Com fomento da Fapeg, CORA (Centro Avançado de Diagnóstico da Mama) adquire equipamentos de última geração
Ainda neste ano, o CORA contará com o primeiro ultrassom automatizado para a rede pública do Centro-Oeste
Letícia Santana, da Assessoria de Comunicação da Fapeg
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 66.280 casos novos de câncer de mama para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama nas mulheres ocupa a primeira posição mais frequente em todas as regiões brasileiras.
Esta doença é causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama que formam o tumor. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido e há outros que crescem mais devagar. Independente da evolução, receber o diagnóstico de câncer de mama afeta a mulher e pessoas próximas a ela, e um dos primeiros passos é procurar por tratamento. O tratamento para o câncer de mama é oferecido pelo Ministério da Saúde por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Em Goiás, o CORA – Centro Avançado de Diagnóstico da Mama, unidade do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, oferece atendimento 100% pelo SUS.
Inaugurado em 2016, o Centro é o único local no Centro-Oeste a oferecer exame de biópsia da mama guiada a vácuo, por meio do aparelho de mamotomia a pacientes usuárias do SUS. O mamótomo é um equipamento de alta tecnologia utilizado para o diagnóstico precoce do câncer de mama, que permite obter grande quantidade de tecido tumoral, melhorando a precisão do diagnóstico. Hoje são realizadas cerca de 130 mamotomias por ano no CORA.
Equipamentos de ponta
A consolidação do Centro foi realizada numa parceria da UFG com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (FUNDAHC), Instituto Avon, Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Ministérios Públicos de Goiás e do Trabalho, Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e a Ong Companheiro das Américas. No total, foram investidos R$ 8 milhões, sendo R$2,4 milhões provenientes da Fapeg, para aquisição de equipamentos de alta tecnologia e bolsas para pesquisadores.
Segundo o coordenador do CORA, professor Dr. Ruffo de Freitas Júnior, desde a inauguração do Centro, além da mesa de mamotomia, foram adquiridos, com recursos da Fapeg, dois aparelhos de ultrassonografia, sendo um totalmente automatizado (3D). Este último deve ser instalado no próximo mês e será o único na rede pública no Centro Oeste. Dr. Ruffo explica que com este novo equipamento será possível desenvolver pesquisas relacionadas a essa nova modalidade de exame, ajudando a construir a aquisição de imagem e verificando qual será o impacto desse tipo de tecnologia no diagnóstico e, principalmente, no rastreamento do câncer de mama de forma geral.
Também foi adquirido com recursos da Fapeg, um mamógrafo 3D, com tomossíntese mamária e mamografia contrastada. “Com este equipamento será possível manter nossa linha de pesquisa em radiação mamária e controle de qualidade em mamografia e ainda, por outro lado, iniciar uma linha relacionada à mamografia com contraste iodado. Esse será um avanço que, eventualmente, poderá substituir de alguma forma a ressonância magnética das mamas, que acaba sendo hoje um dos exames de alto custo e grande dificuldade no SUS”.
Para Dr. Ruffo, essas parcerias e investimentos para infraestrutura e compra de equipamentos de ponta no CORA são fundamentais para a unidade oferecer serviço de alta qualidade e manter a pesquisa de ponta. “Foi por meio dessas parcerias que chegamos onde estamos. A sinergia gerada por tantos parceiros permite a continuidade e adequação do caminho, fazendo com que possamos nos manter na vanguarda em termos de aparelhos e de aquisição de novas tecnologias, ao mesmo tempo que nos permite realizar a manutenção do que foi adquirido até o momento. Em outras palavras, estas parcerias, principalmente com a Fapeg, têm sido fundamentais”.
Sala Sensorial
O exame de mamografia pode ser desconfortável e muitas vezes doloroso para algumas mulheres. Porém, aquelas acima de 40 anos devem realizar o exame anualmente. Para oferecer um ambiente com menor nível de ansiedade para a mulher, o CORA possui uma sala sensorial, a segunda do Brasil, e a primeira a oferecer o exame única e exclusivamente para usuárias do SUS. Trabalha com os sentidos: visão, audição e olfato, onde a paciente enquanto aguarda atendimento, ainda na sala de espera, pode escolher um cenário no qual gostaria de estar para realizar sua mamografia, como mar, jardim, floresta, entre outros. A sala sensorial tem como objetivo proporcionar um ambiente mais tranquilo e reduzir a dor e o desconforto no momento do exame.
“Sem dúvida a sala sensorial foi um dos grandes avanços que pudemos oferecer para a mulher goiana que procura o CORA. Através dela, os exames de mamografia são feitos com menor possibilidade de ansiedade, com a menor dose de radiação possível. Nesse momento, buscamos desenvolver um protótipo que possa, de forma muito mais econômica, ser disponibilizado para tantas outras clínicas que não têm esse tipo de dispositivo. Isso certamente trará grande benefício para a medicina e para a saúde no estado de Goiás”, afirma Dr. Ruffo.
São realizadas cerca de 2.000 mamografias por ano no CORA. É importante ressaltar que mulheres que tenham menos de 40 anos, mas que apresentam histórico familiar com risco elevado para o câncer de mama também devem ter atenção especial aos sintomas e se prevenirem. Segundo informações do INCA, cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis como a prática de exercícios físicos, alimentação saudável, manter o peso corporal adequado, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, amamentar e evitar o uso de hormônios sintéticos.
Segundo Dr. Ruffo, em pesquisa recente conduzida pela professora Rosemar Rahal, também do CORA, foi observada a redução de casos de câncer de mama entre 2004 e 2008, porém depois voltou a ter um aumento, assim como aconteceu em todo o Brasil. Ainda sobre outra pesquisa realizada em Goiás, “foi observado que o acidente do Césio 137, depois de todos esses anos, não trouxe repercussão significativa em relação ao câncer de mama para a população goianiense de uma forma geral. Assim, os fatores de risco que foram observados em outra pesquisa realizada por nós, mostrou que a mulher goiana que faz a ingestão de álcool, é obesa e sedentária, tem um risco maior de desenvolvimento de câncer de mama. No momento, estamos buscando parceiros para desenvolver pesquisas na área de Oncogenética e/ou na tentativa de termos um melhor quadro a respeito de quais genes estão sofrendo mutação e com que frequência na população goiana. Isso dará a possibilidade de evoluirmos em um rastreamento mais adequado no futuro próximo, bem como permitirá tratamento mais personalizado”, explica.
Outubro Rosa
O Outubro Rosa é um movimento que alerta a população sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. São realizadas diversas ações no Brasil e no mundo para que as mulheres observem suas mamas para perceber se há alguma alteração, fazendo o autoexame e a mamografia, quando necessária.
O câncer de mama pode ser percebido em fases iniciais, na maioria dos casos, por alguns sinais e sintomas como nódulo fixo e geralmente indolor; pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja; alterações no mamilo; pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço; e saída espontânea de líquido anormal pelos mamilos. Qualquer sintoma deve ser sempre investigado por um médico.
No CORA, a mulher conta com uma equipe multiprofissional, que associa a pesquisa à assistência, realizando desde a prevenção, a detecção precoce, o diagnóstico, o tratamento até a reabilitação. Segundo Dr. Ruffo, hoje, por meio do atendimento no CORA, praticamente zerou a fila de tratamento do câncer de mama em Goiânia. “Em relação ao diagnóstico, permitimos ampliar o número de biópsias por agulha guiadas por ultrassonografia e também por mamotomia, bem como a estereotaxia. Com esta última foi possível evitar um grande número de cirurgias, que por sua vez, abriu espaço nas unidades referenciadas pelo SUS, para que pudessem fazer cirurgias de fato mais importantes, para tratamento do câncer de mama e reconstrução mamária”.
O edifício, que funciona no complexo do Hospital das Clínicas, no Setor Leste Universitário, possui uma estrutura física de 1.709,11 m². É dividido em três andares, cujo projeto contemplou 15 consultórios, Setor de Diagnóstico, onde encontra-se instalado o parque tecnológico (salas para os exames de ultrassonografia, mamografia e mamotomia), além de salas para pesquisas clínicas e acadêmicas e auditório com capacidade para 70 pessoas. A unidade também oferece duas amplas recepções, duas sacadas e um espaço de convivência para as pacientes.