Teatro Goiânia recebe o espetáculo Antinomia nesta sexta-feira

O Teatro Goiânia recebe nesta sexta-feira, 6/4, o espetáculo Antinomia com direção de Renato Mendonça Lucas, que fica em cartaz até domingo, 8/4. A peça tem inicio às 20h e os ingressos já estão à venda na Cervejaria Belgian Dash: R$ 40 (inteira) e R$20 (meia).

A montagem tem como base o texto do Padre Antônio Vieira, que se passa no ano de 1674, na corte da rainha da Suécia, Cristina Alexandra. Ela decide se mudar para Roma e a abdicar ao trono. Diante dessa situação, propõe-se uma questão filosófica clássica: O mundo é mais digno de riso ou de lágrimas? Esse questionamento despertou uma discussão entre os dois amigos: Demócrito, que ria sempre, e Heráclito, que chorava.

A produção é da Gradiva Centro Cultural, da AFA (Associação dos Amigos do Art Film Festival, de Asolo-Itália) e do Núcleo Freudiano de Psicanálise em Goiânia, a peça tem um tom dramático e conta com os padres Antônio Vieira e Girolamo Cattaneo, ambos da companhia de Jesus e o próprio diretor Renato Lucas como parte do elenco.

O Teatro Goiânia é unidade da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) e funciona no centro da cidade.

Serviço:

Espetáculo: Antinomia

Data: Sexta-feira, 06, 07 e 08/4 às 20h.

Local: Teatro Goiânia – Av. Tocantins, 252 – Centro

Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), Cervejaria Belgian Dash – Rua 91 n°184, setor sul.

No dia do evento, a bilheteria do Teatro será aberta às 14h.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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O nome é sugestivo: “Antinomia”, que quer dizer contradição entre quaisquer princípios, doutrinas ou prescrições, algo muito comum ao mundo dos humanos, segundo relata o diretor Renato Lucas: “Em Psicanálise, sempre freudiana, se reconhece que nas contradições e encruzilhadas é que as principais questões humanas estão postas e, portanto, é um tema instigante para nós do Gradiva Centro Cultural que temos a pretensão de transmitir Psicanálise, usando da arte, para uma tentativa de “mais, ainda” bem-dizer a linguagem fundada por Freud.

O espetáculo, que tem em cena o próprio diretor e Celso Rabelo, é mais uma produção do Gradiva Centro Cultural, da AFA ( Associação dos Amigos do Art Film Festival, de Asolo-Itália) e do Núcleo Freudiano de Psicanálise em Goiânia, os mesmos produtores de Laio (H Haydt), Entre 4 Paredes (Sartre), Entre 5 Poetas ( coletânea) e L’Orfeo ( Monteverdi), que trazem mais um clássico para os goianos.  Com base em texto de Padre Antônio Vieira, espetáculo “Antinomia” entra em cartaz nesta sexta-feira em Goiânia

04/05/2017 17h47

 

Por Cláudio Ribeiro

 

 

Edição 2181

Renato Mendonça Lucas dá tratamento dramático a texto de Pe. Vieira em que é relatado seu debate com outro padre jesuíta, Jerônimo Cattaneo, ocorrido em 1674,  a respeito do pensamento dos filósofos gentios Demócrito e Heráclito

Cartaz de divulgação do espetáculo “Antinomia”

Nos próximos dias 5, 6, às 21h, e no dia 7, às 20h, ocorrem, no Teatro Goiânia, apresentações do espetáculo “Antinomia”, produzido pelo Gradiva Centro Cultural,  pela Associação dos Amigos do Art Film Festival, de Asolo-Itália (AFA) e pelo Núcleo Freudiano de Psicanálise em Goiânia. A direção está a cargo do psicanalista Renato Mendonça Lucas, que também atuará, junto com Celso Rabelo.

O espetáculo tem como base o texto O Pranto e o Riso, ou as lágrimas de Heráclito defendidas em Roma pelo padre Antônio Vieira contra o riso de Demócrito, de autoria do próprio Pe. Vieira, escrito em decorrência do debate travado no palácio da rainha Cristina da Suécia, em Roma, com o padre Jerônimo Cattaneo, em 1674.

Padre Antônio Vieira

Este debate entre dois padres pertencentes à Societas Jesu, Companhia de Jesus, na corte da rainha Cristina Alexandra, foi incitado pela própria rainha. O mote lançado por Cristina aos dois jesuítas na seguinte pergunta: “Qual dos dois gentios andara mais prudente? Demócrito, que ria sempre, ou Heráclito, que sempre chorava?”

A questão lançada versava, evidentemente, sobre o modo como cada um dos filósofos gregos pré-socráticos compreendiam a condição humana, sempre temperada pelo finito e o eterno, o contingente e o imutável.

Curiosamente, a rainha Cristina solicitou este debate num momento em que havia abdicado do trono de sua nação e abandonado a religião luterana, tendo-se convertido ao catolicismo.

A proposta de Renato Mendonça Lucas e do Gradiva Centro Cultural com  “Antinomia” é semelhante àquelas que já foram levadas a cabo com rara maestria em espetáculos como “Laio”, “Entre 4 paredes” e “Entre 5 poetas”, qual seja: apresentar o texto clássico com dramaticidade peneirada pela psicanálise freudiana.

A própria escolha da   palavra antinomia, de certa forma, revela esta preocupação, já que significa contradição entre visões doutrinárias ou prescritivas sobre determinado assunto – fenômeno que sempre esteve presente no seio da humanidade, desde os tempos mais remotos.

É de se esperar, portanto, um clima inquietante, no qual serão apresentadas reflexões profundas sobre nossa condição. Reflexões estas que serão debatidas com o público, após o espetáculo.

Abaixo, disponho um trecho do texto do Pe. Vieira. Em seguida, segue a parte do filme Palavra e Utopia (2000), do cineasta português Manoel de Oliveira, que retrata o referido debate, com o ator Luís Miguel Cintra interpretando  Vieira.

Trecho do texto de Pe. Vieira

Há chorar com lágrimas, chorar sem lágrimas e chorar com riso: chorar com lágrimas é sinal de dor moderada, chorar sem lágrimas é sinal de maior dor; e chorar com riso é sinal de dor suma e excessiva… a dor moderada solta as lágrimas, a grande as enxuga, as congela, e as seca… A mesma causa, quando é moderada, e quando é excessiva, produz efeitos contrários: a luz moderada faz ver, a excessiva faz cegar; a dor, que não é excessiva, rompe em vozes, a excessiva, emudece. De sorte a tristeza, se é moderada, faz chorar, se é excessiva, pode fazer rir; no seu contrário temos o exemplo: a alegria excessiva faz chorar e não só destila as lágrimas dos corações dedicados e brandos, mas ainda dos fortes e duros. (…) Pois se a excessiva alegria é causa do pranto, a excessiva tristeza por que não será causa do riso e a ironia tem contrária significação do que soa; o riso de Demócrito, era ironia do pranto; ria, mas ironicamente, porque o seu riso era nascido de tristeza, e também a significava; eram lágrimas transformadas em risos metamorfoseados da dor; era riso, mas com lágrimas;(…).”

Trecho do filme “Palavra e Utopia”, de Manoel de Oliveira

 

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