Ciência e educação são temas de debates na Campus Party

Talk com participação do Marcos Arriel campus partyNo último dia da Campus Party Digital 2020, dia 11, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) apresentou, no Palco Goiás, dois painéis: Inovações no combate à Covid-19 e Adaptações da Educação Durante a Pandemia: o que vem depois?

Fazendo a moderação no primeiro painel, o diretor Científico e de Inovação da Fapeg, Marcos Arriel explicou sobre a mobilização realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Fapeg, no sentido contribuir na busca de soluções para o combate à pandemia, lançando a convocação emergencial a pesquisadores para que apresentassem projetos de pesquisa e inovação que pudessem auxiliar no enfrentamento da pandemia e reduzir os impactos da doença.

Participaram do painel, três dos 13 pesquisadores selecionados: a professora da Universidade Federal de Goiás, Carolina Horta Andrade, cujo estudo busca, por meio de inteligência artificial, reposicionar fármacos já aprovados para uso em humanos e identificar novos candidatos a fármacos para o tratamento da Covid-19 com potencial para rápido desenvolvimento clínico; também da UFG, a pesquisadora Gabriela Rodrigues Mendes Duarte, que desenvolve um projeto para diagnóstico molecular rápido, ágil, barato e seguro para Covid-19; e o professor e pesquisador da UFG, Nelson Roberto Antoniosi Filho, que trabalha com projeto que visa desenvolver formulações de álcool gel 70% com espessantes alternativos ao Carpobol.

Marcos Arriel explicou que foram recebidas 72 propostas, que passaram por um filtro realizado por um comitê técnico científico, quando foram selecionadas 13 propostas que vão desde a prevenção ao diagnóstico, à busca por fármacos e os impactos emocionais e reabilitação de pacientes. A Fapeg vai investir um total de R$ 1,2 milhão nessas pesquisas.

O professor Nelson Antoniosi destacou que a “pandemia do novo coronavírus escancarou a dependência do Brasil em respiradores, medicamentos, testes e até mesmo insumos básicos importados. Até mesmo para a produção de álcool gel, que é um antisséptico básico para o combate ao novo coronavírus e outras doenças de natureza microbiológica, o Brasil é dependente do mercado externo”.

Antoniosi explicou que, a motivação para a sua pesquisa é produzir um polímero alternativo ao carbopol, produzido basicamente pela China. Ele propõe a desenvolver formulações de álcool gel 70% com polímeros derivados do glicerol, o qual constitui uma matéria-prima de baixo custo e abundantemente produzida pelas usinas de biodiesel, constituindo assim uma alternativa econômica de coproduto para agregação de valor às usinas de biodiesel. Ele ressaltou que o poliglicerol vai oferecer eficácia, qualidade e segurança para o uso por parte dos profissionais da linha de frente das ações de combate à doença e da população em geral. A motivação maior foi no sentido de deixar Goiás e o Brasil mais independentes na produção de álcool gel investindo no espessante que é coproduto do biodiesel. Goiás é o terceiro maior produtor de biodiesel do Brasil e para cada litro de biodiesel produzido se produz 100 ml de glicerol ou glicerina e a ideia é produzir um polímero derivado do glicerol.

Diagnóstico
Já a professora e pesquisadora Gabriela Duarte falou sobre o seu projeto de um teste para diagnóstico molecular rápido, preciso, específico e barato capaz de detectar a presença do coronavírus no primeiro dia de sintoma, ou até mesmo em pacientes assintomáticos. O projeto propõe testes confiáveis, mas também rápidos com potencial para testagem em massa maior.

Duarte explicou que o teste é baseado no método molecular vai utilizar a técnica RT-LAMP para amplificação do RNA e fazer uma síntese enzimática em temperatura constante e em um microchip, o que traz vantagens porque não precisa de máquinas sofisticadas, trabalha com amostra de saliva bruta, o que economiza em reagentes que estão em falta, mão de obra especializada, reduz riscos de contaminação e por ser portátil permite análise no point of care. Segundo ela, a partir desta semana começa a etapa de validação em parceria com a UFG com uma testagem em grande número de pacientes. Segundo a pesquisadora, o tempo total para o diagnóstico final é de meia hora.

Fármacos
Buscar reposicionar fármacos já aprovados para uso em humanos e identificar novos candidatos a fármacos para o tratamento da Covid-19 utilizando a estratégia acelerada por inteligência artificial é a proposta do projeto de pesquisa da professora Carolina Horta Andrade. A pesquisadora explica que com a IA é possível reduzir o tempo e o número de compostos a serem testados. Ela acredita que dentro de no máximo seis meses já tenham sido alcançados resultados promissores de candidatos para seguirem para os estudos clínicos em humanos. A equipe da professor já possui experiência em desenvolvimento e aplicações de ferramentas computacionais para descoberta de novos candidatos a fármacos para outras doenças como malária, doença de Chagas, Zica, Ebola, tuberculose, entre outras e essa vivência foi útil para a nova pesquisa. Ela explicou o que é a IA e como ela pode auxiliar.

Educação
Também no dia 11, foi realizada a talk “Adaptações da Educação Durante a Pandemia: o que vem depois?”. A apresentação fez parte da programação do 3º Fórum Educação do Futuro: Educação Pós-Covid: Um Olhar sobre a Educação Superior, promovido pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento e Inovação (Sedi), onde educadores, reitores de universidades e pesquisadores debateram temas como educação empreendedora, professor do futuro e as adaptações feitas durante a pandemia. O painel teve como mediador o superintendente de Capacitação e Formação Tecnológica da Sedi, professor José Teodoro Coelho e contou com a participação da pró-reitora de Graduação da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Suely Miranda Cavalcante Bastos, e do chefe de Gabinete da Fapeg e doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Diogo Mochcovitch.

live campus party com participação do DiogoContextualizando o painel, José Teodoro falou das fragilidades que a pandemia da covid-19 expôs a educação no mundo todo, com alguns sistemas de educação se adaptando mais rapidamente e outros não. Em Goiás, foi adotado o regime especial de aulas não presenciais, chamado de Reanp. Diferente do EAD, deixou diferentes lacunas entre alunos de diferentes classes sociais e profissionais da educação em relação à disponibilidade e familiaridade no uso de ferramentas.

Diogo Mochcovitch comentou que as realidades são bem distintas do ponto de vista das ferramentas tecnológicas no espaço escolar. “São muitos desafios para se pensar sobre isso, inclusive nesse momento de pandemia. Já do ponto de vista do acesso à informação acredito que sim, que há algo de democrático e de equidade aí. Existe, sim, o desafio, mas também existe um acesso à informação muito surpreendente”, explicou.

O chefe de gabinete entende que é preciso avaliar como a informação será tratada na educação. “Muitas vezes pensamos em tratamento de fake news, mas não é só isso. É pensar o letramento digital, saber utilizar as ferramentas e usar essas informações que estão disponíveis de uma forma interessante para que, na verdade, consigamos progredir e não termos simplesmente um amontoado de informações. Não é porque essas informações existem que elas são de qualidade. É preciso fazer essa curadoria e é aí que a educação entra”, analisou .

A pró-reitora de Graduação da UEG, Suely Cavalcante, destacou que com a pandemia os professores foram pegos de surpresa, pois muitos profissionais são resistentes a mudanças e que sofreram um choque de tecnologia com a pandemia a maioria passou a utilizar as tecnologias ao mesmo tempo em que aprendia como utilizá-las. “Neste momento estamos todos testando novas ferramentas e isso vai transformar como encaramos a sala de aula. Analisando os comportamentos dos alunos e dos professores já é possível afirmar que nada vai ser como antes. Os alunos já estão sinalizando para isso. Os próprios alunos vão nos pressionar para mudança. Se eu vou ter um aluno diferente, eu também preciso ser uma professora alinhada com esse novo tempo”, afirmou a pró-reitora.

Assessoria de Comunicação da Fapeg

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