Segunda edição do Inova CGE faz a interação entre burocracia e hack

“O Ser humano deve ser senhor da tecnologia e não servo dela. Para isso ele precisa compreender para se apropriar e dar novos destinos a esse conhecimento. Inovação não é feita pelo software ou pelo hardware. É feita pelo Peopleware”, afirmou o palestrante André Eloy Soares

A inovação já não é mais percebida exclusivamente como uma questão para as empresas privadas que buscam desenvolver e implementar novos produtos, processos ou técnicas. A administração pública também é impactada pela necessidade de inovação, mas tem diante de si desafios como a crise fiscal – o limite que se estabeleceu na possibilidade de receita e os gastos sempre nos limites legais. Surge o desafio: como fazer mais com menos? Na opinião de André Eloy Soares, essa equação só pode ser resolvida no âmbito da inovação.

Com o objetivo de apresentar os conceitos básicos e casos de sucesso da cultura de inovação no setor público, a Controladoria-Geral de Goiás (CGE) realiza, nos meses de outubro e novembro, uma série de encontros virtuais – o Inova CGE. Nessa terça-feira (27/11), o palestrante foi André Eloy e teve como mediadora dos debates a gerente de Controle Social da CGE, Majorie Lynn. A participação dos servidores foi maciça, inclusive com o encaminhamento de diversas perguntas que foram respondidas pelo palestrante.

André Eloy é co-fundador e facilitador do Cocriatorio; onde atua com foco em inovação para o setor público, com a organização de hackathons, design sprint, competições de inovação e workshops para governos, ONGs e grandes empresas. Pesquisador assistente em tributação para startups da FGV-RIO, tem se dedicado ao tema da Transformação Digital do Setor Público: digitalização de serviços públicos, inteligência baseada em dados para gestão de serviços digitais e governo como plataforma.

Ao ser provocado sobre qual seria a maneira de inovar no contexto do Estado, onde o servidor público só pode fazer o que está previsto na lei, André Eloy deu uma aula sobre a origem do termo burocracia. Um conceito criado por Max Weber, no século XIX, para o fenômeno das ciências políticas, que saíram da tradição para governos estabelecidos pela lei/voto. Um conceito que prima por um sistema de valores e que é essencial para a democracia, mas que via de regra, é entendido por espaços fechados e de difícil acesso.

O palestrante lembrou o programa americano, da década de 60, o Advanced Research Projects Agency (Arpa), que apesar de ser um projeto militar, assegurou a comutação de dados, transformando-se na primeira rede a implementar o conjunto de protocolos TCP/IP. O trabalho aberto a outros segmentos garantiu as bases da internet como a conhecemos hoje. Para André Eloy, a abertura e a liberdade entre os membros do projeto permitiram que a inovação existisse. “É preciso trazer para o setor público um pouco desse espírito de colaboração e inovação”, garante.

Questões de como lidar com o poder e a necessidade de simplificar ao máximo as informações para serem repassadas para o servidor e o cidadão estiveram entre os pontos abordados. O Estado lida com problemas complexos. Quem poderia imaginar um cenário como o da Covid? Para resolver é preciso ter um design centrado no humano. “É trazer do caos para a ordem experimentando em pilotos as possíveis soluções”. André Eloy lembra que os gestores não estão sozinhos, que existe uma rede enorme de grupos interessados em ajudar na busca de soluções, como os hackerativistas e empreendedores cívicos. 

A busca de soluções inovadoras passa pela realização de “experimentos seguros para falhar”. Por meio de protótipos, criação de produtos viáveis, pilotos e, muito importante, aprender com os erros. Ele recomenda a organização de eventos replicáveis como Hackathons, Startup Weekends, Govjam, TEDx, Fuckup Nights, dentre outros. No caso dos Hackathons, lembra que não devem ser vistos como apenas desenvolvedores de tecnologias, mas principalmente para favorecer a inter-relação entre redes e como forma da sociedade civil e servidores públicos se unirem na concepção e execução de projetos.

“É preciso abandonar essa cultura que tem aversão ao erro”, ensina André. Para ele, temos que inspirar e dar condições ao servidor público de inovar. O controlador-geral do Estado de Goiás, Henrique Ziller, disse que pretende adotar essa abordagem da inovação como estilo na CGE, de forma que seja assimilada ao modo de agir e à cultura dos servidores. E uma forma é justamente a concretização do projeto Inova CGE.

Controladoria-Geral do Estado (CGE) – Governo de Goiás

 
 

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