofertem as atividades para a comunidade externa”.

Construindo pontes. Foto: Arquivo Meninas Cientistas

Tanto as meninas da comunidade externa como as que ministram as oficinas têm a oportunidade de conhecer novas realidades e um novo olhar para a questão feminina. Para a professora Renatha, o objetivo é fortalecer todas elas, de forma individual e coletiva. “Perdemos muito em criatividade e em inovação quando segregamos alguns grupos. Projetos como esses fortalecem a educação, a ciência e fazem uma transformação estrutural no país”, afirma.

 

 

Em 2020, o novo coronavírus ganhou os holofotes por todo mundo e, concomitantemente, teve início a corrida de cientistas da área em busca de novas descobertas. A ciência ganhou um papel de destaque e a população se aproximou mais dos pesquisadores e das pesquisadoras, principalmente, em relação à produção de vacinas e na tentativa de diminuir os casos de Covid-19 pelo mundo.

Historicamente, as mulheres já foram esquecidas ou não reconhecidas por suas descobertas científicas, mas na pandemia o cenário foi alterado e elas se destacaram. Basta lembrar das brasileiras que lideraram o sequenciamento do genoma do novo coronavírus em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso da doença no país.

Mariana com a filha Ana Clara (à direita, na ponta) em evento de premiação. Foto: Arquivo Pessoal

Em Goiás não foi diferente. Pesquisadoras também lideraram importantes pesquisas, como é o caso da pesquisadora Mariana Pires de Campos Telles, professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da Pontifícia Universidade Católica (PUC Goiás). Ela foi selecionada em uma convocação emergencial realizada pela Fapeg logo que a pandemia foi anunciada. Com recursos no valor de R$1,2 milhão, a Fundação fomentou pesquisas nas diferentes áreas para contribuir com os esforços para combater o avanço do novo coronavírus. Dos 13 projetos selecionados, oito foram coordenados por mulheres.

O projeto da professora Mariana Telles, chamado “Mapeamento das variações genéticas do coronavírus (SARS-COV-2) em Goiás”, sequenciou o genoma do vírus, e com isso foi possível conhecer a real diversidade genética do patógeno, o que permitiu estabelecer as rotas de transmissão. A detecção dessas variantes permitiu a tomada de decisões pelo poder público.

Apesar de Mariana ser bióloga, ela conta que se sentiu na obrigação de contribuir para o enfrentamento à pandemia e se dedicou, junto à equipe, por horas e horas em prol da ciência. Se hoje Mariana é uma profissional, mulher e mãe de sucesso, a trajetória não foi fácil. Ela comenta que durante toda sua carreira enfrentou situações de machismos, por exemplo, em que foi necessário um posicionamento mais incisivo para mostrar seu conhecimento. Hoje, ela busca incentivar meninas e mulheres, e garantir mais espaço para que elas mostrem seu potencial na área de pesquisa.

Mariana com a filha Anabela mostrando seu trabalho. Foto: Arquivo Pessoal

Outro desafio foi conciliar a vida profissional e pessoal. Se por um lado Mariana tinha a certeza de que queria ser pesquisadora e professora, a maternidade também estava entre os seus sonhos. Em meio a um doutorado, Mariana teve suas duas filhas (Anabela e Ana Clara), inclusive, levando a primogênita no dia da seleção da prova. “A gente mesmo se questiona se vale a pena todo esse sacrifício. Mas como sempre tive convicção de que queria ser professora e pesquisadora, esses desafios foram sendo superados com o apoio de muitas pessoas, como de homens também que acreditam nessa busca da igualdade e de oportunidades de homens e mulheres. No meu caso, meu marido sempre apoiou, conseguimos dividir bem as atividades domésticas e os cuidados parentais”. Mariana ainda foi a primeira a defender sua tese no programa de doutorado em Ciências Ambientais, que era recente à época, e estava em sua primeira turma de formação.

Para a pesquisadora fica mais fácil conciliar os papeis quando todos colaboram. Ela relembra quantas vezes se ausentou dos momentos em família para se dedicar à pesquisa. Inclusive, nesses dois anos de pandemia, enquanto as pessoas aproveitavam as festas de final de ano, ela e sua equipe trabalhavam com sequenciamento genético no laboratório para lidar com possíveis novas ondas de Covid-19. “São sacrifícios inerentes à nossa atividade profissional”. Apesar das dificuldades, não se arrepende e diz ter aprendido a ressignificar os momentos de felicidade, principalmente em meio à essa realidade modificada por conta da pandemia de Covid-19.

A professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Carolina Horta, trabalha com Inteligência Artificial (IA) e também foi umas das selecionadas na convocação emergencial realizada pela Fapeg em 2020. Seu projeto alia IA à Covid-19 e sua pesquisa é voltada ao reposicionamento e descoberta de fármacos, ou seja, na busca de moléculas úteis como medicamentos contra a doença.

Carolina Horta. Foto: Arquivo Pessoal

Carolina faz parte de um baixo percentual da participação feminina nas áreas denominadas STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics). Segundo um estudo de 2018, realizado pelo Fórum Econômico Mundial sobre a Diferença Global de Gênero, apenas 22% dos profissionais nas áreas consideradas de ponta, como profissionais que trabalham com Inteligência Artificial (IA), são mulheres.

Para ela são necessárias mudanças culturais para que mais mulheres se destaquem e tenham oportunidades nessas áreas. “Precisamos mudar a mentalidade da sociedade em que vivemos, precisamos incentivar as meninas desde cedo com brincadeiras que estimulem raciocínio lógico, matemática, que despertem a curiosidade, não somente brincar de boneca e casinha”.

Mas para quem imagina que o maior desafio de Carolina é trabalhar com toda essa tecnologia de ponta, se engana. Ela revela que sua maior dificuldade é conciliar a maternidade e a carreira. Mãe de uma menina de 3 anos e de um menino de 1 ano, ela diz que “vivo sempre dividida entre me dedicar à pesquisa, que demanda muito esforço, estudo e trabalho, e a vida de mãe, esposa e mulher. Amo os meus dois lados, cientista e mãe, e busco sempre um equilíbrio entre eles. Tenho muito apoio do meu esposo, um pai maravilhoso e dedicado, e uma boa rede de apoio, requisitos que julgo essenciais para conseguir conciliar a maternidade com a ciência”, afirma.

 

Uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), publicada em março de 2021, mostra que a pandemia de Covid-19 reduziu a proporção de mulheres no empreendedorismo. De acordo com o levantamento, no terceiro trimestre de 2020 havia cerca de 25,6 milhões de donos de negócio no Brasil. Desse universo, aproximadamente 8,6 milhões eram mulheres (33,6%) e 17 milhões, homens (66,4%).

Rizia e sua sócia Glaubia Andrade. Foto: Arquivo Pessoal

Em 2019, a presença feminina correspondia a 34,5% do total de empreendedores, o que representou perda de 1,3 milhão de mulheres à frente de um negócio entre um ano e outro. A principal explicação para esse resultado foi a necessidade de as mulheres se dedicarem mais às tarefas domésticas durante a pandemia. Na contramão desses números está a empreendedora, a engenheira-agrônoma Rízia da Silva Andrade. Sua empresa, a BioGyn, é composta por três sócias e uma advogada, todas mulheres.

Uniram a ciência a serviço da sustentabilidade. Na agricultura, o controle biológico de pragas nas lavouras desponta como alternativa ao uso de agrotóxicos e conquista um mercado cada vez mais exigente. E foi para o campo que Rízia e as sócias levaram o seu produto, cuja ideia nasceu durante suas pesquisas de mestrado na USP de Piracicaba, São Paulo. Hoje a pesquisadora faz doutorado na Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG) e o intuito é combater pragas agrícolas do tomate e do milho a partir de seus próprios inimigos naturais. A pesquisadora montou a sua biofábrica, transformando seu projeto de pesquisa em empresa.

O projeto foi um dos selecionados pelo programa Centelha Goiás em edital lançado pelo Governo de Goiás por meio da Fapeg, em parceria com o MCTI, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), e operado pela Fundação Certi. O Centelha tem como objetivo estimular a criação de negócios inovadores e fomentar a cultura empreendedora no Estado, além de oferecer bolsas, capacitação e suporte aos participantes. O fomento é realizado na modalidade de subvenção econômica, isto é, o recurso não precisa ser devolvido. Em 2021 foi lançada a segunda edição, com a seleção de 50 empresas para receberem fomento, e encontra-se na fase 2 do processo.

Rízia Andrade, da BioGyn, conta que já percebeu que, pelo fato de serem todas mulheres na empresa, elas foram subestimadas durante algumas reuniões, e aí foi necessário mostrar o quanto entendiam e dominavam o assunto tratado. “A Agronomia e o Agronegócio são campos tipicamente masculinos. Nas universidades, principalmente na Entomologia, que é minha área de pesquisa, observamos mais homens em cargos de chefia”. A Entomologia é a área de conhecimento da biologia que estuda os insetos e sua relação com o homem, às plantas e outros animais.

Segundo dados do artigo The Gender Gap in Brazilian Entomology: an Analysis of the Academic Scenario (A lacuna de gênero na entomologia brasileira: uma análise do cenário acadêmico), considerando exclusivamente os 12 cursos de pós-graduação em Entomologia brasileiros, foi identificada uma grande discrepância entre o número de docentes do sexo feminino e masculino. De 2004 a 2019, foram encontrados 86 professores do sexo feminino e 229 do sexo masculino. Entre essas, o tempo de instituição também diferiu, pois os professores ficavam por períodos mais longos nessas instituições do que professoras (63% de 1 a 5 anos, 84% de 6 a 10 anos e 75% de 11 a 16 anos, percentual de professores do sexo masculino). Proporções iguais entre homens e mulheres foram encontradas apenas em cargos temporários, como por exemplo, bolsas de pesquisa, diminuindo a proporção de sexo em cargos permanentes.

 

A Organização das Nações Unidas (ONU) criou um plano de ação global que reúne 17 objetivos de desenvolvimento sustentável chamado Agenda 2030 (2016-2030). Entre eles está o Objetivo 5, “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. Segundo o documento, mulheres e meninas devem gozar de igualdade de acesso à educação de qualidade, recursos econômicos e participação política, bem como a igualdade de oportunidades com os homens e meninos em termos de emprego, liderança e tomada de decisões em todos os níveis.

Em Goiás, por meio do governo estadual, em 2019 tornou-se lei o “Todos Por Elas – Pacto Goiano pelo Fim da Violência Contra a Mulher”, que tem como finalidade a articulação e integração de políticas públicas desenvolvidas por diversos órgãos e entidades governamentais, da sociedade civil e organizações religiosas, contemplando as mulheres em suas diversidades racial, étnica, classe social, orientação sexual, identidade de gênero, geracional ou deficiência. O Pacto é coordenado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDS).

Segundo a SEDS, o Governo de Goiás ainda promoveu ações como a criação de aplicativos para segurança feminina ou denúncias, investimentos em infraestrutura e capacitação de servidores e agentes da sociedade civil envolvidos em tudo que é relacionado à defesa e ao combate à violência contra a mulher. Também criou o Batalhão Maria da Penha, com atuação em todo o Estado, e abriu Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam). Ainda, instituiu o Protocolo Sinal Vermelho, uma medida em que a mulher agredida se aproximará de alguém, e mostrará, na palma de sua mão ou qualquer lugar, um “sinal vermelho” em forma de X demonstrando um pedido de socorro.

Seguindo essas diretrizes, a Fapeg também tem atuado por meio do Comitê da Mulher, instituído em 2019, com o objetivo de desenvolver e monitorar políticas sobre questões da mulher e da diversidade. Desde então são ministradas palestras sobre violência doméstica, valorização da mulher, protagonismo feminino, câncer de mama, entre outros assuntos, além de ações para arrecadar lenços para o Hospital do Câncer, roupas e diversos produtos para amparar mulheres que necessitam.

No mês de fevereiro foi alterada a composição do Comitê da Fundação, que agora está sob a coordenação da servidora, Josenary da Cunha Felix. Ela afirma que o “Comitê é fundamental para dar voz e ampliar o debate do multiverso feminino, onde cada ser reúne em si várias diferenças, sejam outras identidades, culturas, etnias, orientações sexuais, idades, credos, cores. Diferença não é desigualdade. Que cada passo dado por este Comitê seja um incentivo para ir além! Rumo a uma existência livre de estigmas, estruturada pelo respeito e amor ao outro ser”, afirma.

*Esta reportagem é uma homenagem pelo dia 8 de março a todas as meninas e mulheres que lutaram e lutarão por mais justiça e igualdade de gênero.

 

 

 

 

 

 

Governo na palma da mão

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