A taxa de aprovação em exame prático de carteira nacional de habilitação (CNH) só chega a 36% em Goiânia, segundo o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO). O índice é bem abaixo dos 60% estabelecidos pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para que os centros de formação de condutores (CFCs) consigam renovar os seus credenciamentos. A alta reprovação pressionou o órgão goiano a permitir os candidatos fazerem parte das aulas de volante na pista interna de prova. A autorização começou a vigorar ontem.

Em cada grupo de 10 alunos reprovados, oito travam na primeira fase do exame prático, no circuito interno, por não conseguirem sair do estacionamento e fazer conversões ou por desrespeitarem semáforo e faixa de pedestre. Os dados constam do levantamento inédito realizado pelo Detran, em parceria com a Universidade Estadual de Goiás (UEG), que aplica as provas. A medida passa a valer dois meses após a promotora de Justiça Marlene Nunes Freitas Bueno cobrar do órgão de trânsito a melhoria no índice de aprovação e fiscalização dos 782 CFCs em Goiás – 135 deles na capital – para oferecer melhores treinamentos aos candidatos, como mostrou O POPULAR em 2 de outubro.

“Nenhum CFC em Goiânia está atingindo o índice de aprovação”, admite o gerente de Habilitação do Detran, Rodrigo Rezende, ressaltando que 12 mil processos de CNH são abertos, por mês, em Goiás. Na capital, cerca de 350 candidatos são avaliados na prova prática por dia, de acordo com ele, mas, considerando os cálculos, apenas 126 são aprovados. O Estado tem, em média, 54% de aprovação em exame prático, índice que também está abaixo do limite mínimo definido pelo Contran.

Em média, os reprovados são obrigados a pagar mais 160 reais para fazer o reteste, em Goiânia, e até 200 reais, no interior, se quiserem passar por novo exame em busca da carteira de motorista. No entanto, com a liberação da pista interna, a expectativa do gerente de Habilitação é de que “o nervosismo dos candidatos diminua e a aprovação aumente”. “A gente espera que, andando na pista antes, o candidato quebre o paradigma de que aqui é o lugar ruim”, afirma ele.

O órgão informa que também já definiu outros locais de prova, na capital, para descentralizar os exames e o fluxo de candidatos. “O Detran já estudou alguns locais. Um deles é o autódromo de Goiânia”, antecipou Rezende, sem especificar os demais endereços. A proposta ainda depende de autorização de órgãos públicos.