Em sua 2ª edição, Jogos Estudantis Interculturais de Goiás valorizam a diversidade cultural e esportiva
A segunda edição dos Jogos Estudantis Interculturais, realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria da Educação (Seduc/GO), promoveu um espaço de imersão cultural e de troca de experiencias entre estudantes da Educação escolar indígena, quilombola e campesina.
O objetivo principal dos jogos, realizados nesta semana, de 10 a 12/09, em Goiânia, é reconhecer o esporte socioeducacional como parte essencial da identidade cultural dos povos, fortalecendo a cidadania, a integração e a valorização das diferentes histórias e patrimônios culturais.
O diferencial dessa edição foi a abertura de vagas para estudantes indígenas e quilombolas em situação de itinerância. As modalidades praticadas refletem as tradições das etnias Xavante e Kalunga e, nesta edição, foram disputadas luta corporal, cabo de guerra, corrida de tora, capoeira e arco e flexa.
Jogos específicos
Para a gerente de Desporto da Seduc/GO, Cremilda Martins, a prática do esporte é uma maneira criativa e estimulante de interação dos jovens na comunidade. “É uma atividade riquíssima porque eles aprendem a solidariedade, a superar desafios, então os Jogos Interculturais conseguem ensinar a esses jovens valores para a vida e nós também aprendemos com eles que nos enriquecem com as suas tradições”, afirmou.
A gerente de Educação do Campo, Indígena e Quilombola, Valéria Cavalcante, destacou a iniciativa pioneira do governo estadual em realizar jogos específicos dos povos originários.
“Os Jogos Interculturais são uma grande conquista. A primeira edição, ocorrida em 2022, foi um marco que teve continuidade com a realização, agora, em 2024. A importância dos jogos é muito grande porque eles queriam ter um espaço para exercer as especificidades deles que não são comuns à cultura urbana e isso precisa ser preservado. Pretendemos ampliar, cada vez mais, para que outras culturas também participem nas próximas edições”, declarou a gerente da Seduc/GO.
Intercâmbio cultural
Heron Wa é professor intérprete da língua materna da etnia Xavante no Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Dom Abel em Goiânia e faz parte dos jogos desde a primeira edição. Para ele, a competição é valiosa ao oferecer intercâmbio cultural entre os atletas que não teriam a oportunidade de trocar experiencias se os jogos não fossem realizados.
“Todos mostrando os seus costumes ao mesmo tempo, ensinando o que cada um faz no seu território, é uma oportunidade para nos conhecermos. Nós da etnia Xavante temos a luta corporal, já os quilombolas têm a capoeira que é uma modalidade que nós não praticamos, então a troca cultural é valiosa para nós”, disse o professor.
Lucas Conceição representou o Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Quilombola Professor Jamil Sáfady na modalidade de capoeira. Ele sempre teve a influência do esporte em seus costumes e honra o legado de sua família ao continuar a prática. “É um bem cultural que está na minha família há gerações e eu sinto uma energia muito grande quando estou na roda, entrando em contato com as minhas raízes africanas. Fico realizado em participar”, comentou.
Já Yuri Raiwi’ representou a Escola Doutor Rubens Correa de Aguirre, de Aragarças. Ele conta que apesar de o futebol não fazer parte da tradição do povo Xavante, é o que gosta de fazer. “Não é um costume da minha etnia, mas fico muito feliz em representar a cultura Xavante. É uma honra poder jogar com os meus e também com outras pessoas, fazer amizades. Não temos rivalidade porque queremos mostrar o que sabemos e também entender os diferentes. É uma troca”, disse o estudante indígena. (Texto: Camila Mascarenhas / Fotos: Solimar de Oliveira)