Encerrado Webinário Caminhos para Educação 4.0

foto último webinárioO Governo de Goiás, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), encerrou na última sexta-feira, 28, o ciclo do webinário Caminhos para Educação 4.0: Desafios e Oportunidades, com a mesa virtual Experiências no ensino superior. Os convidados para o painel foram o reitor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), professor Valter Campos, que falou sobre Formação docente para utilização das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) e para a educação híbrida, e a pró-reitora de Graduação da UEG, professora Suely Cavalcante, que fez palestra sobre O contexto e os desafios da incorporação das tecnologias digitais à educação superior: a experiência da UEG. O debate foi mediado pelo chefe de Gabinete da Fapeg e organizador do webinário, Diogo Mochcovitch, que é doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Foram seis dias de debates, a partir do dia 11 de agosto, todas as terças-feiras e sextas-feiras, pelo canal da Fapeg no Youtube. O webinário reuniu especialistas de Goiás e de outros Estados para uma troca de experiências com a finalidade de mapear ações estratégicas no âmbito da educação e tecnologia e apontar novas direções metodológicas tanto para a formação dos professores quanto para o ensino dos estudantes. Todos os vídeos do webinário podem ser acessados no Youtube.

“No decorrer desse ciclo de webinários tivemos um diálogo entre teorias, concepções de mundo e práticas pedagógicas para tentar pensar uma rede para a educação, por isso nossas mesas virtuais tiveram temas como vidas digitalizadas através do ensino remoto, educação e tecnologia na pandemia – assunto que perpassou os diálogos de todos esses encontros devido à urgência e necessidade de se conversar sobre esse tema”, comentou Diogo Mochcovitch.

Também foram temas das discussões, os desafios e oportunidades na educação, partindo então para as práticas autorais. “Dialogamos ainda sobre temas decoloniais para pensar a educação de uma forma mais integrada”, comentou o organizador do webinário.

O webinário faz parte das ações estratégicas dos novos caminhos que a Fapeg planeja fomentar em Goiás. “Como ação prevista, ainda em 2020, a partir dos diálogos desse webinário está a publicação de um dossiê especial sobre Educação 4.0 em parceria com a Revista Plurais, da UEG, vinculada ao Programa de Pós-Graduação interdisciplinar em Educação, Linguagens e Tecnologias (PPG-IELT). Nesse sentido, o objetivo da UEG é fazer uma materialização dessas discussões e apresentar os painelistas do webinário em forma de ensaio”, disse Mochcovitch. Segundo ele, em 2021, a Fapeg pretende fazer o lançamento de um edital voltado para a educação 4.0. “Um chamamento que vai ser fruto tanto do webinário quanto do dossiê que será apresentado na Revista Plurais”, afirmou Diogo Mochcovitch.

O reitor da UEG disse considerar “muito importante a iniciativa da Fapeg em promover e levantar a discussão, permitir e incentivar o debate para estimular ações concretas para que possamos melhorar a educação, a pesquisa e o ensino superior, e consequentemente contribuir para o desenvolvimento do nosso Estado”. Para o reitor, “foi um webinário de excelente qualidade, com painéis excelentes que escancararam as dificuldades da educação no contexto da pandemia, as distorções, mas que também apresentaram conceitos e proposições. Eu acredito que os resultados terão desdobramentos muito importantes para a comunidade educacional goiana. A gente tem muito a fazer a partir do que vem sendo discutido nesse webinário,” disse o professor Valter Campos, acrescentando que talvez o webinário deixe também como legado, a continuidade das discussões em um trabalho em rede.

Desafios
webinário educação 4.0A UEG é uma instituição multicampi. São 41 unidades distribuídas em várias regiões do Estado e “de repente a pandemia pegou a todos de surpresa e fomos forçados a um distanciamento social. Optamos por abraçar o desafio de tentar as aulas remotas mediadas por tecnologia. Uma universidade que já atuava com cursos na área de Educação a Distância (EaD), mas de repente todos tiveram que ir para o ensino remoto. Passado o primeiro impacto de negação inicial, os professores começaram a ser criativos e, à medida em que se habituavam com as novas ferramentas passaram a inovar”, descreveu a professora.

Para Suely Cavalcante, a pandemia acelerou o processo de pensar novos caminhos a seguir, “mas não podemos negar que essa migração coletiva e abrupta para o universo digital fez vir à tona outras dificuldades: a falta de smartphones, computadores e principalmente de internet de boa qualidade e muitas vezes falta de espaço físico adequado para participar das aulas remotas”. Outro grande desafio apontado pela professora está sendo atender as pessoas com deficiência. “Acompanhar as aulas remotas, desenvolver atividades propostas tornou-se mais difícil ainda para eles,” ressaltou.

“O que precisamos fazer é uma escuta sensível. É importante ver a tecnologia como uma ponte para contribuir com a aprendizagem e para mediar o conhecimento. Diante desse novo contexto, os professores têm que superar vários desafios, precisam entender as diferentes possibilidades metodológicas e pedagógicas que as tecnologias digitais proporcionam. Precisamos também compreender a importância do desenvolvimento das competências, habilidades e ações dos nossos discentes”, analisa a professora. Ainda entre as dificuldades nesse novo contexto, a pró-reitora aponta a estrutura e o currículo da grande maioria das universidades brasileiras que apresentam posições mais tradicionais “e que enrijecem o papel do professor como centro do processo e muitas vezes esquecem da importância dos alunos como agentes que também constroem conhecimento”.

Suely Cavalcante aponta ainda um outro cuidado a ser tomado com as tecnologias digitais: quando a informação vem disfarçada de conhecimento. “Muitas vezes os meninos pegam uma informação na internet e acham que é conhecimento e ficam no mundo da superficialidade”. Para ela, o que faz a diferença não são os aplicativos, “mas sim eles estarem nas mãos de professores e alunos com uma mente aberta e criativa, que possa encantar, fazer sonhar, inspirar. Eu acredito que professores interessantes conseguem propor atividades interessantes. Daí a importância do professor nessas aulas remotas mediadas por tecnologia”, pontua.

Segundo a pró-reitora, a UEG está se reinventando e organizando um conjunto de ações para planejar o uso das tecnologias digitais. “A qualidade das transformações que virão vai depender de nós, e nós professores, precisamos planejar e estar realmente abertos para essas transformações, porque o uso das tecnologias definitivamente fará parte desta mudança”, ressalta a professora.

Trabalho da UEG
encerramento webinário Educação 4.0O reitor da UEG defende a necessidade de definição e clareza de conceitos. “Educação a distância. O que é educação a distância? Não deve haver distância em educação. Educação on line seria o termo? Ensino remoto? Educação não presencial? Mas há um presencial virtual. Educação presencial mediada por tecnologia? Educação 4.0? Educação híbrida? São conceitos que precisam ser colocados e clarificados sobre o que significam e o que pode estar por trás desses conceitos que possa ser negativo para aquilo que a gente acredita que seja educação”, comenta. Ele ressalta a importância da Educação a Distância e das tecnologias aplicadas na educação, mas afirma que elas “não serão a panaceia para resolver os problemas da educação brasileira”.

Para o professor Valter, a educação deve ser pensada no conceito de educação integral, que tenha afeto, formação humana para a vida, educação que promove a inclusão, a educação que permite o acesso às culturas, que possibilita o raciocínio lógico e crítico. “Isso é educação e na educação está a essencialidade da mediação pedagógica, seja no presencial ou no remoto, ou na EaD, onde o professor deve conduzir o aluno ao aprendizado, a navegar pelo conhecimento, a ter protagonismo, autonomia do aluno como sujeito, lembrando que educação sempre será resultado de encontros e vivências”, afirma o professor.

Para o professor, antes da pandemia já havia uma crise de obsolescência na educação presencial. “Temos agora, que pensar em uma educação que se utiliza das tecnologias para alcançar os seus objetivos. A ideia é não ao modismo, não à panaceia, não à mera transposição do presencial para o on line. Temos que entender a importância em potencial das tecnologias digitais da informação e comunicação na educação para permitir comunidades virtuais de aprendizagem, para potencializar o trabalho colaborativo, para permitir itinerários formativos personalizados levando em conta o ritmo e o conhecimento do aluno. Em outras palavras, o uso responsável dessas tecnologias”.

Práticas na UEG
“Nós usamos tecnologia para formar professores, especialmente na Educação a Distância, e agora também no chamado ensino remoto, mas não ensinamos os professores a usar as tecnologias,” o professor aponta a situação como sendo um paradoxo. Temos um curso de Pedagogia de quatro anos em EaD, os alunos usam a plataforma, usam seus dispositivos, gravam vídeos, fazem downloads, uploads, arquivos, mas não compreendem e não aprendem a como utilizar isso na sua prática pedagógica nos vários níveis de ensino. Estamos vendo agora que é possível fazer formação desde a educação infantil usando dispositivos tecnológicos.

O professor Valter, que é especialista em EaD, ressaltou que a UEG, em parceria com o Cria Lab, Laboratório de Pesquisas Criativas e Inovação em Audiovisual, da UEG, está desenvolvendo em caráter interdisciplinar, oficinas para ensinar os professores a usarem as ferramentas tecnológicas pedagogicamente para potencializar as aulas, seja na produção de aulas, conteúdos e didáticas utilizando as tecnologias. “Essa sempre foi uma de nossas preocupações, de que todos os colegas começassem a entender a importância de utilizar as tecnologias para as práticas pedagógicas, e agora a pandemia acelerou o processo. Ao longo do tempo, a UEG vinha trabalhando a questão da EaD como uma coisa à parte do conjunto da universidade. O Moodle ou qualquer outra plataforma ou ferramenta tecnológica era coisa de quem trabalha com EaD”, destacou.

A Educação a Distância com tecnologias começou a ser implantada na UEG com a criação da UEG Virtual, em 1999, depois com a participação em consórcios em universidades, o que evolui e passa a ser um núcleo de educação a distância, depois uma unidade em educação a distância e depois o Centro de Ensino e Aprendizagem em Rede, com cursos de graduação, pós-graduação e extensão, explicou o professor Valter.

Outro trabalho que a UEG vem desenvolvendo, segundo o reitor, é a possibilidade de que os professores dos cursos de graduação ou pós-graduação possam utilizar da semipresencialidade, que se dá por meio da capacitação e possam utilizar na sua disciplina 50% ou 100% da disciplina em EaD com encontros presenciais, mas ele ressaltou que não se trata de hibridismo.

Para o professor Valter, “a educação híbrida já vinha sendo apresentada como uma das tendências para a educação superior, e agora com a pandemia eu tenho absoluta convicção de que esse processo se acelerou e nós teremos uma educação híbrida muito mais rapidamente do que imaginávamos. Mas é importante que trabalhemos no sentido de fazer que esse processo se dê uma forma adequada conceitualmente e na sua operacionalização. O professor ressalta ainda, a necessidade de se trabalhar na educação pela agenda da pesquisa e do ensino e aprendizagem em rede e colaborativamente, além dos grupos de pesquisas.

Assessoria de Comunicação da Fapeg

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