Curativo cicatriza lesões de portadores de diabetes
Estudo financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e desenvolvido no laboratório do professor Carlos Pérez Bergmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), resultou na criação de um curativo para úlceras da pele e ossos agravados pela presença de diabetes. Esse curativo é capaz de servir como suporte para o crescimento de novas células de pele ou osso, sendo completamente absorvido pelo organismo após algum tempo.
A inovação é um benefício direto aos milhões de brasileiros diagnosticados com a doença, que provoca uma dificuldade na cicatrização, em razão da vascularização deficiente, tendo como consequência feridas que infeccionam facilmente. Levantamento da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde, mostrou que em 10 anos o número de brasileiros com diabetes cresceu 61,8%, passando de 5,5% da população para 8,9% em 2016.
O curativo foi criado a partir do desenvolvimento e da aplicação de membranas compostas por biomateriais nanoestrutuados, em especial poliuretanos e hidroxiapatita e o pedido de patente da invenção foi depositado junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) em 2015.
Segundo Bergmann, o processo de estudo envolveu a obtenção das membranas poliméricas pela técnica de eletrofiação, que é pouco utilizada para o desenvolvimento de compósitos aplicáveis na área da saúde, mas que gera características compatíveis com o meio biológico e com propriedades físicas adequadas ao processamento final do produto, que foi produzido em escala laboratorial.
Foi realizado, também, um estudo sistemático de avaliação da interação do material com as células, avaliando de maneira inovadora a relação entre as membranas obtidas e características como biocompatibilidade e citotoxicidade. Os estudos clínicos realizados indicaram que o curativo final obtido foi capaz de servir como suporte para o crescimento de novas células de pele ou osso, sendo completamente absorvido pelo organismo após algum tempo.
A execução do projeto envolveu uma equipe multidisciplinar. Além de especialistas em Materiais, a equipe contou com pesquisadores da Saúde, responsáveis pelos testes in vitro de biocompatibilidade e de adesão e proliferação celular.
Engenheiro metalúrgico pela UFRGS e professor titular desta Universidade, Bergmann é doutor em Engenharia pela Rheinisch Westfälische Technische Hochschule Aachen, na Alemanha, bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A do CNPq e líder do Laboratório de Materiais Cerâmicos.
A pesquisa de Bergmann, intitulada ‘Síntese de membranas nanoestruturadas para emprego na regeneração de úlcera por diabetes e osteointegração’, foi contemplada pela Chamada “Diabetes” e recebeu R$ 694 mil. A chamada foi fruto de mais uma parceria entre CNPq e o Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT), do Ministério da Saúde.