Governo de Goiás prorroga quarentena por mais 15 dias
“A quarentena em Goiás está prorrogada por mais 15 dias.” Assim o governador Ronaldo confirmou, durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (3/4), que o Estado segue adotando medidas de isolamento social para combater o avanço do novo coronavírus e, desta forma, preservar vidas. O decreto vale até o próximo dia 19 de abril e conta com algumas exceções em relação às regras de abertura de estabelecimentos comerciais e de serviços.
O prolongamento das medidas de isolamento foi definido com base em estudos que apontam para o achatamento da curva da Covid-19 em Goiás, o que evitaria um colapso no sistema de saúde. “Peço a todos os empresários: é hora de pensarmos como ponto principal exatamente a busca de condição para que os goianos possam sobreviver a essa pandemia”, frisou Caiado.
Ciente das reivindicações da classe empresarial, o governador sinalizou que pode haver novas flexibilizações nos próximos dias. “Quanto à área econômica temos sensibilidade, sabemos da importância dela. Mas ela realmente será gradualmente liberada”, apontou. Ele explicou que o Estado, em parceria com Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal de Goiás e Instituto Mauro Borges, está trabalhando para implantar métodos capazes de impedir que o Estado de Goiás caminhe para um quadro grave de disseminação da pandemia. “Seria uma falha imperdoável se deixássemos a população correr esse risco”, enfatizou.
Detalhes do decreto
A partir do novo decreto, que já está publicado no Diário Oficial do Estado, continua permitida a abertura de borracharias, oficinas, lanchonetes e restaurantes instalados em postos de combustíveis, se situados às margens de rodovia; lojas de autopeças; e ainda estabelecimentos que estejam produzindo exclusivamente equipamentos e insumos para auxílio no combate à pandemia.
Também está prevista a retomada de feiras livres de hortifrutigranjeiro, mas está proibido o funcionamento de restaurantes ou praças de alimentação bem como o consumo de produtos no local. Profissionais liberais podem abrir seus escritórios, contudo, continua vedado o atendimento presencial ao público. Já cartórios extrajudiciais estão autorizados a funcionar, observando as normas editadas pela Corregedoria-Geral da Justiça do Estado de Goiás.
No caso da Educação, o decreto autoriza a realização de atividades administrativas das instituições de ensino públicas e privadas. Uma nota técnica da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) determina que as aulas presenciais em escolas, faculdades e universidades permaneçam suspensas até o dia 30 de abril, levando em consideração que a aglomeração de pessoas pode contribuir para a disseminação da Covid-19 entre estudantes e professores.
Caiado disse entender a dificuldade de alguns setores neste período de isolamento social, e que busca um socorro financeiro junto ao governo federal. “É hora de liberar linhas de crédito para dar condições para que eles não demitam, para terem acesso ao capital de giro em condições subsidiadas e de longo prazo”, disse. “Tanto é que em relação ao FCO, já solicitei ao superintendente do Banco do Brasil que toda verba seja destinada a micro, pequenas, médias e também às grandes empresas para que todos possam ser contemplados com empréstimos a longo prazo, com juros baixíssimos, e assim manter seus funcionários”, salientou.
O governador esclareceu que tem feito o que está a seu alcance, no âmbito do governo estadual, para minimizar os impactos da quarentena na vida das pessoas. Como exemplo, citou a prorrogação do prazo para pagamento do IPVA; a determinação para que a Saneago não corte o fornecimento de água em caso de inadimplência; o mesmo pedido para que não haja interrupção de energia junto à Enel; e o diálogo constante com representantes de todos os segmentos da sociedade em busca de soluções conjuntas. “Não tenho cabeça para outra coisa”, garantiu.
A quarentena e a curva do coronavírus
Desde que o novo coronavírus começou a se espalhar pelo mundo, Goiás vem se preparando para lidar com o problema. Seguir as recomendações técnicas da Organização Mundial de Saúde (OMS), e demais autoridades científicas reconhecidas, e analisar a relação “ações de governo x reação do coronavírus” constatada nos outros Estados e países estão entre os protocolos adotados no governo estadual para tomada de decisões. Até aqui, tem dado certo.
Os números que comprovam o cenário otimista em Goiás foram apresentados nesta sexta-feira pelo secretário de Desenvolvimento e Inovação (Sedi), Adriano Rocha Lima. Segundo ele, o isolamento social é adotado como uma tentativa de reduzir o chamado R0, que mede a capacidade que cada pessoa com Covid-19 tem de contaminar outras pessoas. Há dados de que em Wuhan, cidade chinesa que foi o epicentro inicial da doença, esse índice chegou a 4 (ou seja, cada paciente pode ter contaminado outros quatro); na Itália, 6.
Já em países que conseguiram controlar o coronavírus, uma pessoa contaminava somente mais uma. “O fator em Goiás, devido ao grau de isolamento adotado, está em 1,6”. O R0 pode melhorar ainda mais quando associada outra condicionante, que é o reforço nos hábitos de higiene da população.
Para exemplificar, o titular da Sedi apresentou três cenários, partindo como princípio o dia 27 de março, quando iniciou a transmissão comunitária da Covid-19 no Estado. No primeiro (curva verde), se Goiás mantiver os mesmos protocolos que já estão em vigor, dentro de 30 dias pode registrar 21 mil casos de coronavírus e cerca de 200 mortes, consumindo 278 leitos de UTI. Na segunda hipótese (curva azul), ele explica que, “se além de mantermos o isolamento, os hábitos de higiene forem intensificados, podemos reduzir esses 21 mil para 9 mil casos e as mortes para menos de 200, economizando muitos leitos de hospital e de UTI”.
No terceiro e último cenário, a curva vermelha indica o resultado de um relaxamento de medidas, inclusive o de isolamento social. “[O cenário na saúde] pode explodir, chegando a 110 mil casos em 30 dias, com quase 400 óbitos e consumindo mais de 500 leitos de UTI”, projetou Adriano. A tendência é que os números se multipliquem a cada dia que passa. “O pico de contaminação em 40 dias, nesse caso, pode chegar a 2 milhões de infectados em Goiás”, disse.
Sobre o cenário de relaxamento de medidas, que provocaria caos na saúde pública, o governador classificou que “seria uma falha imperdoável deixar a população correr esse risco”. Por isso, tem promovido uma união de esforços para vencer a pandemia com o menor número de mortes possível. O estudo apresentado nesta tarde foi fruto de parceria entre o Centro de Operações de Emergências (COE), da Sedi, da SES-GO, do Instituto Mauro Borges e da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Fotos: Erick Corrêa
Secretaria de Estado de Comunicação – Governo de Goiás