De olho no futuro, Serra Dourada completa 46 anos de protagonismo no futebol goiano
Maior palco do futebol goiano, o Estádio Serra Dourada completou, nesta semana, 46 anos. Inaugurado no dia 9 de março de 1975, o local passa por intervenções constantes desde que o governador Ronaldo Caiado assumiu a gestão do Executivo. O titular da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), Henderson Rodrigues, projeta um futuro ainda melhor para a praça esportiva, tão logo cessem as conseqüências da pandemia de Covid-19.
“Trabalhamos para tornar o Serra Dourada mais atrativo para clubes e torcedores. Sabemos que quando tudo voltar ao normal e as torcidas retomarem seus espaços nas arquibancadas, ele ainda será o único estádio em Goiânia apto a receber partidas com a demanda de mais de 15 mil espectadores”, afirmou Rodrigues. “O Serra Dourada nunca vai perder a sua importância”, reiterou o secretário.
Intervenções constantes mantêm o estádio pronto para ser utilizado a qualquer momento. Recentemente, foi realizada a revitalização total do gramado, o que não era feito desde o final de 2017. O procedimento é necessário por causa do desgaste provocado pelas cerca de 40 partidas disputadas no local a cada temporada. Com o serviço executado, o campo está em perfeitas condições para os jogos deste ano.
Além da recuperação do gramado, a Seel fez ajustes nos itens de segurança, com melhorias que há muito tempo eram recomendadas pelo Corpo de Bombeiros, como a instalação de guarda-corpos em pontos críticos e de um novo sistema de combate a incêndios.
Com as intervenções, o secretário de Esporte e Lazer destacou que acredita na viabilidade do Serra Dourada dentro da estrutura pública, mesmo com os investimentos feitos pelos times de Goiânia em seus estádios particulares.
“O Serra será menos utilizado do que em anos anteriores, mas vai continuar recebendo os grandes jogos, que, consequentemente, irão gerar maiores receitas de bilheteria”, pontuou Henderson. “Ajustes são sempre necessários para que a praça esportiva não fique apenas com o saudosismo dos anos de glória. Vamos trabalhar para que o local continue como referência quando se trata de futebol goiano”, garantiu.
Atualmente, o Serra Dourada se encontra em condições para receber jogos dos campeonatos Goiano e Brasileiro Série B, e da Copa do Brasil. Além disso, está em andamento processo de licitação para a troca do sistema de iluminação, atingindo 2500 lux de potência, exigência para deixar a praça esportiva preparada para o Campeonato Brasileiro Série A e competições internacionais, como a Copa Sul-Americana.
História
Idealizado para permitir o crescimento do futebol goiano e projetar o Estado, o Serra Dourada começou a ser imaginado a partir da constatação da precariedade do antigo Estádio Olímpico Pedro Ludovico Teixeira, que tinha uma capacidade de público reduzida.
A existência de um estádio de grande porte seria condição indispensável para a presença do Estado de Goiás no panorama nacional. O governador à época, Leonino Caiado, determinou ao engenheiro Lamartine Reginaldo da Silva Júnior, então diretor-geral da Fundação Estadual de Esportes (FEE), órgão do governo que cuidava do esporte, para que iniciasse o processo de construção da nova praça.
A edificação começou no dia 31 de março de 1973. Menos de dois anos depois – exatamente um ano, onze meses e nove dias -, em 9 de março de 1975, o novo estádio estava pronto.
Primeira partida
O dia 9 de março de 1975 correspondeu ao segundo domingo daquele mês. A partida inaugural foi disputada por duas seleções. De um lado estava a goiana, representando o Estado e sua população. Do outro, a respeitada seleção de Portugal.
No time da Casa, nomes de respeito no futebol da época e que estão na história dos clubes locais. Craques como Lincoln – chamado de o "Leão da Serra" -, Macalé, Matinha, Paghetti, Fernandinho e Tuíra, entre outros. Entretanto, coube a Octávio marcar para Portugal o primeiro gol da história do Serra Dourada.
Já o tento brasileiro foi do centroavante Lincoln. O meia Alexandre Neto iniciou a jogada e passou para o ponta-direita Fernandinho, que acionou o “Leão da Serra” na intermediária. O atacante, que fez história com a camisa do Goiás, progrediu em diagonal e bateu de canhota no canto direito do goleiro.
O meia Tuíra fez o segundo da seleção goiana, que venceu a partida por 2 a 1, de virada, para 76.718 pagantes.
Ainda durante este período, o estádio foi salão de festas para inúmeras conquistas no Campeonato Goiano, e comemorações de títulos dos campeonatos Brasileiros de Série B e Série C de Goiás, Atlético e Vila Nova. Além disso, o local foi palco de vários jogos da seleção brasileira e uma das sedes na Copa América de 1989, disputada no Brasil.
Craques
No universo do futebol, o Serra Dourada pode se orgulhar de ter sido local de exibição para verdadeiros “monstros sagrados”. Desfilaram no sempre elogiado gramado do chamado “Gigante do Cerrado” craques como Pelé, Maradona, Zico, Francescoli, Sócrates, Caniggia, Romário, Neymar e Robben, para citar apenas alguns nomes. Além de diversos ídolos dos clubes goianos, com destaque para lendas como Lincoln, Guilherme, Tuíra, Luvanor, Baltazar, Cacau, Túlio, Fernandão, entre outros que alegraram a torcida local e construíram a história do futebol no Estado.
Com 131 gols, Túlio Maravilha é o maior artilheiro do Serra. O estádio é conhecido, ainda, por trazer sorte para a seleção brasileira, que disputou no local 14 partidas e jamais foi derrotada – são 12 vitórias e dois empates.
Vanguarda
Inovador para a época, o projeto arquitetônico do Serra Dourada é de autoria do arquiteto e urbanista capixaba Paulo Mendes da Rocha, que, em 2006, foi condecorado com o Prêmio Pritzker, o mais importante da arquitetura mundial.
Entre as inovações apresentadas por Mendes da Rocha estão os vãos nas arquibancadas, localizados atrás dos dois gols. Além da estética, eles permitem a refrigeração natural do espaço interno, amenizando o forte calor da região. O Serra Dourada também foi o primeiro estádio a contar com jardins em seu interior, contrastando com o concreto.
O engenheiro Lamartine Reginaldo e os arquitetos Armando Scartezini, Ariel Costa Campos e Silas Varizo foram os responsáveis pela obra, totalmente realizada na gestão do governador Leonino Caiado, primo do atual governador, Ronaldo Caiado.