Projeto selecionado pelo Centelha Goiás utiliza IoT e Big Data para modernizar e aumentar eficiência das indústrias
Plataforma promove a digitalização e monitoramento online de máquinas e processos, ajudando em eficiência energética e apoiando tomadas de decisões ágeis, seguras e orientadas por dados
Helenice Ferreira, da Assessoria de Comunicação da Fapeg
“O que não é medido não é gerenciado.” A célebre frase que norteou a metodologia de Robert Kaplan e David Norton que revolucionou o modelo de gestão estratégica em meados de 1990 serve de esteio ao projeto da IndustryCare, selecionado pelo Programa Centelha, que em Goiás é executado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). A proposta da IndustryCare é aplicar dispositivos de internet das coisas para a geração, coleta e gestão de dados em diversas aplicações, possibilitando às indústrias um melhor entendimento da sua operação e negócio para tomada de decisões melhores e mais ágeis, orientadas por dados.
“Vimos a energia como chave para entrar nas indústrias, monitorar seus equipamentos e processos, criando um Big Data Industrial e modelos de Inteligência Artificial, que ajudam a detectar oportunidades de eficiência energética. Com o dinheiro da ineficiência devolvido para o caixa da indústria, viabilizamos novas ondas de digitalização, monitorando consumo de energia e outras utilidades (água, ar comprimido, vapor e gás), produção e processos”, explica Wagner de Barros Neto, coordenador do projeto.
A IndustryCare busca ajudar indústrias de médio e grande portes, que estão dando seus passos rumo à digitalização e que entendem a necessidade e os resultados operacionais e financeiros que são trazidos ao se monitorar em tempo real seu chão de fábrica.
A proposta da IndustryCare é desenvolver uma plataforma completa que ajude as indústrias no monitoramento do comportamento e desempenho de suas máquinas e processos, auxiliando a entender o que está acontecendo (visibilidade), o porquê está acontecendo (transparência), o que irá acontecer (preditividade) para, por fim, se alcançar resposta autônoma (adaptabilidade), que são os pilares da Indústria 4.0. “O produto da IndustryCare já conta com funcionalidades relacionadas à visibilidade, ajudando as indústrias a monitorarem em tempo real indicadores de consumo e produção”, destaca Wagner Neto.
Internet das Coisas
Wagner Neto explica que a IndustryCare assume o CAPEX (custos de aquisição) e instala sensores e medidores IoT na indústria, gerando e gerindo diversos parâmetros do chão-de-fábrica. “Com esses dados gerados e coletados, entregamos um painel analítico em que a indústria consegue monitorar online e em tempo real indicadores de produção e consumo de suas utilidades (água, ar comprimido, gás, energia e vapor), detectando ineficiências e acelerando suas tomadas de decisão”, esclarece.
Segundo ele, a empresa atua em um modelo de mensalidade, entregando uma plataforma como serviço, composta de hardware (IoTs), software (Big Data Analytics) e serviços (implantação dos IoTs, Ciência de Dados, Eficiência Energética).
Como surgiu a ideia
A indústria 4.0 é uma realidade no mercado e as empresas estão buscando implementar as tecnologias exigidas para fazer parte do processo competitivo. Wagner Neto ressalta que o parque industrial brasileiro é antigo e ineficiente energeticamente. Segundo a ABIMAQ (Associação Brasileira de Indústrias de Máquinas e Equipamentos), a idade média dos equipamentos no Brasil é de 17 anos. “Muito se fala sobre Indústria 4.0, mas são vários os desafios para se chegar lá: infraestrutura de comunicação complexa; equipamentos de diferentes fabricantes, que não conversam entre si; e dificuldade da indústria em levantar orçamento para projetos de digitalização. Por causa disso, a indústria não tem os dados para apoiar na detecção de suas ineficiências e tomar ações de maneira ágil. Foi na energia que vimos a chave para entrarmos nas indústrias”, revela o coordenador do projeto.
Bruno Sousa, Jaderson Gonçalves, Pedro Magalhães e Wagner Neto compõem a equipe, que conta com experiência na indústria e em desenvolvimento de software. Wagner Neto conta que, no passado, o time de empreendedores executou projetos de eficiência energética em grandes indústrias, “trazendo savings multimilionários para várias delas. Juntos, agora, estamos encapsulando todo esse conhecimento técnico em forma de tecnologia, para poderem escalar a solução e ajudar as indústrias a se tornarem mais eficientes, produtivas e competitivas”.
A equipe tem um ano para a execução do projeto e aplicação do recurso de R$60.000,00, concedido pelo Programa Centelha em forma de subvenção econômica, que é uma modalidade de apoio financeiro que consiste na aplicação de recursos públicos não reembolsáveis, e sem necessidade de devolução, como forma de compartilhar com as empresas os custos e riscos provenientes de atividades de inovação e assim fortalecer o ecossistema e o desenvolvimento econômico do Estado.
Programa Centelha
O Centelha é uma iniciativa que pretende estimular o empreendedorismo inovador e a geração de novos empreendimentos de base tecnológica alinhados com as vocações de desenvolvimento econômico, social, científico e tecnológico do Estado. Em Goiás é promovido pelo Governo do Estado por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), e operado pela Fundação CERTI.
As novas empresas selecionadas pelo Centelha Goiás vão receber suporte para que consigam, durante o período de utilização dos recursos, desenvolver seu produto, capacitar sua equipe e ter acesso a potenciais clientes e investidores. O coordenador técnico do projeto selecionado será responsável pela sua execução, pela utilização adequada dos recursos e pela elaboração de relatórios técnicos e financeiros descritivos das atividades e dos gastos realizados.