“Falar sobre suicídio é uma das maneiras mais eficazes de prevenção”
Card: AGR
Em live promovida pelo Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (Sesmt) do Palácio Pedro Ludovico Teixeira e o da AGR, a psicóloga clínica e primeiro-sargento da Polícia Militar de Goiás, Ana Paula N. Nunes, apresenta mitos e verdades sobre o assunto. Suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos
A primeiro-sargento da Polícia Militar de Goiás (PMGO), Ana Paula N. Nunes, afirmou, nesta quarta-feira (15/09), em live promovida pelo Sesmt do Palácio Pedro Ludovico e pelo Sesmt da Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR), que o suicídio tem apresentado aumento nas Américas e que poucos são os países que têm estratégias de prevenção. Ao falar sobre o tema, do ponto de vista de quem está em sofrimento, a psicóloga e professora da Escola de Governo declarou: “Falar sobre o suicídio é uma das maneiras mais eficazes de prevenção”.
Com a participação de mais de 80 pessoas, a live é uma das ações da AGR, em parceria com o Sesmt do Palácio, no âmbito da campanha Setembro Amarelo, de Prevenção ao Suicídio. A campanha é realizada desde 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), com o objetivo de alertar os brasileiros para a necessidade de se ter uma sociedade mais atenta aos sinais que podem culminar em suicídio. O dia 10 é oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano, com ações concentradas em setembro.
Em sua palestra, a psicóloga ressaltou que o suicídio nunca é original, ele é sempre uma consequência de fatores psicológicos e genéticos e trata-se de um fenômeno complexo e multifacetado. Afirmou que não há um perfil homogêneo. O que há são fatores de risco, entre eles, um ou mais diagnósticos psiquiátricos; abuso de substâncias; eventos adversos, como perdas, rompimentos de relações, luto; história familiar de suicídio; violência familiar, incluindo abuso físico e sexual; tentativa anterior; acesso a armas ou exposição a comportamentos suicidas.
De acordo com os dados apresentados pela palestrante, a incidência é maior em pessoas do sexo masculino, viúvos, divorciados e separados, homossexuais e bissexuais, doenças crônicas, dolorosas ou incapacitantes e dinâmica familiar conturbada. Ela explicou que de cada 17 pessoas que têm a ideia de suicídio, 5 fazem planos, 3 chegam a tentativas e 1 pessoa consuma a ideia.
Mas, ela apresentou, também, os fatores de proteção que vão contribuir para minimizar os riscos. São eles: sociedades que favorecem interdependência e diálogo nas decisões; percepção otimista da vida, opondo-se à desesperança; apego a filhos pequenos e sentimento de importância na vida de outras pessoas; e pertencer a um grupo religioso, étnico, família e instituições. Quanto mais fatores de proteção, mais nulas são as situações de risco. “O que faz a diferença na escolha entre a morte e a vida não são só os fatores de risco”, acentuou.
Entre os mitos sobre o suicídio, apresentados por Ana Paula N. Nunes, está o de que quem fala em suicídio raramente o comete. Ela esclareceu que a pessoa em sofrimento vai deixando pistas, sinais, e que é importante perceber esses sinais. Outro mito é o de que perguntar sobre suicídio pode provocar atos suicidas. Há também o de que quem quer se matar está sempre determinado e, ainda, o da melhora repentina que deve ser um sinal de alerta.
Nas estratégias de prevenção, ela aponta, entre outras, a de se ter uma atitude empática e não confrontar a pessoa; reduzir o acesso a substâncias tóxicas ou letais; estabelecer acordos para criar vínculos com a pessoa; tratamento de doenças crônicas para reduzir o desconforto; a reinserção na sociedade por meio de apoio psicossocial; facilitar o acesso ao tratamento da saúde. “Na prática, o melhor é acolher e respeitar a dor do outro, mostrando que se importa, envolver família e amigos, orientar sobre o risco de suicídio, discutir sinais de alerta, reduzir isolamento e reduzir a sensação de ser um peso para outras pessoas”, disse.
A live foi conduzida pelo coordenador do Sesmt da AGR, Jeremias Borges Vieira e contou com a participação da equipe do Sesmt do Palácio Pedro Ludovico Teixeira.
Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR) – Governo de Goiás