Residência pedagógica quer universalizar a iniciação à docência
A Residência Pedagógica, novo programa para a formação de professores do Ministério da Educação, pretende universalizar o estágio de formação docente como característica de todos os cursos de licenciatura no país. As estratégias para institucionalização dessa nova etapa da formação dos futuros professores brasileiros foram tema do Seminário Residência Pedagógica, que aconteceu em São Paulo, na quinta-feira, 14. A previsão é ofertar 80 mil vagas em 2018.
“Nosso atual programa de formação docente, o Pibid é muito bem sucedido, mas seu principal problema é ser restrito. Temos numa mesma sala de aula de graduação, alunos que têm acesso ao programa e outros não”, explica o diretor da Coordenação de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Carlos Lenuzza. O novo programa de Residência Pedagógica irá, então, ampliar o número de vagas disponíveis para formação. “Se entendemos que a prática é necessária para a formação de nossos futuros professores, queremos que ela seja para todos. Uma formação global. A meta é alcançarmos a institucionalização para caminharmos para a universalização da formação”, ressalta.
A atenção à prática docente se coloca como desafio também para a Academia, nos cursos de pedagogia, acredita Lenuzza. “É preciso incorporar a prática na formação dos cursos, muitas vezes encastelados na teoria. É preciso que a universidade coloque o pé na escola”, define. Para o diretor, um dos caminhos para institucionalizar o programa é abrir os benefícios da residência também aos estudantes não-bolsistas. “A necessidade da prática tem que estar no currículo de todos nossos alunos. Assim, da mesma forma que acabar ou diminuir com as bolsas não tem cabimento, também limitar a participação do Programa à bolsa também não tem. As vagas da Residência Pedagógica não serão limitadas pela bolsa”, enfatiza.
Seminário
O Seminário Residência Pedagógica teve como objetivo ampliar as discussões e conhecer as experiências positivas de residência pedagógica em diferentes contextos educacionais. O encontro faz parte do compromisso da CAPES em promover o debate com os diferentes atores da formação docente. “A ideia é fazer o Pibid evoluir para a Residência Pedagógica. Nada mais natural que ele se torne, de um programa fomentado pelo MEC, para uma norma regulamentada pelo CNE, que vaze para os marcos regulatórios obrigatórios da educação”, definiu a consultora executiva do MEC, Guiomar Namo de Mello.
Para Guiomar, essa é a condição para que os cursos de licenciatura obrigatoriamente contemplem a formação prática a todos os estudantes. “Há 50 anos os cursos de medicina exigem uma rede de atendimento para os estudantes. Devemos pensar o mesmo para a formação de professores. É um caminho longo, em que é preciso compromisso e envolvimento.”
Carlos Lenuzza destacou a importância do regime de corresponsabilidade entre instituições de ensino superior, secretarias de educação e escolas, necessário para a implementação do novo programa. “Para efeito sistêmico é fundamental trabalhar com articulação. Saber bem com as secretarias dos mais diversos municípios do Brasil quais são as formações necessárias em cada uma dessas regiões. ” Ao explicar sobre a rede de atuação do programa, que inclui coordenação pedagógica nas universidades, supervisores de escolas públicas e bolsistas de graduação, o diretor se comprometeu com a manutenção das conquistas já realizadas. “Todas as visões hoje presentes no sistema do Pibid estarão mantidas. E pretendemos ainda adicionar a figura do supervisor de rede, para que a atuação fique melhor coordenada”, afirma.
O programa Residência Pedagógica terá um ciclo de formação de 21 meses e faz parte da nova Política Nacional de Formação de Professores do Ministério da Educação, lançada no último dia dos professores. “Esse é o primeiro debate público do programa. Gostaríamos que toda a comunidade ouça o que temos para propor. Esse é o início da discussão, teremos muitas oportunidades de debate sobre cada um dos pontos dessa nova e importante iniciativa”, concluiu Lenuzza.
Fonte: CCS/CAPES ( texto de Pedro Arcanjo)