Judoca goiano João Victor Santana ganha dois ouros nas Paralimpíadas Escolares, em São Paulo, com vitórias rápidas

Seis vitórias por ippon, sendo a luta mais longa resolvida em apenas 30 segundos, e duas medalhas de ouro. Quem analisa esses números desempenhados por João Victor Santana nas Paralimpíadas Escolares, em São Paulo, imagina um atleta experimentado na modalidade, acostumado a competições e treinamentos desde a infância. A grande surpresa é que o rapaz de 17 anos, que nasceu com deficiência visual, começou no judô há apenas dois anos, descoberto por um dos centros de paradesporto desenvolvidos pela Secretaria de Estado de Esporte e Lazer de Goiás (Seel).

João Victor nasceu com glaucoma congênito, e nunca enxergou. Teve uma infância sedentária, até descobrir o judô. Ou melhor, ser descoberto por ele, como afirma o garoto. O encontro entre o atleta e a modalidade aconteceu no Cebrav (Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio às Pessoas com Deficiência Visual), em Goiânia, que tem parceria com a Seel Goiás no atendimento de iniciação esportiva para crianças com deficiência visual. Além do judô, professores de atletismo também utilizam o espaço.

“Nunca fui acostumado a praticar esportes, não escolhi o judô. Me convidaram para fazer aula no Cebrav e eu acabei me apaixonando. O judô é fantástico, acho que todos que tiverem oportunidade de praticar vão gostar”, declarou o adolescente.

Desde o seu primeiro ano na modalidade João Victor vem disputando as Paralimpíadas Escolares, e vem galgando posições ano a ano. Se na estreia beliscou uma medalha de bronze, em 2017, no ano passado faturou uma prata e agora arrebanhou duas medalhas de ouro. Primeiro em sua categoria, a meio leve, até 63kg, de 15 a 17 anos. Não bastasse isso também ganhou a categoria Absoluta, onde se juntou a todos os campeões, derrotando adversários mais pesados que ele.

No entanto, para faturar as duas medalhas douradas, o garoto precisou suar pouco. A campanha de João Victor foi marcada por ippons relâmpagos. Sua primeira luta durou apenas dois segundos. Para chegar à primeira conquista os outros embates também foram vencidos rapidamente.

Na categoria Absoluta João Victor teve um pouco mais de trabalho. Na final gastou 30 segundos para derrubar o rondoniense Mateus Silva, da categoria acima de 73kg, com as costas no chão, concretizando o seu último ippon nas Paralimpíadas Escolares. “Tenho esse estilo de ser agressivo, procurar encerrar a luta, mas é tudo muito relativo, depende do adversário. Não dá pra sempre fazer isso”, alerta o garoto.

A deficiência visual é algo que não limita a capacidade de João Victor no tatame, que compensa com outros sentidos. “O judô aumentou minha percepção de espaço, e uso isso bastante nas lutas. Traço minha estratégia também quando sou apresentado ao adversário, na pegada. Se percebo que é um atleta mais alto, uso um tipo de golpe, se é mais baixo a estratégia muda”, revelou o atleta, que já conquistou um grand prix nacional em sua categoria e já disputa competições adultas.

Realizado no esporte e na vida, João Victor ignora a sua restrição de visão. “Eu já conheci o mundo assim, sem enxergar, então não tive processo de adaptação. Para mim o mundo sempre foi desse jeito”, cravou o atleta, que também revelou sua segunda paixão: a leitura. Fora dos tatames, o sistema de escrita tátil para deficientes visuais toma conta do tempo livre do garoto, que derruba obstáculos como derruba seus adversários.

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