Suellen Mara

Os diferentes tipos de organização do trabalho, a partir da industrialização, trouxeram transformações significativas não apenas no modo de produzir, como também na forma em que as pessoas compreendiam o trabalho. Se no taylorismo e no fordismo, nós teremos trabalhadores/as que precisam acompanhar a cadência das máquinas, no toyotismo os aspectos subjetivos (emocionais/intelectuais) serão utilizados pelas empresas para intensificar a produção.

Atualmente, vivenciamos o que tem sido chamado de Uberização do trabalho, que compreende o que Abílio (2020)  diz ser uma autonomia gerenciada, devido ao binômio parceiro-aplicativo, mas que não se encerra nesta limitação. Concomitantemente, temos assistido ao aumento da informalidade e de microempreendedores individuais, a nível nacional, que pode ser tanto caracterizado pelo o que se denomina viração (ter que se virar), quando as atividades, geralmente vulneráveis, são realizadas devido ao contexto de desemprego, ou pela tentativa de conseguir autonomia e ascensão social, no caso da informalidade.

Temos, nesse sentido, um cenário construído por atores que estavam tentando se adequar ao novo contexto do mundo do trabalho e que foram afetados, inesperadamente, pela pandemia de Covid-19. Como consequência, houve diminuição da produção, da renda e aumento da incerteza. Diante deste palco, cujas cenas vão se alterando no decorrer da história, muitas vezes de forma imprevisível, é necessário criar um roteiro e uma dinâmica entre os atores que possibilitem a continuidade da peça. 

A Retomada está atuando na elaboração e produção de novos roteiros, ciente do impacto de suas ações na vida de cada trabalhador/a goiano/a. Por esse motivo, tem atuado de forma a ampliar a autonomia das pessoas através da geração de emprego, de oportunidades, por meio da qualificação, do investimento na economia criativa, potencializando as micro e pequenas empresas, protagonistas na geração de emprego em Goiás, para fazer com que as pessoas aumentem seu poder de agência.

O trabalho é um dos elementos centrais da vida humana. É por meio dele que ampliamos nossas relações sociais, nos tornamos sujeitos/as autônomas e ainda mais conscientes de nosso papel no mundo. Ademais, cabe dizer que as qualificações, o crédito e as orientações em relação ao emprego, trazem possibilidades para que as pessoas possam ampliar as suas vocações pessoais e, também, as vocações locais, mediante a conexão entre oferta e demanda que está sendo realizado pela Retomada.

Se trata, portanto, de utilizar os recursos naturais, humanos e de capital de forma eficiente, mas trazendo sentido na produção e no trabalho de cada agente econômico local, compreendendo as necessidades humanas para além das de aquisição de mercadorias e serviços no mercado, mas de pertencimento, consciência, autonomia e de voz política. Logo, as ações que a Retomada tem realizado vão de encontro com as necessidades de geração de emprego e renda, mas também com a intenção de produzir sentido: na produção e na vida.

*Suellen Mara é gerente de Avaliações e Informações da Secretaria da Retomada

Secretaria da Retomada – Governo de Goiás