Fica 2018 – Última noite da Mostra ABD aposta no experimental e expande possibilidades criativas

A Mostra ABD Cine Goiás, realizada pela seção goiana da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas (ABD-GO) realizou nessa sexta-feira, 8/6, no Cineteatro São Joaquim, sua terceira e última noite de exibição no Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica) 2018. Criada há 16 anos, a ABD traz nessa edição sua mostra mais longa.

Em sua última sessão, a Mostra exibiu 9 filmes, todos curta-metragens, de Goiânia, Anápolis e cidade de Goiás, sendo 7 do gênero experimental e 2 animações.

Esse ano, a Mostra tem como um de seus vetores o cinema experimental. A experimentação promove novos formatos, poéticas e narrativas, e resulta em obras que exprimem o desejo de seus produtores de expandir a barreiras do cinema atual, levando além às possibilidades criativas na produção cinematográfica goiana.

Para o estudante de cinema da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Márcio Freire, de 20 anos, a escolha pelo experimental mostra um alinhamento com o que vem sendo trabalhado nas universidades. “Na faculdade produzimos muito esse tipo de filme,para nós estudantes é muito interessante vê-los sendo exibidos em salas de cinema” comemora o estudante, que elogiou a mostra por apoiar o cinema universitário.

Da animação ao experimental

Nessa sexta-feira, a mostra começou apostando em uma diretora iniciante. Em preto e branco, “Sete peles”, filme experimental de Ana Simiema, foi feito no estúdio da diretora, em sua casa, e foi lançado nessa noite.

Com um figurino espelhado, a cineasta produz uma estética que passeia entre o futurista e o surrealista, que é enriquecido com a narração de um discurso pessoal e imageticamente desconstruído ao longo do filme

A diretora conta que a ideia para o filme veio de seu cotidiano como maquiadora, que a levou a escolha de objetos reflexivos. “Uma questão de pressão estética que sinto que oprime muito as pessoas, dentro de querer refletir um padrão que não é delas” explica.

“Mondo LXXV”, filme experimental de Rei Souza, começa entre os tons ocre e sons orgânicos de um sertão solitário, e o pixelado multicor de uma cidade com seus sons metalizados. Com uma estética envelhecida, o filme passa pela guerra para nos levar a uma viagem espacial e tecnológica que termina em um olhar para o homem.

As duas animações da noite apostaram em formas não convencionais de ilustração. Fome, animação de Rildo Farias, usa poucas cores e traços de xilogravura. Em “O evangelho segundo Tauba e Primal”, animação de Márcia Deretti e Márcio Júnior, os diretores mostram em cores, sons e traço diferentes realidades.

O curta-metragem experimental “Peste Pixel”, de Pedro Gomes, aposta em uma câmera difusa e poucas cores simultaneamente. O filme se apoia nos sons para localizar o expectador no espaço enquanto transita pela cidade.

No filme “Sem nome”, com uma câmera em movimento, o diretor Thiago Dantas nos oferece uma imagem ordinária, que com um cenário sonoro complexo e uma câmera inquieta trafega pelo experimental e foge da banalidade.

Em “Doklin”, filme experimental, o diretor Luciano Evangelista nos leva por sensacionalismo televisivo, imagens digitais, game de terror e a banalidade da vida de 3 jovens. O filme caminha por uma narrativa nada convencional. Fazendo uso de diferentes estilos, ele chega a uma estética horas tradicional, horas gameficada.

Filmado na Chapada dos Veadeiros, “Tempo das coisas”, filme experimental de Anna Carolline, usa o movimento natural do mundo e dos homens. A natureza e o tempo passeiam pelos olhos de quem assiste, produzindo uma sensação de presença no mundo da diretora.

No filme “D’Outono” a diretora LakShamra constrói uma narrativa poética do movimento. Pela voz do narrador e os reflexos de uma janela vivemos as paixões e mortes de um poeta.

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