Marconi diz que anteviu a crise e criou estrutura para garantir sobrevivência do Estado

Em meio à crise nacional, Goiás vive uma situação econômica mais equilibrada que a de Estados como Rio de Janeiro – com a saúde em caos e servidores e aposentados sem receber – e Rio Grande do Sul, com atrasos do funcionalismo. Não por sorte, mas por visão administrativa somada a ações duras, mas necessárias.

Em resumo, foi o que afirmou o governador Marconi Perillo, em entrevista ao vivo a nove rádios de municípios da Região Norte de Goiás: Sucesso e Cidade (Jaraguá); Vera Cruz, Itajá e São Carlos (Goianésia); 96 FM (Barro Alto); Legal e Aliança (Ceres); Alvorada (Rialma); Uruaçu FM; Nova Era e Tropical (Porangatu); Mara Rosa FM; e Serra da Mesa (Minaçu). “Minha experiência me levou a enxergar em 2014 que teríamos uma crise sem precedentes na história do Brasil em 2015 e 2016”, disse Marconi, ao lembrar que, ainda em 2014, fez a maior reforma administrativa da história do Estado. “Eliminei cerca de 10 mil cargos comissionados e temporários, diminuí despesas e reduzi o número de secretarias para dez”, recordou. “Todas essas economias me fizeram conseguir atravessar 2015, apesar da maior crise econômica da história do Brasil”.

O governador falou também, e principalmente, de assuntos de interesse direto dos próprios municípios representados pelos profissionais das rádios presentes no Salão Verde do Palácio das Esmeraldas. Entre eles, saúde, segurança, rodovias, Vapt Vupt. E, ainda, sobre temas políticos, como eleições, impeachment da presidente Dilma Rousseff e da internação, obtida pelo governador, para o menino Davi, de 2 anos de idade, portador da Síndrome de Imunodeficiência Combinada Grave. Vja os principais pontos da entrevista.

Hospital de Jaraguá

Todos vocês sabem que o Hospital Municipal de Jaraguá é de responsabilidade exclusiva da prefeitura. Aliás, esse hospital foi construído pelo governador (Henrique) Santillo, eu tive a honra de ir à época a Jaraguá, como assessor do Santillo, para inaugurá-lo, representando o governador. Depois de muitos anos o governador Maguito Vilela passou esse hospital para a prefeitura. Na minha opinião, foi um grande erro, porque um hospital regional tem de ser administrado pelo governo do Estado. E agora, depois de muitas tratativas com o deputado Nédio Leite, nós resolvemos iniciar um processo pra reversão desse hospital para o governo do Estado. Determinei as providências para que o Estado assuma, faça uma licitação de OSs, para que a gente tenha em Jaraguá um hospital funcionando bem e atendendo toda a região. Como vocês sabem, todos os hospitais do governo do Estado hoje são administrados por OSs e todos eles funcionam maravilhosamente bem. O último hospital que nós terceirizamos para OSs foi o de Pirenópolis, e todas as pessoas que visitam o hospital de Pirenópolis percebem a mudança que ocorreu depois que nós fizemos a mudança da administração. Eu queria reafirmar a minha determinação em assumir o hospital tão logo todo o procedimento jurídico e legal esteja pronto, nós vamos assumir e vamos mudar pra valer a gestão desse hospital.

A Região Norte

Tenho todo o interesse em continuar ajudando a Região Norte. Vocês sabem que nos últimos quatro anos eu dei muito foco à reconstrução de rodovias, como foi o caso de Porangatu-Novo Planalto-São Miguel do Araguaia, além da manutenção dos programas sociais, dos programas econômicos. Neste momento agora, nós estamos aguardando apenas o desfecho da crise política em Brasília, que deverá ocorrer agora no começo de maio, para que possamos voltar às tratativas com o governo federal e viabilizar recursos de operação de crédito, ou de privatização, para começarmos as obras. No momento de crise tão grande como essa, crise econômica, crise política, não dá pra gente pensar em investimentos. Foi o que eu fiz. Eu parei os investimentos pra pagar folha dos servidores públicos em dia, pra pagar a manutenção do Estado, dívidas externas, e agora nós estamos fazendo um trabalho de manutenção das rodovias. E tão logo tenhamos recursos, nós vamos começar um trabalho de reconstrução e de conclusão de rodovias. Recursos que deverão começar a chegar este ano, nós vamos concluir a rodovia de Porangatu a Montividiu do Norte, e também o trecho iniciado em Bonópolis e Cruzeiro.

Saúde em Goinésia

Nós temos muitas parcerias com prefeito Jalles (Fontoura). Muitas e boas parcerias. Nossa meta é terminar as estradas que estão iniciadas pra Jucelândia e Codora, pra Malhador, também concluir o Credeq e o AME. E tem muitas outras parcerias. Essas coisas relacionadas a ambulâncias são coisas pequenas, que se o prefeito precisa, tenho todo o interesse de atender. Eu tenho pagado emendas dos deputados sempre que têm essa necessidade de pequenos benefícios como ambulâncias. (a repórter insiste sobre a ambulância). Bem, se o prefeito pedir, eu tenho todo interesse de ajudar, agora ambulância não é responsabilidade de governador, é responsabilidade de prefeitura. Só que eu tenho ajudado prefeitos do Estado interior quando precisam de ambulâncias. Principalmente, quando os deputados põem emendas dentro do orçamento, eu pago. Se o prefeito Jalim, que é meu querido amigo e companheiro precisar de ambulância e me pedir, eu procurarei atender na hora. Tanto a ele, quanto o presidente da Assembleia, o dr. Helio (de Sousa).

Antecipação à crise

Minha experiência me levou a enxergar em 2014 que teríamos uma crise sem precedentes na história do Brasil em 2015 e 2016. Ainda em 2014, fiz a maior reforma administrativa da história do Estado. Eliminei cerca de 10 mil cargos comissionados e temporários, diminuí despesas e reduzi o número de secretarias para dez. Todas essas economias me fizeram conseguir atravessar 2015, apesar da maior crise econômica da história do Brasil. Tivemos no Brasil uma retração do PIB de 3,8%. Esse ano não vai ser diferente, talvez melhore um pouco se houver a mudança de governo. Mas nós fizemos o dever de casa, fizemos muita economia. É claro que tivemos de sacrificar investimentos, mas conseguimos manter a folha e as principais obrigações do Estado em dia. Com muito sacrifício. Hoje, passados esses meses todos, a gente vê vários Estados que já estão há dois meses sem pagar funcionário publico.

Nós também temos dificuldades, mas estamos conseguindo manter recursos para pagar folha, dívida externa, obrigações de segurança, educação, saúde. Consegui disponibilizar este ano R$ 260 milhões para a manutenção e recuperação de estrada. Com muito sacrifício. O fato é que quando a economia anda pra trás, a primeira coisa que acontece é o povo não consumir, parar de comprar. Faltou dinheiro no bolso e crédito não tem como comprar. Isso diminui a arrecadação de ICMS, que é a maior fonte de receita do Estado. À medida que para o consumo, para a receita. A gente tem de rever todo o planejamento do Estado. Foi o que fiz. Estou fazendo isso com uma equipe econômica muito boa, muito afinada comigo e graças a isso estamos conseguindo atravessar esse deserto de falta de dinheiro.

Impeachment

Ainda acho que não há como parar o processo de impeachment. Pelo que temos de informações, ele será admitido no Senado e teremos um novo governo. Eu acho que para este momento é bom que seja assim. Hoje há uma briga muito grande entre Câmara e Presidência da República.  Está tudo parado. Nada anda. Não podemos viver num País onde as instituições não funcionam. Muitos projetos dependem do Congresso e outros do governo federal. Se for para melhorar essa situação, tirar o Brasil do atoleiro, é melhor que haja a mudança. E que seja rápida. Porque está tudo parado.

Segurança pública

Eu volto ao que já disse. Quando a atividade econômica para, quando as receitas diminuem, o Estado não pode gastar além do que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal sob pena de prisão, sob pena de sanções gravíssimas. Então, a Constituição determina que os Estados gastem até um determinado limite com funcionários. Nós estamos no limite, não podemos gastar mais. O que eu fiz: programei um concurso para a Polícia Militar, Civil, Polícia Técnico-Científica e Bombeiros que já está começando. Já estamos com todas as fases sendo concluídas. Este concurso vai ser realizado neste ano. E através desse concurso nós vamos contratar mais 2.500 funcionários, policiais militares, 500 policiais civis, 250 bombeiros e alguns do Procon. Este ano eu já convoquei 230 funcionários para a Polícia Técnico-Científica e já estamos chamando alguns agentes penitenciários. Estamos fazendo tudo com os pés no chão, de acordo com nossas possibilidades financeiras e de acordo com  a Lei de Responsabilidade Fiscal. Vamos fazer também concurso para delegado. Tenho certeza que teremos condições de bancar esses gastos novos. Não adianta fazer concurso e contratar mais funcionários se o Estado não tiver dinheiro para pagar. Se não, vai acontecer o seguinte: os velhinhos aposentados vão ficar sem receber do governo. Em vários estados os aposentados estão chorando porque na estão recebendo é porque lá atrás todo mundo queria aumento, aumento, aumento não sabia se os governos iam dar conta de pagar. Todo mundo queria mais funcionário, mais funcionário, mais funcionário. Por conta as pressões e das greves os governos foram contratando e aí chegou a um ponto que não dá conta de pagar a conta. E aí, ao invés de pedir aumento salarial, as pessoas estão pedindo para receber o dinheiro para comprar o remédio. É bom que todo mundo reflita sobre isso. A pressão por aumento salarial é muito grande, a pressão por contratações novas também é muito grande, mas chega a um ponto em que os governos não dão conta de pagar quem trabalha, principalmente quem já trabalhou a vida inteira e se aposentou. Eu tenho tido esse cuidado aqui, que é o cuidado de ir ampliando de acordo com as necessidades, mas com os pés no chão, para que os funcionários sempre recebam, e recebam em dia, como sempre aconteceu em meus governos.

Hospital de Uruaçu

Nós sacrificamos este ano e o ano passado os investimentos nas obras para manter a folha de pagamentos em dia e outras obrigações do Estado, por causa da grave crise do Brasil. Tão logo a gente saia dessas dificuldades nacional, nós vamos recomeçar as obras; e eu já disse em Uruaçu e quero repetir: o hospital de Uruaçu será inaugurado e entregue neste meu governo.

Indústrias

Toda a qualquer iniciativa industrial que quiser vir para Goiás tem o meu apoio integral, em qualquer região, principalmente no Norte e Nordeste. Se os prefeitos e a lideranças trouxerem para mim pedidos de implantação de indústrias, eu darei apoio integral e irrestrito. Eu dei apoio integral para implantação da Bionasa. Tudo que dependeu do governo do Estado teve o meu apoio. Infelizmente, os empresários não conseguiram levar a produção adiante, tiveram dificuldades financeiras. Eu tenho, inclusive, a pedido do Carlos Rosemberg, tentado intermediar a viabilização de outros empreendedores para irem ocupar a Bionasa, que é uma fábrica pronta, já está tudo arrumado. Enfim, se tiverem pessoas, investidores e empresários interessados em qualquer área industrial ou econômica em Porangatu e região contarão, como sempre contaram, com meu irrestrito apoio e incentivos fiscais do governo do Estado.

Governo na palma da mão

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