Seminário avalia atual situação da Helicoverpa armigera em Goiás e no mundo

H. armigera
Lagarta de H. armigera atacando vagem de soja

Cerca de 200 pessoas, entre produtores rurais, consultores, pesquisadores, técnicos de várias instituições públicas e privadas e alunos de graduação e pós-graduação participam nesta terça-feira, dia 20, no auditório da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG), no Câmpus Samambaia, das 8 às 18 horas, do “2º Seminário Helicoverpa armigera uma experiência em Goiás e no mundo”. O evento conta com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg). Veja a programação.

O evento traz o doutor PhD Wee Tek Tay, pesquisador sênior do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), órgão para pesquisa científica na Austrália, parceiro também no projeto goiano da Helicoverpa e que tem colaborado nos estudos de DNA que avaliam características moleculares da espécie Helicoverpa armigera no Brasil. O pesquisador fará palestra sobre Assinatura genômica e genética de incursão na América do Sul. O CSIRO recebeu, durante um período de seis meses, dois alunos do programa de pós-graduação da Escola de Agronomia/UFG (Tiago C. de Oliveira e Humberto O. Guimarães) para treinamento e identificação molecular.

O Seminário tem como objetivos apresentar os resultados sobre as pesquisas com a praga, que tem um alto poder destrutivo, causando prejuízos a todos os tipos de lavoura, principalmente as de milho, soja, algodão, feijão e tomate em Goiás, em várias regiões do Brasil e no mundo. Durante o seminário, também será apresentada a situação atual da H. armigera no Brasil e no mundo. No final do evento será ministrada uma palestra especial sobre a mosca branca.

tomate atacado pela praga
Penca de frutos atacados por Helicoverpa armigera – Foto: Lorenzo Czepak Gaston

H. Armigera no Brasil e no mundo
Para a pesquisadora da Universidade Federal de Goiás (UFG) Cecilia Czepak, “talvez nos países de origem esta praga continue sendo um problema, mas contornável. Aqui no Brasil e no restante da América talvez tenhamos que levar mais a sério, pois tudo indica que esta praga poderá voltar ainda em surtos mais prejudiciais do que de anos anteriores”.  E está mais que provado que esta praga estava no Brasil bem antes de 2012/13 quando foi detectada, frisa Czepak. A pesquisadora ressalta que já existem dados sobre populações de campo híbridas, “possivelmente a H. armigera esteja se acasalando com a espécie nativa H. zea (lagarta da espiga do milho)“, revela.

No Brasil, “temos tido muitas reclamações da praga em cultivos de soja RR, tomate e feijão, porém o que mais nos preocupa é a aplicação de inseticida de forma indiscriminada e, muitas vezes, os produtos utilizados são de procedência desconhecida e o uso está generalizado”, conta a pesquisadora.

Apoio da Fapeg
A realização do Seminário conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), que desde junho de 2014 fomenta o projeto de pesquisa intitulado Manejo Integrado de H. armigera no Estado de Goiás, coordenado pela professora titular da Escola de Agronomia/UFG, Cecilia Czepak. Segundo ela, “foi com o aporte do projeto, que temos junto com a Fapeg, que conseguimos o recurso para trazer o pesquisador da Austrália para o seminário e também a ajuda para a tradução simultânea e outros materiais necessários”. Ela acredita que, “sem esse tipo de apoio dificilmente chegaríamos ao patamar de conhecimento que já alcançamos, porém precisamos fazer mais ainda, pois estamos apenas começando e há muito o que fazer em relação a essa praga em Goiás”.

A Fapeg também apoiou a realização do 1º Seminário. Cecilia Czepak explica que “foi depois do primeiro seminário que iniciamos a parceria com a Fapeg que resultou nesse Projeto sobre Helicoverpa armigera e que tem trazido bons frutos para as Instituições envolvidas e também para os produtores e pesquisadores da cadeia produtiva, como o estabelecimento do Manejo Integrado de pragas em cultivos de soja e tomate, que será apresentado na terça-feira por dois orientados da UFG; além do trabalho de mapeamento da Helicoverpa em diferentes regiões do estado e em diferentes cultivos”.

Parceria Goiás/Austrália
Revista NatureEntre os diversos resultados da parceria com a Austrália, Czepak enumera que algumas teses foram concluídas e outras estão em fase final de conclusão. Em parceria com a Austrália foram publicados artigos científicos em revistas internacionais como a Nature e outras publicações estão sendo preparadas. A pesquisa da origem da H. armigera no Brasil, publicada na Nature, por pesquisadores do CSIRO, teve como coautores quatro brasileiros e dentre eles a professora Cecilia Czepak. A pesquisa está baseada principalmente em estudos de DNA mitocondrial e no cruzamento de dados sobre a comercialização agrícola do Brasil com diferentes países dos diversos continentes. A pesquisa detectou a ocorrência de 20 halotipos, originados de seis estados brasileiros, sendo que oito desses são novos, ou pelo menos desconhecidos até o momento. A professora explica que, com o cruzamento das informações de comércio exterior e DNA mitocondrial, pode-se inferir que os espécimes de H. armigera presentes no Brasil tiveram origem na Europa, Ásia e África.

Cecilia Czepak
Professora titular da Escola de Agronomia/Universidade Federal de Goiás em Goiânia/GO. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Entomologia Agrícola, atuando principalmente no manejo integrado de artrópodes pragas com ênfase nas seguintes culturas: soja, milho, algodão, feijão e hortaliças em geral.

Assessoria de Comunicação Social da Fapeg

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