Fica 2018 – Mestres da dramaturgia brasileira, Villamarim e George Moura falam ao público do festival

Mesa de debate reuniu trinca de ases do audiovisual brasileiro na cidade de Goiás

 

Velho conhecido do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental – Fica, o fotógrafo Walter Carvalho voltou às ruas de pedra da Cidade de Goiás para mediar uma Mesa de Cinema com o dramaturgo George Moura e o diretor José Villamarim na edição de 20 anos de Festival. O debate aconteceu na manhã deste sábado (9) no Cineteatro São Joaquim, casa onde Walter Carvalho manifestou o desejo de exibir todos os seus próximos filmes.

A fé ganha outros sentidos em poucos minutos de conversa com os três criadores de obras como JustiçaO Canto da Sereia e a série em exibição na TV Onde Nascem os Fortes. Para fazer o cinema de Villamarim, George Moura e Walter Carvalho é preciso voracidade, inquietude e afeto. O autor, seja do roteiro, seja da direção ou da fotografia, precisa vibrar com a história que deseja contar. Esta ambição por construir uma nova verdade é a força motriz do trabalho dos cineastas que falaram ao público do Fica no penúltimo dia do festival.

A partir de qual momento surgem as palavras na página em branco? Como trabalhar as camadas de um personagem com o ator? As provocações de Walter Carvalho aos seus colegas de cinema e amigos de longa data fizeram surgir causos de set de filmagem e reflexões sobre processos criativos. As incursões da santíssima trindade do cinema brasileiro em diferentes gêneros e formatos oferecem ao público brasileiro da televisão, das salas de cinema, e dos vídeos sob demanda, um conteúdo criado com muita paixão e entrega.

Público assiste ao debate no Cineteatro São Joaquim

(Foto: Silvio Quirino/ Seduce)

 

Enquanto roteirista, George Moura acredita que o pontapé inicial para a criação de uma história é pensar o assunto que se quer tratar. Onde Nascem os Fortes, por exemplo, surgiu do desejo de abordar o Brasil não cordial e violento, um país em que acontecem tragédias como o assassinato da Vereadora Marielle. Mas o roteiro não é mais que um esboço, um mapa para que o diretor possa encontrar algo que não está nem só no papel escrito nem apenas na imagem em movimento. Para Moura, é preciso que o roteirista ofereça uma margem ao diretor, uma sombra que ele possa clarear. José Villamarim destaca ainda a importância de utilizar o espaço do set também para preencher estas lacunas deixadas pelo roteiro. O filme deve estar aberto para as ideias que surgem, pirações e epifanias do momento. Neste sentido, Villamarim considera que a emoção é um instrumento do cinema brasileiro.

Sobre as questões ambientais, George Moura julga que a “dramaturgia de bandeira em geral é pobre”. A abordagem desta temática passa a ser menos panfletária em obras mais contemporâneas e acrescenta novas camadas à narrativa. O meio ambiente e a geografia se tornam personagem das histórias, como é o caso do sertão em Onde Nascem os Fortes e de elementos como o mangue, o vento e a floresta presentes em filmes da Mostra Competitiva do Fica 2018. Para Walter Carvalho, todo filme é ambiental já que o ser humano existe em um espaço, respira um ar, se alimenta, mata a própria sede e convive com a cidade, a poluição e a natureza em suas trajetórias pessoais. Para encerrar o debate, o cineasta lembra que “fazer cinema é encher os olhos de sonhos.”

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