Obra de Cássia Fernandes é a primeira originalmente acessível para deficientes visuais publicada em Goiás

A Biblioteca Braille José Alvares de Azevedo juntamente com a Biblioteca Pública Estadual Escritor Pio Vargas, ambas unidades da Seduce, e a Editora Nega Lilu realizaram nesta sexta-feira, 27/04, o lançamento da primeira obra originalmente acessível para deficientes visuais publicada em Goiás. O audiolivro “Abracadabras: crio enquanto falo”, de Cássia Fernandes, foi produzido com o apoio do Fundo de Arte e Cultura de Goiás e terá suas primeiras mil cópias digitais disponibilizadas para download gratuito.

No evento,  que contou com o apoio do Centro Brasileiro de Reabilitação e Apoio ao Deficiente Visual (Cebrav – Seduce) e da Associação dos Deficientes visuais do estado de Goiás (Adveg), Cássia Fernandes  e Larissa Mundim, da Nega Lilu, debateram a obra com usuários da biblioteca.

Cássia Fernandes contou que o livro surgiu da ideia de explorar o caráter sonoro dos poemas e de criar uma obra que fosse acessível às pessoas com deficiência visual. “Agora estamos no grande momento, já que temos tecnologias que podem baratear essa produção e tornar melhor o acesso dessas pessoas.”

Larissa Mundim disse que, em sua primeira semana, a obra já teve 10% das assinaturas digitais gratuitas baixadas. Para a editora, o lançamento do audiolivro é uma oportunidade de expandir ações que apoiem o estímulo a leitura, a formação de leitores e a democratização de acesso. Larissa explica que deficientes visuais e pessoas com baixa visão são hoje quase 10% da população brasileira. Para ela, eventos como o desta sexta-feira proporcionam o encontro com esse público, com o qual muitas vezes não se tem contato. “Tivemos a oportunidade de aproximar a autora de um público que talvez não tivéssemos de outra forma”, comenta.

A comunicadora social e servidora pública Fátima Martins Eugenia é usuária da biblioteca braile há 20 anos e acredita que os audiolivros são  inclusivos, já que podem ser acessados por mais pessoas. A diretora da biblioteca Maria Eunice Suares Barboza, por sua vez,  acredita que o lançamento do livro dá início à concretização do desejo de que as editoras passem a se preocupar com as pessoas com deficiência visual. “Elas também são consumidoras de cultura e de livros e gastam dinheiro com isso”. A diretora defende que o grande diferencial do audiolivro é sua praticidade e a possibilidade de ouvir em vários lugares, o que pode também promover interação entre deficientes visuais e pessoas que enxergam.

Abracadabras: crio enquanto falo 

“Abracadabras: crio enquanto falo” é um audiolivro de poemas, que associa o gênero lírico ao épico. É dividido entre três narradoras, de perfis e momentos históricos diferentes. Condessa, uma viúva do século XVIII, Miss Austen, uma dama do século XIX, e Madame Natasha, uma cigana bruxa atemporal dividem o protagonismo, trazendo diferentes abordagens sobre o amor no universo contemporâneo. Cassia Fernandes, a cantora e atriz Debora Di Sá e a atriz Carol Schmid emprestaram suas vozes para as personagens.

A autora explica que a palavra “abracadabras”, apesar de ser habitualmente ligada ao universo infantil, é presente em diversos idiomas pelo mundo, carregando diferentes significados, como “crio enquanto falo”, cura, magia e criação.

A obra é a terceira de Cássia, que lançou  o romance “Cartas que não te escrevi”, em 2000, e “Almofariz do tempo”,  em 2016. A autora explica que já trabalhava com a ideia de poemas em áudio, que eram gravados e musicados em podcasts. Para ela, a poesia tem em sua origem o caráter auditivo, tendo surgido de forma musicada. “Quando você grava os poemas você resgata esse caráter lírico tradicional da poesia.”

O livro pode ser baixado gratuitamente pelo site da Editora Nega Lilu.

Goiânia, 26 de maio de 2017.

Comunicação Setorial da Seduce*