“Cinema não é para fazer mal nem bem”, diz Eduardo Escorel
Encontro com cineasta no Fica 2017 discutiu o cinema político e lembrou os 50 anos de Terra em Transe
Júnior Bueno/Fica 2017
“Nem todo cinema é político”, afirmou o diretor de cinema Eduardo Escorel durante um encontro com Lisandro Nogueira sobre o cinema político no Fórum de Cinema, que está na programação do Fica 2017. A conversa sobre o tema ocorreu por ocasião do aniversário de 50 anos de lançamento do filme Terra em Transe, obra prima do diretor Glauber Rocha e marco do Cinema Novo no Brasil.
Escorel iniciou falando sobre o cinema político em um contexto geral. Em seguida provocou dizendo que, apesar de afirmarem que todo filme é político, nem toda obra pode ser considerada assim. Segundo o diretor, países como o Brasil, que não possui uma cultura de cinema mais hegemônica e cuja força narrativa se encontra na TV, faz pouco cinema político.
Terra em Transe foi lançado em 1967 e usa um enredo fictício para tocar em feridas como opressão e abuso de poder. O cineasta diz que muito de sua temática atual se deve a méritos próprios da obra, não a um reflexo social intencional. “Para mim, um filme não tem o poder de mudar a sociedade, o que ele pode fazer é modificar o cinema em si mesmo”, disse ele.
Eduardo explicou seu raciocínio: “cinema não é para fazer mal, nem para fazer bem, mas para chamar o outro para partilhar de uma visão para num momento posterior ser confrontado ou endossado.”
Eduardo Escorel é diretor, montador e professor de cinema. Seu nome está relacionado a mais de 30 filmes brasileiros desde meados da década de 1960. Seu mais recente trabalho como montador, o filme No Intenso Agora, de João Moreira Salles foi exibido na Mostra Paralela De Cinema Brasileiro, dentro da programação do Fica 2017.