Webinário discute Educação e tecnologia na pandemia

Segundo dia do webinário educação 4.0Educação e tecnologia na pandemia foi o tema do segundo encontro do ciclo do webinário Caminhos para Educação 4.0: Desafios e Oportunidades promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), nesta sexta-feira, 14. As palestras acontecem todas as terças-feiras e sextas-feiras deste mês de agosto, das 16 às 18 horas, com transmissão pelo canal oficial da Fapeg no Youtube.

Em um bate-papo virtual, as professoras Daniela Lima, da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Katia Morosov Alonso, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), interagiram com o público, via chat, provocando reflexões sobre os novos rumos e desafios a serem enfrentados pela Educação durante e após a pandemia de Covid-19, que acentuou a necessidade do mundo virtual nas práticas educativas. O tema da mesa digital foi Tecendo vivências com a pandemia Covid-19: E agora Educação? As atividades foram mediadas pelo chefe de Gabinete da Fapeg e organizador do webinário, Diogo Mochcovitch, que é doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Desafios da educação formal
A professora Katia Alonso ressaltou que a pandemia pegou a todos de surpresa e uma das principais preocupações, de quase todos os países do mundo se voltou para o setor educacional. Como ministrar as aulas? Como voltar às aulas? Como apoiar estudantes e professores nesse momento de isolamento social que levou à suspensão temporária das aulas presenciais?

Daniela Lima pontuou que, além do desafio social de lidar com as dores da pandemia, a educação teve agravada uma crise estrutural, organizacional, de financiamento e de inovação que já vinha enfrentando e que se intensificou no momento de pandemia. “Associada a essa crise, temos a crise de lidar com as tecnologias e suas possibilidades para suprir as aulas presenciais”, explicou.

Daniela considerou que, nesse momento inicial de isolamento social, o ensino remoto foi uma solução rápida e emergencial encontrada pelas instituições de ensino para manter as atividades e disciplinas. As escolas recorreram a plataformas virtuais como solução temporária para acompanhar o currículo do ensino presencial que já vinha sendo aplicado. “O que fazemos no remoto é a educação mediada pelo uso das tecnologias de um currículo que foi pensado presencialmente”.

As nominações a esse tipo de ensino vieram: educação a distância, ensino híbrido, ensino remoto, mas a professora Daniela explica que o termo educação remota foi criado dentro do contexto emergencial da pandemia para resolver um problema emergencial. “Já a Educação a Distância (EaD) tem as suas especificidades, seus diferenciais, tem regulamentação por leis, decretos e portarias e tem obrigatoriedades regulamentadas,” explicou Daniela.

E agora?
“Agora fica o desafio: estamos aprendendo a lidar com essas tecnologias no setor educacional e principalmente nas nossas práticas didático-pedagógicas para que possa ocorrer uma nova construção do conhecimento. Precisamos aprender a integrar as tecnologias da informação e comunicação nos nossos cotidianos e isso vai exigir debate, formação e muito diálogo entre professores, instituições de ensino e alunos,” pontuou Daniela Lima.

Katia Alonso acredita que essa nova realidade vai mudar conceitos e exigir uma democratização do acesso às tecnologias da informação e da comunicação e uma nova postura por parte do professor e do aluno para um processo de ensino-aprendizagem mais autônomo. Para ela, a pandemia ensinou como a escola e o professor são importantes.

Nessa mesma linha de pensamento, a professora Daniela questionou: “A febre espanhola nos deu o SUS, e a covid vai nos dar o quê? Gostaria muito de apostar que nós ganhássemos a garantia de uma educação de qualidade para todos com a resolução desses problemas tão evidenciados agora, principalmente o da inclusão digital e da justiça social e digital dos nossos estudantes, com acesso gratuito à internet, com uma formação adequada para o uso dessa internet e de qualidade com democracia”.

A pandemia pelo menos tem permitido abrir essa discussão para todas as pessoas, essa possibilidade de discutir e pensar sobre a educação com inovação por meio da tecnologia, pois a tecnologia é um elemento motivador muito forte no processo educativo e esse elemento leva ao conhecimento e é hedônico, analisou a professora e pesquisadora Daniela Lima.

Reestruturação
Para a professora Katia Alonso, o grande desafio que os educadores têm nesse momento é pensar na reestruturação. “Mais do que nunca é o momento da gente pensar no diálogo com o uso das tecnologias no sentido de romper aquilo que é a pedagogia da transmissão, da transposição. É o momento de flexibilizar e romper com a ideia de controle sobre os alunos e pensar a cultura digital, as novas formas de se colocar no mundo e pensar em valores e éticas nessas relações, romper com o conteudismo”, disse. A professora fala em ressignificação da escola com o uso das tecnologias da informação e da comunicação discutindo valores humanos, em mudanças na função social da escola acreditando no poder que a educação tem da leitura do mundo.

A professora Daniela completou o raciocínio afirmando que para isso é preciso valorizar a educação, acabar com os cortes constantes de recursos financeiros. “Tem que se investir na educação. Sem financiamento e sem investimento público na educação nós não conseguiremos avançar”. Ela apontou ainda a necessidade de superação do “preconceito” existente com relação ao uso das tecnologias e com o uso da educação a distância associado a uma educação tecnicista, ou seja, uma educação que não vai se pautar na mediação para a construção do conhecimento. Para Daniela é preciso, também, repensar a formação do professor valorizando a docência e a inclusão do aprendizado sobre o uso das tecnologias nesse processo de formação.

Kátia Alonso falou sobre a necessidade da valorização da educação e das dificuldades que existem de acesso a tecnologias e internet. “O processo educativo é cumulativo, organizado, planejado, acompanhado e avaliado. Ou a gente pensa na educação mediada pelas tecnologias da informação e comunicação apoiada nesses cinco elementos ou não fazemos educação.” Para a pesquisadora, “mais do que nunca esse tipo de discussão é necessária para que a gente encontre alternativas conjuntamente para uma nova didática nos ambientes virtuais de aprendizagem. Precisamos ouvir os professores, estudantes e os pesquisadores para a construção de uma política pública séria do ponto de vista do sistema educacional”.

webinário educação 4.0
Programação do Webinário Desafios da Educação 4.0

Diogo Mochcovitch entende que os diversos atores têm que pensar e discutir uma proposta planejada de forma conjunta e precisa para definir quais são as demandas e particularidades desse novo desafio para a educação. Ele falou sobre o webinário, que tem como proposta uma troca de experiências com especialistas em educação de Goiás e de outros estados para mapear ações estratégicas, discutir as transformações no ensino-aprendizagem e as novas oportunidades de relacionamentos professor e aluno. “O webinário faz parte de uma das ações estratégicas da Fapeg em busca de novos caminhos para a educação. O resultado será o chamamento público sobre a temática educação 4.0”, revelou.

Assessoria de Comunicação da Fapeg

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