Seminário discute a saúde da população negra no Brasil
Evento organizado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério da Saúde reuniu pesquisas contempladas na Chamada CNPq/MS/SCTIE/DECIT/SGEP/DAGEP Nº 21/2014 de apoio a estudos sobre a saúde da população negra no Brasil. O Seminário contou com a presença de seis dos oito projetos aprovados e promoveu a discussão dos resultados já obtidos, além da apresentação dos panoramas da situação da população negra no Brasil. Foram mostrados dados relacionados à saúde, educação, violência, comunidades quilombolas, entre outros.
A coordenadora-geral do Programa de Pesquisa em Saúde do CNPq, Raquel Coelho, citou a importância do seminário para os pesquisadores apresentarem os resultados dos projetos diretamente aos gestores das áreas técnicas do Ministério da Saúde. “É uma tentativa de encurtar a distância entre a academia e aqueles que farão uso dos resultados produzidos. Estamos trazendo as evidências científicas para a melhoria da tomada de decisão pelos gestores”, pontuou.
Uma das pesquisas apresentadas foi da pesquisadora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Diana Anunciação que apresentou os resultados da pesquisa Juventude negra no nordeste do Brasil: violência, racismo institucional e proteção social. O projeto investigou a situação de jovens negros entre 13 e 26 anos, de algumas regiões do nordeste do Brasil. Foi constatado que os jovens negros sofrem ações truculentas, sobretudo, nas abordagens policiais. Ela destacou a deficiência de políticas públicas que acolham jovens que sofrem esses e outros tipos de violência.
“O jovem negro vive numa situação perversa de violência, de preconceito, ausência de um estado acolhedor. É importante trabalhar com a interdisciplinaridade com as secretárias de saúde, de segurança pública, de educação para que possam criar políticas para a juventude. Precisamos dar voz aos jovens para que eles se sintam inseridos na sociedade e tenha informação para se protegerem de possíveis situações que envolvam violência”, finalizou Diana.
Foram apresentados, ainda, estudos sobre hepatites virais na população negra; segurança e eficácia de anti-hipertensivos; a intersecção do racismo sobre as práticas de atenção à saúde em estados do Nordeste e Sudeste do país; avaliação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra e do Programa de Combate ao Racismo; e sobre a qualidade de vida de comunidades quilombolas.
O seminário foi uma iniciativa do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (Decit/SCTIE/MS), em parceria com o Departamento de Apoio a Gestão Participativa e ao Controle Social, da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (DAGEP/SGEP/MS) e o CNPq.
A Chamada
A Chamada selecionou oito projetos de pesquisa, em cinco linhas temáticas: 1) Avaliação da implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra; 2) Racismo Institucional: Avaliação de processos de trabalho e financiamento das ações em saúde da população negra e Avaliação da cobertura e qualidade do registro do quesito raça/cor nos sistemas de informação em saúde; 3) Situações de risco, agravos e incapacidades: doenças crônicas não transmissíveis; doenças transmissíveis; racismo e saúde mental; morbimortalidade por causas externas; morbimortalidade materna; morbimortalidade infantil e doenças negligenciadas relacionadas à saúde da população negra; 4) Identificação e avaliação de estratégias de promoção da saúde e qualidade de vida para a população negra e quilombola em espaços promotores de saúde, levando em consideração as práticas culturais, tradicionais e religiosas afro-brasileiras e 5) Racismo no Brasil: seus impactos nas relações sociais e implicações sobre condições de vida, processo de saúde-adoecimento, cuidado e morte da população negra e mortalidade da juventude negra.
Foram quatro projetos na Linha 3 e um projeto em cada uma das outras linhas. A Bahia foi o estado mais contemplado, com quatro projetos apoiados. Um é do estado de Alagoas, um de São Paulo, um do Rio de Janeiro e um do Rio Grande do Sul.