Projeto selecionado pelo Centelha utiliza análise de imagens para identificar sementes de qualidade
Imagens permitem observar o preenchimento interno das sementes e relacionar com a germinação e emergências das plântulas.
Helenice Ferreira, da Assessoria de Comunicação da Fapeg
Investir na aquisição de sementes vigorosas é garantia de segurança fitossanitária, produtividade e retorno financeiro. Em Goiás, uma equipe de pesquisadores do Instituto Federal Goiano, Campus Rio Verde, observou uma lacuna no mercado que aponta a carência de pessoas e de ferramentas qualificadas para otimizar a avaliação da qualidade de sementes e auxiliar na tomada de decisão no campo. A ideia casou com o lançamento de um edital pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), o Centelha Goiás, que tem como objetivo estimular a criação de negócios inovadores e fomentar a cultura empreendedora no Estado.
Com o projeto Rays-X of Seeds, equipe formada por Arthur Rodrigues, Jacson Zuchi, Douglas Almeida Rodrigues e Cássia Lino Rodrigues foi selecionada no edital do Centelha. A proposta cria uma startup prestadora de serviço técnico/científico trazendo como diferencial a técnica de raios-X de sementes relacionada com os testes de germinação, emergência e tetrazólio para trabalhar de forma dinâmica com os setores público e privado como empresas de produção de sementes, produtores rurais, programas de melhoramento genético, laboratórios, universidades e instituições de pesquisa.
Arthur Rodrigues explica que a startup vai trabalhar por meio de técnicas de análise de imagem, complementada por testes de compressão e de qualidade fisiológica de sementes para avaliar a qualidade e a viabilidade dos grãos. “Estes indicadores serão mensurados com auxílio de um software para definição de parâmetros de seleção no melhoramento genético e tomada de decisão na produção de sementes. O que propomos é prestar serviço na identificação e avaliação prévia de danos estruturais internos e externos nas sementes através de análise de imagens com a principal finalidade de identificar linhagens com maior qualidade fisiológica”.
De acordo com Rodrigues, a modalidade de prestação de serviço técnico/científico através da execução da análise de imagens não é utilizada por laboratórios comerciais de sementes no Estado de Goiás e este serviço possibilitará uma rápida tomada de decisão por parte das empresas desenvolvedoras de cultivares, além de proporcionar imagens exatas da integridade interna das sementes. “A utilização da técnica de raios-X e análise de imagens de sementes e plântulas é o diferencial da nossa empresa, devido ser uma técnica que ainda é pouco utilizada na área. Através dela entregaremos resultados de alta qualidade e menor tempo de execução. Essa metodologia posteriormente poderá ser relacionada com os demais testes da qualidade fisiológica de sementes”, explica Arthur.
A criação da startup e todo o processo operacional de laboratório estão sendo realizados. Após a contratação do projeto junto à Fapeg, serão feitos treinamentos técnicos e científicos de todos os membros da equipe. “Estamos na etapa de criação da empresa e processo de incubação. A nossa equipe já foi procurada por profissionais de empresas privadas para iniciarmos a prestação de serviço. Além disso, vamos realizar uma comunicação direta com as empresas e produtores para apresentar os nossos serviços e os benefícios para o mercado de sementes. O maior desafio que estamos enfrentando e que até agora dificultou a criação da empresa foi o processo de incubação, no entanto já estamos alinhando isso com uma incubadora,” diz o coordenador do projeto.
Mercado
Arthur explica que, na agricultura brasileira, o setor sementeiro tem papel de destaque. Os campos de sementes das principais espécies plantadas no país (Soja, milho, algodão, feijão, girassol, sorgo), ocuparam aproximadamente de 58.965.800 de hectares com produção superior a 9.754.901 milhões de toneladas (Abrasem, 2018), “A qualidade das sementes é de fundamental importância para suprir a crescente demanda por alimentos. Assim, técnicas que permitem maximizar as avaliações de vigor de sementes antes do plantio se tornam ferramentas cruciais para o produtor, permitindo assim tomar decisões com maior precisão”.
Centelha
Para Arthur Rodrigues, a aprovação do projeto no Centelha Goiás vai auxiliar na alavancagem da startup. “Os recursos serão fundamentais para a estruturação da nossa proposta”, diz ele, acrescentando que o Centelha é de grande relevância “para o desenvolvimento, construção e execução de startups com propostas inovadoras que podem gerar resultados que beneficiem a sociedade e sejam promissores para o estado.
“Nosso projeto foi sendo construído com o avanço das etapas do programa Centelha. Estávamos sempre alinhados com as publicações recentes de artigos relacionados a nossa proposta e as demandas dos produtores e empresas sementeiras. Essa interação foi fundamental para criar um projeto sólido e aplicável.”, entende Arthur Rodrigues.
Em Goiás, o programa foi lançado no dia 5 de setembro de 2019 e teve suas inscrições encerradas no dia 21 de outubro. O programa foi executado em três etapas, com capacitações, oficinas, workshops com especialistas em várias áreas. Foram contabilizadas 917 ideias inscritas inicialmente e 2.185 empreendedores cadastrados, sendo 202 ideias aprovadas na primeira etapa, 102 na segunda e 28 nesta fase final. Outros 22 projetos foram aprovados como suplentes para serem contemplados em caso de desistência ou inabilitação entre os primeiros aprovados ou havendo disponibilidade de recurso.
Goiás contou com a mobilização de diversos parceiros na articulação institucional dos atores dos variados ecossistemas que contribuíram para a melhoria da qualidade das propostas de empreendimentos submetidos tais como incubadoras, aceleradoras de empresas, espaços de coworking, parques, laboratórios e polos tecnológicos.
O Centelha Goiás é promovido pelo Governo do Estado por meio da Fapeg, em parceria com o MCTI, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), e operado pela Fundação Certi.