Situação da mulher negra e desigualdade inspiraram identidade visual da 15ª SNCT
Vencedora do concurso que escolheu a identidade visual da 15ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), a mato-grossense Helen de Souza Nunes, de 18 anos, conhece bem como a desigualdade pode impactar a vida de uma pessoa. Moradora da pequena cidade de Guiratinga, a 317 km da capital Cuiabá, ela enfrentou uma infância difícil e, hoje, tem um grande horizonte à frente, graças ao talento e ao trabalho da escola.
O desenho ganhador traz duas mulheres negras ao centro com uma série de referências à astronomia, matemática, química e física ao redor. Segundo a autora, a ideia foi trazer o foco para a mulher e a falta de oportunidades. O tema da SNCT em 2018 é “Ciência para a redução das desigualdades”.
“São duas mulheres negras, porque elas representam bem o que é o Brasil e a desigualdade. A mulher na sociedade não é tão valorizada e eu quis colocá-la no centro das atenções. O Brasil é feito de descendentes de negros que lutaram para chegar até onde estamos hoje”, detalhou.
O trabalho, desenhado à mão e colorido com lápis de cor, foi completado apenas um dia antes do fim do prazo de inscrições do concurso. A inspiração veio de outros desenhos que Helen gosta de criar e postar nas redes sociais. Depois de terminar o ensino médio neste ano, os planos da estudante são cursar arquitetura e, depois, design e urbanismo.
Helen se considera um pequeno exemplo para pessoas com uma vida parecida. A consciência de que a educação e o esforço são transformadores veio principalmente da mãe. “A dificuldade é que o te deixa mais forte para alcançar aquilo que você quer. Com esforço e dedicação, você chega onde quer, não importa se você é branco, negro ou pobre, mesmo que passe por dificuldades”, afirmou.
Escola
A Escola Estadual Dona Maria de Lourdes Ribeiro Fragelli, onde Helen estuda, já produziu outro vencedor de um concurso promovido pela SNCT. Em 2016, Guilherme Mateus do Nascimento criou a identidade visual do evento com o tema “Ciência alimentando o Brasil”. A instituição também tem premiações da Olimpíada de Língua Portuguesa e do prêmio Professores do Brasil, concedido pelo Ministério da Educação.
O professor João Antônio Pereira, que acompanhou Helen até Brasília, vê na garota um grande potencial. “Essa menina é uma joia rara, a gente se assusta com o potencial que ela tem. Ela tinha tudo para dar errado. São essas histórias que nos fazem insistir com nosso trabalho”, destacou.
O segredo para produzir bons resultados, segundo ele, é o envolvimento do educador com a realidade em que os alunos estão inseridos. “O professor se depara com situações em que, às vezes, não é só uma questão de ensinar a ler, compreender um texto, uma fórmula matemática, mas trazer para si o lado humano que o aluno está vivendo e que o impede de se desenvolver. Quando o professor conhece a história dos estudantes, passa a ser responsável por eles”, ressaltou.
SNCT
Realizado até domingo (21), o evento principal da SNCT acontece no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília. São 71 estandes e atividades de popularização da ciência promovidas por 80 instituições. A expectativa é que pelo menos 100 mil pessoas visitem o espaço. O evento também possui atividades espalhadas por todo o país, que podem conferidas aqui
Assessoria de Comunicação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC)