Saúde constata aumento dos casos de sífilis e alerta população para ter cuidado

Por ser silenciosa, a sífilis, doença infectocontagiosa, sexualmente transmissível, tem gerado preocupação na população brasileira. Recentemente, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, declarou que a doença está sendo tratada como epidemia no Brasil, já que o número de infectados tem crescido significativamente. De acordo com dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde de 2016, entre 2014 e 2015, a sífilis adquirida teve um aumento de 32,7%, a sífilis em gestantes 20,9% e congênita (da mãe para o filho), de 19%.

No Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT), unidade referência em Goiás e região no atendimento a doenças infecciosas e dermatológicas, a situação também é alarmante. Entre 2010 e 2016, houve um aumento de 780% dos casos de sífilis. Em 2010, o Ministério da Saúde deu início à notificação compulsória da sífilis adquirida, portanto pôde-se ter a ideia da real situação da doença. Por isso, a população tem de redobrar os cuidados e procurar ajuda médica sempre que tiver qualquer suspeita sobre o problema.

No Sistema de Informação de Agravo de Notificação do hospital são registrados os casos da doença em adulto nas formas primárias, secundárias e terciárias. Em 2010 foram notificados 25 casos; em 2011 foram 72; em 2012, 33 casos; em 2013 foram 57 casos; em 2014, 157; e em 2015 foram registrados 167 casos. Já em 2016, só até a primeira quinzena de outubro, já foram notificados 220 casos. Entre 2014 e 2016, houve um aumento de 63 casos registrados no HDT, número considerado alarmante para o estado de Goiás.

Fatores

Segundo a infectologista do HDT, Luciana Oliveira, o aumento no número de casos da doença se deve a vários fatores, principalmente, pela falta de esclarecimento e pelo não uso de preservativos. “As pessoas não estão se protegendo e estão se expondo mais, pois a maioria não usa camisinha”, comenta. A médica ainda ressalta que para reverter o quadro de aumento do número de casos da doença é necessário que continuamente sejam realizadas medidas educativas, reforço do uso do preservativo e que haja conscientização por parte das pessoas expostas de que precisam realizar exame de sangue (sorologia) para fazer o diagnóstico e controlar a doença.

O infectologista Boaventura Braz de Queiroz ressalta um conjunto de elementos que provocaram esta situação alarmante. Além de hábitos sexuais sem prática de sexo seguro (preservativos), o infectologista salienta a redução de campanhas educativas e projetos junto a populações vulneráveis e desabastecimento de medicamentos necessários ao tratamento da doença, tanto na rede privada quanto na rede pública. “Vejo a necessidade de maior enfrentamento desta triste realidade, com ações que visem um aumento do uso de preservativos e melhor divulgação dos riscos e consequências por não praticar sexo seguro”, destaca Boaventura. Em nível nacional, o governo federal lançou este mês uma campanha de combate à sífilis e assinou uma carta de compromisso para intensificar o enfrentamento da enfermidade.

Governo na palma da mão

Pular para o conteúdo