DESTAQUE DO MÊS – AGRO EM DADOS / DEZEMBRO 2025 (ALHO)

Originária da Ásia Central, pertencente à família Alliaceae, o alho (Allium sativum) é uma planta herbácea amplamente utilizada na gastronomia mundial, valorizada pela sua versatilidade, alto valor condimentar e propriedades medicinais. No âmbito internacional, China, Índia, Bangladesh, Egito e Coreia do Sul, respectivamente, figuram entre os principais países produtores de alho. Em 2023, o Brasil ocupou a 12ª coloca- ção no ranking mundial da produção, segundo a FAO. Nessa cultura, Goiás mantém destaque, ocupando o segundo lugar nacional em produção e área colhida.
O estado de Goiás é representado pelo protagonismo de Cristalina – segundo maior produtor de alho do país, além de possuir a maior área colhida. Em 2024, de acordo com o IBGE, o município foi responsável por 66,2% da produção estadual. Já no rendimento médio das lavouras, Padre Bernardo e Ipameri lideram o ranking nacional, com respectivamente, 20,0 e 18,1 toneladas produzidas por hectare.
Ademais, vale destacar o desempenho de Luziânia, que obteve o maior crescimento na atividade em relação a 2023, seguido de Catalão, que quase dobrou sua produção em 2024. A alhicultura está presente em apenas 10 municípios goianos, o que demonstra um potencial significativo de expansão da atividade no estado. Tal configuração cria oportunidades para ampliar sua participação na produção nacional e reafirmar o título de Goiás como um importante polo produtor do país.
A industrialização do alho é um importante elo da cadeia produtiva no estado de Goiás. O alho pode ser encontrado em conserva, na forma de pasta, desidratado, em pó, em flocos, dentre outras apresentações. A utilização de técnicas de conservação é estratégico, uma vez que agrega valor, amplia a durabilidade e facilita na comercialização do produto. Esse processo pode atuar como um mecanismo regulador de mercado, já que é possível aproveitar a oferta no período de colheita para o processamento, e assim serem comercializados na entressafra. Ademais, a industrialização auxilia na redução de perdas, minimiza oscilações de preços e garante assim, incentivo à atividade e garantia para o produtor.
Ao considerar a série histórica dos últimos 10 anos (2015 a 2024), a produção goiana de alho registrou um aumento de 57,6%, a área plantada cresceu 64,0% enquanto o valor da produção avançou 210,1% nesse período. A produtividade, por sua vez, oscilou no decorrer dos anos, com ligeiras quedas e recuperação nos anos seguintes, variando entre 12,6 e 16,9 t/ha. Em 2022, a produção e produtividade registraram recorde, alcançando 58,4 mil toneladas colhidas com um rendimento médio de 17,0 t/ha. Já em 2024, o valor da produção atingiu R$738,8 milhões, crescimento de 31,6% em relação ao ano passado, consolidando assim um marco histórico para o estado.
Apesar do crescimento no cultivo brasileiro, ainda é necessário a importação de alho para suprir a demanda doméstica. Segundo a Embrapa, o consumo per capita de alho é estimado em 1,5 kg/hab/ano. Todavia, de acordo com o IBGE, a produ- ção nacional atingiu 172,8 mil toneladas em 2024, sinalizando um déficit de 45,8% frente às 318,8 mil toneladas requeridas* para atender a demanda interna. Diante desse cenário, o Brasil importou 145,5 mil toneladas de alho de 7 países, no valor de US$187,5 milhões, em 2024. Dentre os estados importadores, Goiás é o que possui menor expressividade, nesse período foram adquiridas apenas 25,2 toneladas da Argentina.
Marcando um importante passo para o fortalecimento da cadeia produtiva, o alho passou a integrar o Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), com a publicação da Portaria SPA/MAPA N°454 no dia 25/11/2025. O Zarc define as áreas e períodos mais adequados para o plantio, considerando a probabilidade de perdas devido a condições climáticas adversas. Para Goiás, essa inclusão irá favorecer os produtores, que terão acesso a parâmetros técnicos específicos para o estado, favorecendo assim, o planejamento da safra. Quanto ao plantio, atualmente, em Minas Gerais (maior produtor) e Goiás a semeadura concentra-se nos meses de março a maio, enquanto a colheita pode ser realizada de junho a setembro, segundo o Hortifruti/Cepea.
No âmbito na inovação e pesquisa, a Embrapa, juntamente com outras instituições e universidades brasileiras, iniciaram um projeto de pesquisa em 1992, para o desenvolvimento de “sementes de alho livres de vírus”. Nessa época, a qualidade e o rendimento médio da cultura eram baixos, dessa forma, o Brasil dependia significativamente do alho importado. De acordo com a Embrapa, a adoção da tecnologia foi responsável por revolucionar a produção no país, com salto de crescimento de até 150% em alguns cultivares. Atualmente, essa tecnologia é de domínio público, eficaz e acessível, com alta adesão pelos produtores em virtude do ganho considerável em produtividade e qualidade.
*Com base na população estimada em 2024 pelo IBGE
PRODUÇÃO DE ALHO 2024


COMERCIALIZAÇÃO DE ALHO – CEASA/GO – Acumulado de 2025 (janeiro a outubro)


PRODUÇÃO DE ALHO 2024

