O pequi, fruto típico do Cerrado brasileiro, com sabor único e marcante, conhecido como “ouro do cerrado”, é patrimônio cultural imaterial do Brasil. O fruto possui importância social, econômica, cultural e também gastronômica em pratos tradicionais do Centro-Oeste, Tocantins e norte de Minas Gerais. A polpa é rica principalmente em carotenóides e vitamina A, já a amêndoa é fonte energética e possui ácidos graxos com propriedades antioxidantes que previnem doenças e promovem a saúde.

Dessa forma, o pequi pode ser aproveitado integralmente, tanto na alimentação quanto na extração de óleos para fabricação de cosméticos e biocombustível, além do uso medicinal. A madeira do pequizeiro é de ótima qualidade, boa resistência e alta durabilidade, com utilização para fabricação de móveis, na construção civil e em embarcações.

Para o desenvolvimento ideal do pequi, é necessário solo arenoso, profundo, bem drenado e rico em matéria orgânica, com pH entre 4,5 e 6,5 e temperaturas entre 25 e 35°C. A colheita é extrativista, por meio da coleta dos frutos que caem do pé. A produção pode apresentar ciclicidade irregular, caracterizada pela bienalidade (produzir frutos a cada dois anos) ou até trienalidade (a cada três anos), nos quais ocorrem anos de alta produção, seguidos por períodos de baixa ou até falta de frutificação.

A prática do extrativismo sustentável é fundamental, pois possibilita gerar uma renda alternativa para a comunidade local e, ao mesmo tempo, favorecer a conservação do Cerrado. De acordo com o IBGE, o pequi representa 98,6% de todo o extrativismo realizado no território goiano, o que evidencia o potencial do Cerrado. Apesar desse destaque, ainda existe uma ampla possibilidade de expansão de mercado voltado para o cultivo comercial do fruto.

Desde 2018, a extração do pequi em Goiás tem registrado crescimento contínuo, o que tem contribuído para posicionar o estado em segundo lugar no ranking nacional em extração do fruto. Em 2022, a Emater Goiás e a Embrapa Cerrados desenvolveram um cultivar de pequi sem espinhos — com maior quantidade de polpa e sem os riscos de perfurações. A primeira oferta pública das mudas foi destinada aos agricultores familiares e viveiristas, que poderão aumentar sua renda por meio da produção sustentável.

A ausência de espinhos também abre caminho para a ampliação do uso do pequi pela indústria alimentícia, tornando a industrialização mais eficiente e escalável. Dessa maneira, o fruto poderá ser mais popularizado e consumido em outros estados do país, ampliando a representatividade de Goiás na extração e comercialização do pequi.

Além disso, o fruto sem espinhos pode adentrar na agenda governamental, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), destinado à compra de gêneros alimentícios provenientes da agricultura familiar, e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que garante a alimentação escolar dos estudantes em todas as fases de formação, fortalecendo a segurança alimentar no estado de Goiás.

Em relação à comercialização, a Ceasa/GO comercializa não apenas o pequi de origem goiana, mas também oriundos de outros estados. O Tocantins é responsável pela oferta de setembro a outubro; logo após vem a produção goiana, vinda do norte e nordeste do estado. Já em meados de novembro, é abastecido com o pequi matogrossense, seguido de Minas Gerais, com o fruto comercializado de dezembro a janeiro. Dessa maneira, a Ceasa/GO é o entreposto que mais vende pequi no Brasil.

Como perspectiva para o futuro, a extração de pequi em Goiás é promissora, com a possibilidade de expansão do uso do fruto pelas agroindústrias. Contudo, ainda há desafios, como a necessidade de estudos mais aprofundados e de um levantamento de dados mais abrangente sobre a extração do pequi. Com o desenvolvimento de estudos técnicos e melhorias nas práticas de produção, Goiás tem grande potencial para se consolidar como um polo de excelência na extração sustentável de pequi, beneficiando tanto os produtores quanto o mercado consumidor.

 SÉRIE HISTÓRICA DO VALOR COMERCIALIZADO DO PEQUI – CEASA/GO (R$/kg)

 COMERCIALIZAÇÃO DE PEQUI – CEASA/GO

 EXTRAÇÃO DE PEQUI 2023

 GOIÁS: DESTAQUES MUNICIPAIS NA EXTRAÇÃO DE PEQUI- 2023