Professores de Niquelândia e Monte Alegre de Goiás relatam como medidas para garantir acesso dos estudantes da zona rural aos materiais e atividades escolares inspiraram e impactaram dentro e fora da sala de aula

Os professores Josiel Leitão da Silva, do Colégio Estadual Thomaz Adorno, e James Alves Quintanilha, do Colégio Estadual Professora Irany Nunes do Prado, têm uma história em comum. Ambos se destacaram durante o período de pandemia de Covid-19 por utilizarem diferentes estratégias e mecanismos inovadores para chegarem até os alunos.

Josiel Leitão, então professor em uma extensão do Colégio Estadual Professor Joaquim Francisco, em Niquelândia, enfrentou a dificuldade de acesso dos estudantes. À época, os alunos da zona rural e de áreas de difícil acesso não conseguiam enfrentar as intempéries do caminho para retirar os materiais didáticos impressos. Foi então que o professor decidiu utilizar um cavalo como meio de transporte para realizar a entrega aos estudantes.

“Muitas vezes eu não tinha como ir de moto, tinha que ir a cavalo mesmo em lugares difíceis e aí foi uma das estratégias que conseguimos usar na época para tentar diminuir o prejuízo. Chegava na casa do pessoal e eles me recebiam com o maior carinho do mundo. Muitas vezes tirava uma dúvida e via aquele olhar querendo, aquela vontade, principalmente entre as pessoas de mais idade. Então, aquilo ali foi espetacular. Eu ia fazer aquilo por amor mesmo”, relembra o educador.

Do mesmo modo, o professor James Quintanilha precisou abusar da criatividade para atender os estudantes da zona rural matriculados no Colégio Estadual Irany Nunes do Prado, em Monte Alegre de Goiás, durante o período de isolamento social. Diante da falta de acesso à Internet e buscando alternativas para dar prosseguimento ao trabalho pedagógico, o educador adaptou a instalação de um quadro branco na caçamba do seu carro para dar aulas ao ar livre.

O impacto das ações

Ambas as ações acabaram por impactar o cotidiano daqueles que acompanharam o esforço dos educadores em garantir o acesso à Educação, gerando, também, mudanças na prática pedagógica dos próprios docentes.

“Como moro em uma comunidade pequena, percebi que essa atitude contagiou os outros professores de minha comunidade, uma vez que os trabalhos foram intensificados no sentido de sanar as dificuldades dos alunos em meio à crise que enfrentávamos. Creio que ficou o exemplo de proatividade, bem como um olhar mais voltado àqueles que mais necessitam de apoio educacional”, ressalta James Quintanilha sobre a experiência.

Para ele, um outro aspecto positivo da pandemia no âmbito da Educação foi o avanço na inserção de ferramentas de tecnologia educacional nas salas de aula, bem como a ampliação do acesso dos estudantes a essas ferramentas.

“Muita coisa mudou, sobretudo no que se refere ao fazer educacional marcado pela predominância da tecnologia. Discutíamos sobre a tecnologia em sala de aula, mas não esperávamos que seria tão imediato. Creio que a pandemia nos conduziu a um caminho sem volta, que é o uso dos recursos tecnológicos em sala”, salienta o docente.

Já para o professor Josiel Leitão, que hoje atua no Colégio Estadual Thomaz Adorno, ainda em Niquelândia, a experiência serviu para que ele e os colegas flexibilizassem as práticas pedagógicas, buscando alternativas para facilitar o aprendizado do estudante.

“Temos que inovar a cada dia, reinventar e planejar com métodos que alcancem o objetivo que sempre é o aprendizado do aluno”, enfatiza. “Hoje, (os alunos) me retribuem com o maior carinho e respeito. Eu fiz parte da vida deles. E a minha motivação maior foi e é ver que eles queriam aprender pelo olhar, pelos gestos”, conclui o professor. (Texto: Ana Carolina Jobim/Comunicação Setorial da Seduc/GO – Fotos: Acervo dos professores)