Aberto webinário Caminhos para Educação 4.0

webinário educação 4.0O Governo de Goiás, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), deu início na terça-feira, 11, ao webinário Caminhos para Educação 4.0: Desafios e Oportunidades. A mesa digital teve como tema Vida digitalizada e trabalho remoto e contou com a participação das professoras Joana Peixoto, do Instituto Federal de Goiás (IFG) e Adda Echalar, da Universidade Federal de Goiás (UFG), com mediação do chefe de gabinete da Fapeg e organizador do webinário, Diogo Mochcovitch, que é doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O webinário está disponível no link.

O webinário, composto por um ciclo de seis debates, será realizado sempre às terças-feiras e sextas-feiras deste mês de agosto, das 16 às 18 horas, no canal oficial da Fapeg no Youtube. A iniciativa se propõe a uma troca de experiências com especialistas em educação de Goiás e de outros estados para mapear ações estratégicas, discutir as transformações no ensino-aprendizagem e as novas oportunidades de relacionamentos professor e aluno. Ainda, apontar novas direções metodológicas para formação de professores desde a educação básica à superior para que se preparem e acompanhem as transformações tecnológicas que estão acontecendo no mundo.

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Programação do Webinário Desafios da Educação 4.0

A abertura do webinário foi feita pelo diretor Científico e de Inovação da Fapeg, Marcos Arriel, que apontou as estratégias de fomento à ciência, à pesquisa e inovação adotadas pela Fundação para a gestão 2019/2020, entre elas: a implementação dos Centros de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia) e de Agricultura Exponencial (Ceagre); a aproximação da academia e governo, com o lançamento do edital Governo com Ciência; o estímulo à pesquisa para o desenvolvimento regional; a subvenção para empresas com objetivo de promover a inovação de produtos e processos; a estratégia de fomento à difusão científica e a projetos emergenciais. Além destas estratégias, a Fapeg se prepara agora para o fomento à chamada Educação 4.0. Arriel acredita que o webinário contribuirá para a preparação de estratégias que vão fomentar a área e, constituir suporte para o lançamento de um edital específico.

Inclusão digital e direito social
A professora Adda Echalar abordou o tema Inclusão digital via ambiente escolar: um direito social na contemporaneidade esclarecendo sobre o que é inclusão digital e o direito social neste contexto de pandemia, mas sem esquecer que o trabalho com as tecnologias já era um processo anterior que foi intensificado pela grave crise sanitária e levou a comunidade a depender ainda mais do aparato tecnológico.

Echalar aponta para a necessidade de se colocar em questionamento a inclusão digital como parte do projeto que alinha a educação escolar às demandas do mercado liberal como forma de contribuir para a defesa de uma educação a serviço dos interesses da maioria da população. Para Adda Echalar, a exclusão digital não tem origem nas diferentes formas de acesso aos bens tecnológicos, mas sim nas condições sociais, de classe, que se explicam pelo modo de produção econômico.

Discutir inclusão digital enquanto direito é retomar a discussão dos direitos à saúde, à educação, à inclusão digital, à segurança, explica a professora. “Precisamos investir nesse avanço social e eu acredito muito no papel da educação, não na educação enquanto gasto, mas como investimento. Pensar em inclusão digital não é simplesmente dar o aparato, é pensar que esse sujeito tem o direito de aprender, e o direito de aprender é algo que está sendo dizimado pela lógica do aulismo por tecnologia, por conteudismo do neotecnicismo. Entender e pensar a inclusão digital é pensar em uma sociedade justa, que garante as condições de sobrevivência a todos os seus sujeitos”, considera.

A professora reforçou a ideia de que o acesso às tecnologias não é condição suficiente para se reduzir as desigualdades sociais. “O sujeito para aprender precisa ter condições sociais para isso. A gente precisa superar essa loucura que vivemos, negacionista, a pseudociência, protofascista e obscurantista. Se não superarmos isso, vamos ampliar o fosso digital que já existe no nosso país e vamos naturalizar o que não dá para ser naturalizado”, ressaltou.

“Essa divisão entre inforricos e infopobres, ou em incluídos e excluídos se dá porque é uma condição sine qua non de uma sociedade desigual onde poucos possuem condições de ter acesso a todo bem produzido pela humanidade e muitos estão à margem”.

Trabalho remoto
Tecnologias e trabalho remoto na educação básica foi o tema da palestra da professora Joana Peixoto. Suas considerações foram tecidas sobre o contexto da pandemia de Covid-19 e a suspensão do calendário escolar ressaltando que emergência sanitária é distinta da emergência educacional. “Enquanto a emergência sanitária visa salvar vidas, a emergência educacional visa preservar a integridade física, moral e intelectual dos sujeitos educacionais. A emergência educacional visa preservar o sistema público de educação e evitar a morte da escola pública,” pontua. Para a professora, o regime especial de aulas remotas, ou de aulas não presenciais “tem sido apresentado como uma vacina, mas como? Através de um trabalho pedagógico que vem sendo improvisado e isso certamente vai acentuar ainda mais as desigualdades que pretende atenuar,” esclarece.

Joana Peixoto levantou alguns aspectos que precisam ser levados em conta para a organização do ensino e da dinâmica da aprendizagem dos estudantes em processos de educação não presenciais, sabendo que a crise do coronavírus acirra problemas preexistentes. Ela citou pesquisas realizadas em que 83% dos professores se sentem pressionados no contexto de ensino remoto e se sentem nada, ou pouco preparados para ele. “Os professores têm passado horas na frente do computador transformando seus cursos para que sejam acessíveis remotamente, treinando no múltiplo uso de ferramentas digitais sob uma pressão contínua da instituição e do governo. Os professores estão assolados com o trabalho que a escola continua a impor e permanecem os problemas essenciais sobre a falta de políticas educacionais efetivas”. Ao final, a professora apresentou algumas ações propositivas para o momento emergencial.

Diogo Mochcovitch considerou que a primeira mesa digital abriu o webinário com chave de ouro. “Por conta dos objetivos propostos fizemos um convite a diversos professores de diferentes raízes teóricas que podem dialogar, e esse é um momento interessante para começarmos a pensar possibilidades. Terminar as falas com ações propositivas foi muito interessante, pois esse é um dos objetivos que a Fapeg está buscando com o webinário”, ressaltou.

Após as discussões, será publicado um artigo em um dossiê especial em parceria com a revista Plurais, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), vinculado à linha de pesquisa “Educação, Escola e Tecnologias”, do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Educação, Linguagem e Tecnologias (PPG-IELT).

Próxima mesa digital
A próxima apresentação do webinário acontecerá no dia 14, sexta-feira, das 16 às 18 horas, sobre o tema Educação e tecnologia na pandemia, com as professoras Daniela Lima (UFG) e Katia Morosov Alonso (UFMT).

Assessoria de Comunicação da Fapeg

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