Marconi defende diálogo político pós crise

Em entrevista ao programa do jornalista Paulo Beringhs, que foi ao ar ontem pela TV Brasil Central, e será apresentado também na TV Goiânia (Band), no próximo domingo, o governador Marconi Perillo falou de praticamente todos os assuntos em pauta hoje no governo e na política nacional, enfatizando o trabalho de combate à violência, a argumentação em favor da gestão pelas OSs na Saúde e na Educação, o trabalho para a organização fiscal do governo do Estado e as medidas administrativas, através dos programas Inova Goiás e Goiás Mais Competitivo. Sobre as questões nacionais, se mostrou preocupado com o momento prós crise política e advoga um amplo entendimento nacional por reformas, especialmente a política, e por um adequado espaço de diálogo entre o governo federal e o Congresso Nacional.

Pós crise

Na verdade, eu me preocupo muito com o que está acontecendo no Brasil hoje, especialmente por conta da crise política que resulta na gravíssima crise econômica. Aliás, essa é a pior crise econômica que o país vive. Nem a Depressão de 1929 foi tão grave quanto essa crise e nós já temos dois anos com recessão. No ano passado, o Brasil amargou um PIB negativo de 3,8%, e neste ano deverá passar de 5%, e é incrível o quanto a crise econômica está vinculada à crise política. Sempre que há alguma novidade, ou a bolsa sobe ou cai, ou o dólar também. A crise moral e a crise ética estão entrelaçadas. Agora, me preocupa o pós crise porque, seja qual for o desfecho, nós teremos problemas. Da forma como as coisas estão hoje não é possível continuar. Esse duelo entre a presidente e a Câmara dos Deputados vai complicando ainda mais a situação dos brasileiros e, também, caso haja o impeachment, como vai ser o comportamento do PT e dos partidos ligados ao PT em relação ao novo governo? Será que não vão querer atrapalhar o novo governo? Essas coisas me preocupam muito, porque, como governador do Estado, nós dependemos de certa estabilidade política e econômica para que os projetos sejam aprovados no Congresso e para que a economia volte à normalidade. Há muitos anos as pessoas não sofriam tanto com carestia, inflação, desemprego, corrupção.

Ações de combate à crise econômica

Isso aí foi que levou a ditadura ao fim. À época da ditadura havia muitas perseguições, muitos crimes, muitas arbitrariedades, mas o que fez com que o povo se mobilizasse pelas Diretas e pelo Muda Brasil foi a crise econômica, que mexe no bolso das pessoas. As gôndolas dos supermercados e armazéns começaram a ser esvaziadas, havia uma remarcação permanente, constante, e hoje não estamos muito longe disso. Agora, nós em Goiás estamos nos preparando para enfrentar e vencer essa crise. Hoje nós temos a estrutura mais enxuta do Brasil, só 10 secretarias. Fizemos todos os cortes que eram necessários e, ainda assim, tivemos uma crise terrível. Como as pessoas estão comprando menos, muitas estão sendo desempregadas e é claro que o Estado arrecada menos impostos. Com isso, vamos ter cada vez mais dificuldades em relação à manutenção de empregos, folha e investimentos.

Folha de Pagamento

Se a crise não piorar nós estamos com a situação dentro do planejado. Foi necessário muito sacrifício no ano passado, muito enfrentamento, mas hoje nós temos um planejamento que nos garante que esses serviços essenciais estejam garantidos. Agora, é claro, não dá para a crise aprofundar mais. Se tivermos mais problemas com a economia, é claro que isso afeta a todos os estados. Nós temos estados como o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul que já não estão pagando folha nem mais no mês seguinte, tamanho o problema que eles enfrentam. Agora, é uma crise que é enfrentada por todo mundo: governadores, prefeitos, e eu gostaria de lembrar que aqui em Goiás nós pagamos a folha dentro da lei. Antes eu pagava antes do prazo estabelecido pela lei. Atualmente nós pagamos cerca de 110 mil funcionários até o dia 30 do mês vincendo, ou seja, do mês trabalhado, pagamos antecipadamente; e o restante nós pagamos conforme determina a Constituição, até o 5º dia útil do mês seguinte. Estamos fazendo isso com muito esforço, com muita economia. Cortamos todos os gastos que poderíamos ter cortado para que a máquina funcione. Principalmente saúde, segurança e educação.

Corte na folha?

Não, não é possível. É possível, se for necessário, se o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal for extrapolado, é possível cortar mais comissionados. Nós já fizemos um corte de cinco mil comissionados, deveremos em breve reduzir mais ainda o número de comissionados, mas espero que não haja mais necessidade de cortes em folha. Nós estamos cumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, foi por isso que prorrogamos os aumentos previstos no ano passado para o final deste ano.

Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual

O que a Lei de Responsabilidade Estadual faz é endurecer mais ainda em relação aos critérios para com os gastos públicos. Nós somos um Estado de quase sete milhões de habitantes. O governo tem que ter políticas públicas, sociais, como nós temos, que possam atender o conjunto da sociedade com geração de empregos, transferência de renda, política de moradia, de saúde, de educação, de segurança. E para que possamos contemplar o conjunto da população é preciso restringir gastos em algumas áreas. Não dá para se gastar com funcionário público além do que é estabelecido na Constituição e na Lei de Responsabilidade Fiscal, e além do que o Estado também pode gastar. Nós temos todo um planejamento que envolve políticas públicas voltadas a todos os segmentos, principalmente aos segmentos mais pobres e trabalhadores.

Alongamento das dívidas dos estados

A verdade é que o governo federal, especialmente o Tesouro Nacional, se transformou desde 1987 em um grande agiota. O governo federal e o Ministério da Fazenda cobram os juros mais altos do Brasil, e cobram exatamente dos governos estaduais e governos municipais. Nós já pagamos a dívida externa do Estado que, aliás, foi quase toda contraída lá atrás, antes mesmo que eu fosse governador. O que pagamos em nossos governos é uma fortuna, mais de R$ 20 bilhões foram pagos em juros, serviços e amortização dessa dívida.

Qual é a dívida?

Hoje ela é de R$ 16,5 bilhões. Os juros são muito altos. Depois de muito debate, discussão, pressão, nós conseguimos melhorar o indexador da dívida externa nos estados e nos municípios. Isso vai significar uma economia de mais ou menos R$ 400 milhões no conjunto da dívida externa do Estado. Agora, com essa prorrogação da dívida, nós vamos ter um fôlego anual que nos garantirá investimentos no Estado. A prorrogação é de 10 anos. E também o governo impôs uma série de requisitos para que essa prorrogação ocorra: em relação a funcionários, a gastos com aumentos, a uma porção de coisas. Nós fizemos a redução de cargos comissionados. Em relação a quase todos esses requisitos de redução da dívida nós já tomamos providências desde 2014, portanto não seremos muito afetados. Desde o final de 2014 estamos fazendo uma grande reforma no Estado; fazendo mudanças, enxugando a máquina, e com isso não vamos ter tantos problemas, desdobramentos. Agora, esse alongamento vai resultar em uma folga para os estados, até porque a trajetória da nossa dívida externa é favorável a partir do ano 2020. No atual estágio, o grosso da dívida está sendo pago nos nossos governos. Até 2019 estamos pagando 20% de receita líquida de dívida externa, e a partir de 2020 esse percentual cai para 15%, e a partir de 2021 cai para 6% das receitas do Estado. Então, a trajetória da nossa dívida é descendente. Ela ficará, a partir de 2020, em uma situação muito mais confortável do que está hoje. Daí a necessidade de alongarmos, porque teremos uma situação bastante confortável de 2020 para frente.

Dívida para o sucessor?

Não. A dívida já existe. O que vai acontecer é que ela vai ser alongada para mais anos. Quando eu recebi o governo, em 1999, havia uma pactuação de dívida de 30 anos. Nos meus governos pagamos praticamente tudo o que tinha de ser pago de juros e amortização, e nos próximos três anos, que ainda serei governador, ainda iremos pagar uma parcela muito significativa dessa dívida. O que estamos fazendo é alongar um pouco para diminuir o impacto que pagamos anualmente. Para se ter uma ideia, o Estado paga mais de R$ 300 milhões por mês de dívida e precatório.

Alongamento da dívida pode ser prejudicado?

Em relação ao alongamento não, porque esse alongamento interessa a todos os governos, às principais prefeituras do país, a governos que são de partidos da base da presidente, de partidos de oposição. E, por outro lado, também, alguns aliados, como é o caso do governador do Rio de Janeiro, estão em uma situação terrível. É um dos principais aliados que ela tem e quem primeiro sofrerá o impacto positivo desse alongamento. Estados que são administrados pelo PT, PMDB, diferentes partidos serão beneficiados. Quanto à Celg, é importante deixar claro que desde janeiro de 2012 a Celg é administrada pelo governo federal. Quem administra a Celg é a Eletrobrás, o Ministério de Minas e Energia, o governo federal. A Celg foi federalizada, e 51% de suas ações são do governo federal. Ela foi federaliza não só porque precisava de empréstimos, mas porque seu contrato de concessão venceria em abril do ano passado, e o governo federal exigiu que para que houvesse a prorrogação da concessão por mais 30 anos a Eletrobrás passaria a ser dona do controle majoritário da empresa. Então, ou o governo do Estado aceitaria essas condições para prorrogação da dívida ou haveria caducidade ou fim do contrato de prorrogação e nós ficaríamos com um problema enorme, em uma situação terrível, porque a Celg voltaria gratuitamente para o governo federal e nós ficaríamos com as dívidas. Então a Eletrobrás assumiu a Celg há mais de quatro anos e nesse período todo a responsabilidade pela administração da Celg é da Eletrobrás e do governo federal. Quem definiu a venda da Celg foi o governo federal. Claro, nós que somos acionistas minoritários também consentimos, porque se nós ficarmos com uma parte apenas das ações da Celg, e ela for vendida para um grupo estrangeiro, eles vão fazer aporte de capital. À medida que eles vão fazendo aporte de capital e o Estado não tem condições de fazer aporte, esse percentual que é do Estado hoje só vai diminuindo. A Celg precisa, nos próximos quatro anos, de investimentos da ordem de R$ 3 bilhões. Uma das premissas para a privatização da Celg é que o comprador faça, nos dois primeiros anos, pelo menos R$ 2 bilhões em investimentos. Investimentos na construção de novas subestações, novas linhas de distribuição, para atender a demanda reprimida que nós temos no Estado. Nós temos hoje uma demanda reprimida de mais ou menos 600 mil consumidores no Estado. Esses investimentos vão ser feitos para que o consumidor seja atendido, para que não tenhamos esses problemas que existem hoje de uma energia que às vezes não é muito segura. Esses investimentos vão garantir segurança energética, vão garantir que a Celg chegue a todas as casas, a todas as empresas, que muitas vezes estão segurando seus investimentos por falta de energia.

Quanto sobrará para Goiás?

Dependerá muito do valor do leilão. O preço mínimo da Celg é de R$ 1,4 bilhão para cada lado, ou seja, R$ 2,8 bilhões. Ocorre que a cada mês a Celg tem déficit de R$ 100 milhões, e eu repito: nós não somos responsáveis por esse déficit, não estamos lá administrando, mas pagamos o pato porque somos acionistas minoritários. Esse déficit foi praticamente zerado em 2011, quando tomamos aquele empréstimo, e depois foi acumulando de novo, porque a Celg não tem recursos para fazer investimentos para aumentar o número de conservadoras, der consumidores, para aumentar a eficiência energética. À medida que entra uma empresa privada que vai colocar recursos na empresa ela passará a ser mais rentável, terá mais consumidores. Então, esse déficit foi se acumulando ao longo desse tempo e fundamentalmente ao longo dos últimos dois anos. E a cada mês que a Celg fica sem ser privatizada, o déficit aumenta em R$ 100 milhões. Então os que estão pregando o contrário não estão sabendo nada sobre o que está acontecendo em relação à Celg. Fazem um discurso político, demagógico, politiqueiro, sem nenhuma responsabilidade em relação ao que existe hoje efetivamente. Quero, mais uma vez, reafirmar: a Celg privatizada vai significar bilhões de investimentos em energia em Goiás.

Empréstimo

A CelgPar tomou R$ 1,9 bilhão com a autorização e participação do governo federal porque era a única condição para que houvesse a federalização efetiva. A mudança do controle acionário, a Celg já tinha acumulado uma nova dívida com essa gestão nova; a CelgPar teve que tomar esse empréstimo porque senão não haveria a mudança do controle acionário, e não havendo a mudança no papel, a Eletrobrás não poderia colocar dinheiro, nem tampouco a Celg ser privatizada. Como a Celg D hoje é jurisdicionada à CelgPar não tinha cabimento que a CelgPar continuasse responsável por esse empréstimo de R$1,9 bilhão. Então o Estado está assumindo uma prorrogação de longuíssimo prazo desse valor que foi utilizado para colocar dinheiro na própria empresa.

Aplicação do recurso da venda

Diferentemente da venda de Cachoeira Dourada que, aliás, o problema da Celg começou com a privatização de Cachoeira Dourada. Cachoeira Dourada precisava apenas de quatro ou cinco funcionários para gerar uma riqueza enorme mensal para a Celg. A Usina de Cachoeira Dourada foi privatizada naquela época há 19 anos por quase 800 milhões de dólares. Nenhum centavo desse dinheiro foi colocado dentro da própria Celg, nem tampouco para fazer investimentos. Esse dinheiro foi pulverizado. E a Celg – e é aí que entra o maior problema – foi obrigada, naquela época, a assumir toda a dívida para a construção da quarta etapa de Cachoeira Dourada, que foi feita no governo Iris. Então, quando o Maguito vendeu a Usina de Cachoeira Dourada, o Estado naquela época assumiu todo o endividamento para a construção da quarta etapa de Cachoeira Dourada. Isso é que foi o começo do endividamento da Celg. Agora, imagine isso sendo multiplicado ano a ano com juros e correção monetária? Outra coisa: o governo assumiu, durante muitos anos, um subsídio para a Codemin, que é uma companhia de níquel lá de Niquelândia. Quem deveria ter assumido esse subsídio era o governo federal, mas acabou que os governos da época assumiram esse pagamento mensal para a Codemin e isso também ficou na conta do Estado, na conta da Celg. Então, a situação foi se agravando ao longo do tempo e, diferentemente do que aconteceu quando Cachoeira Dourada foi privatizada, nós enviamos um projeto de lei para a Assembleia neste ano determinando que os recursos sejam integralmente utilizados ou para amortização de dívida externa ou para investimento. Nenhum centavo será utilizado em outra finalidade.

Relacionamento com Dilma

Eu tenho procurado manter uma relação madura, responsável, que busca resultados para o Estado, para o povo de Goiás, tanto com o governo federal tanto com todas as prefeituras do Estado, independentemente de partido. Também tenho procurado ter uma agenda de diálogo, de parceria permanente com todas as igrejas, maçonaria, clubes de serviços, área de cultura, com as universidades, com os trabalhadores, com o Fórum Empresarial. A minha conduta tem sido de diálogo permanente e de parcerias permanentes e republicanas com todos os atores. Com os poderes, Poder Judiciário, Poder Legislativo. Com os tribunais de contas, com o Ministério Público. Eu sempre procurei ter uma relação absolutamente respeitosa com todos, e eu espero que o Estado de Goiás não seja retaliado pelo fato do ex-presidente Lula assumir um ministério. Tenho certeza de que isso não vai ocorrer porque seria o fim da picada. Se nós aqui não estamos nos negando a atender quaisquer que sejam os prefeitos ou as entidades, independentemente de suas ligações políticas e ideológicas, não é possível que possa haver qualquer tipo de retaliação.

Dilma continua?

O que posso dizer é que uma das reflexões que tenho feito nos últimos dias, nos últimos meses, é que a situação do país é dificílima. Nós não sabemos qual será o desfecho da votação do impeachment, mas chegamos a um ponto em que a economia depende da política. A economia depende de mudanças, de reformas que o Congresso Nacional precisa fazer. Como não há diálogo entre o presidente da Câmara e a presidente da República fica muito difícil prever mudanças que signifiquem melhoras para a vida do povo nos próximos meses. Por outro lado, ficou evidente que movimentos sociais como MST e CUT estão mobilizados defendendo o mandato da presidente. A minha pergunta é: será que se ela cair agora, entrando o Temer, que é o vice-presidente, esses movimentos vão deixar o presidente governar procurando estabelecer uma agenda nacional? Ou, se ela ficar, terá capacidade de montar um ministério apolítico, um ministério de altíssimo nível, com poucos ministros e definir uma agenda positiva para o Brasil? Essas coisas precisam ser debatidas. Se por ventura ela continuar, precisa dar uma sacudida geral. Não é ficar fazendo essa coisa de balcão, de nomeações. Tenho 10 secretarias aqui, e os 10 secretários são muito qualificados. Não estou dizendo que lá não seja assim, mas é preciso buscar um ministério de notáveis, seja ela ou seja o Temer, o Brasil precisa de paz na política, paz na relação institucional entre os poderes para que as reformas sejam feitas. Sem reforma, o Brasil não vai para frente. A primeira reforma tem que ser a política. Não é possível conviver com quase 40 partidos. Isso anarquiza a vida política pelo país e favorece os desvios.

Aliança partidária

Olha, eu acredito que o PSDB tem que participar do debate nacional seja qual for o rumo dado. Se o Temer for fazer um governo de transição, é natural que o PSDB tenha que sentar à mesa. Todos nós brasileiros temos que ter a responsabilidade de buscar uma solução consensual que implique na saída dessa tragédia que estamos vivendo hoje, nesse fundo do poço em que estamos hoje. O Brasil caminha para virar uma Grécia se medidas duras, rápidas e eficientes não forem adotadas, e é preciso primeiro que a confiança e a credibilidade se restabeleçam.

Dificuldades na política

É o que estamos vendo por aí. Todas as sinalizações são nesse sentido. Agora, o problema é que a presidente é do PT, o vice é do PMDB, uma saída constitucional via impeachment significa que o vice assuma. A outra saída é o TSE cassar a chapa e se tem novas eleições. Talvez o mais sensato hoje no Brasil fosse a realização de novas eleições.

Relações políticas

Há muito tempo não falo com o vice-presidente. A última vez em que estive com ele deve ter uns seis meses, mas tenho uma relação de alto nível, muito respeitosa com ele, como tenho com ministros, com a Câmara, com o Senado, com o próprio governo federal. Eu considero que através das redes sociais e das mobilizações o povo tem se mostrado muito mais eficiente e competente. Agora, também no Congresso Nacional existem as limitações. O PSDB é um partido minoritário no Senado. E tanto no Senado quanto na Câmara, no Legislativo de um modo geral, a maioria é quem dá o rumo. Então a oposição, quando é minoritária – e geralmente se é oposição é porque é minoritária – ela tem dificuldade para poder conseguir se expressar como as pessoas desejam.

Política local

Estou exclusivamente dedicado ao governo estadual, e isso inclui viagens a Brasília, presidir também o Consórcio Brasil Central, onde estamos discutindo rumos para as crises, que possam nos ajudar a sair mais rápido da dificuldade. Em Goiás estamos tocando dois projetos muito importantes que vão nos ajudar em relação a outros estados, que é o programa de inovação tecnológica, o Inova Goiás. Nós queremos ser um dos estados mais inovadores em termos de tecnologia. E o programa Goiás Mais Competitivo, que procura melhorar todos os indicadores, não só econômicos, mas também sociais aqui no Estado. Eu estive com o deputado Vecci duas vezes depois que ele foi definido como pré-candidato a prefeito de Goiânia, e o que posso dizer é que o PSDB, depois de 16 anos, está apresentando um candidato à Prefeitura de Goiânia altamente qualificado, tecnicamente muito preparado, que foi quem elaborou meu plano de governo duas vezes. Ele também foi secretário da Fazenda e duas vezes secretário de Gestão e Planejamento, foi o quarto deputado federal mais votado nas últimas eleições, e eu certeza de que ele vai protagonizar um excelente debate, apresentando boas ideias e projetos que não sejam demagógicos. Tenho certeza de que podemos esperar isso dele, e um debate de alto nível, procurando estabelecer metas e soluções para os problemas da cidade.

Candidatos da base aliada

É um direito dos partidos terem seus candidatos ou realizarem alianças. Nós ainda temos um prazo até agosto. Muita conversa acontecerá daqui até lá, mas vejo que existem bons candidatos na base.

Eleições em 2018

Ainda está muito cedo. Se depender de mim, hoje, e não de Valéria, porque ela sempre teve muitas restrições à minha participação no processo político-eleitoral, eu encerro em 2018 provavelmente sem ser candidato. Se depender de mim. Mas essas coisas envolvem uma porção de pessoas. Não tenho interesse em ser candidato na próxima eleição. Gostaria de ficar um tempo fora, afinal de contas vou completar 28 anos exercendo mandatos eletivos. Estou satisfeito com o que estou fazendo, muito feliz, apesar da crise. Trabalho muitas horas, 18, 20 horas por dia para fazer o melhor pelo Estado, e não tem sido fácil, porque quando o Estado tem dinheiro, quando um pai de família tem dinheiro é fácil fazer as coisas se tem planejamento, competência; mas com pouco dinheiro não é fácil. Eu tenho me desdobrado muito nesse tempo todo para continuar fazendo o bem par o Estado, uma agenda de desenvolvimento e infraestrutura para o Estado.

Segurança Pública

O vice-governador assumiu recentemente a Secretaria de Segurança Pública e já entrou mostrando a que veio, propondo, inclusive, a operação Tolerância Zero, e colocando de novo a Rotam nas ruas. O doutor José Eliton fez uma opção clara: entre a criminalidade, a bandidagem e o povo nós vamos ficar do lado do povo. E aí é botar a polícia nas ruas mesmo. Polícia para cumprir a lei, não é polícia para fazer coisa errada. Polícia para proteger o cidadão de bem, para enfrentar os bandidos dentro da lei também, repito, mas a grande preocupação que nós temos é que a polícia possa ser uma protetora da sociedade. Nós temos uma excelente polícia, tanto Militar, Civil, Bombeiros, polícia Técnico-Científica. E a nossa remuneração hoje é uma das melhores do país, mas o que faltava talvez fosse uma maior motivação. E sinto que José Eliton está motivando cada vez mais a polícia, muito presente e muito firme nessa determinação de proteger a sociedade.

Força-tarefa

Tem a minha aprovação. Já fui despachar na Secretaria de Segurança Pública nos últimos dias e foram apresentados vários relatórios. Nós já começamos a ter melhorias significativas em muitos indicadores, ainda temos muitos problemas, mas vamos ter uma tenacidade cada vez maior de enfrentamento aos que praticam delitos, roubos, furtos, homicídios, latrocínio. Essa é a nossa fixação. O doutor José Eliton está com essa responsabilidade e com essa determinação.

Reforço no efetivo

Já autorizamos concurso para 3.250 novos policiais. Serão 2.500 na Polícia Militar, 500 na Polícia Civil, 220 nos Bombeiros e 30 no Procon. Há um planejamento nosso para que em 2018 possamos também pensar em outro concurso.

Estradas

Nós temos 21 mil quilômetros de rodovias estaduais. Metade pavimentada, metade não pavimentada. Boa parte dessa malha viária era muito antiga. Quando cheguei ao governo de novo, em 2011, a situação era caótica. Estávamos com seis mil quilômetros de rodovias deteriorados. Conseguimos recursos para reconstruir 4,5 mil quilômetros. É claro que ficou faltando um pouco, e é o que estamos fazendo agora, buscando recursos para reconstruirmos neste ano pelo mais 1.100 quilômetros, que são as rodovias que estão em estado de maior degradação. Em relação a esses 1.100 quilômetros não adianta tapar buraco, seria gastar dinheiro à toa. Estamos com programa de manutenção e conserva atuando em quase 21 mil quilômetros de estradas asfaltadas e assim que tivermos recursos – e estamos trabalhando duro para viabilizarmos esses recursos – vamos entrar para reconstruir esses 1.100. Reconstruir significa arrancar o velho e fazer de novo, e fazer bem feito, como nós fizemos com os 4,5 mil quilômetros na gestão passada.

E para as obras?

A prioridade nossa, neste governo, é a manutenção das estradas e defini R$ 212 milhões para este ano para fazer manutenção e conserva, reconstrução do que está estragado, e conclusão das obras iniciadas. Só depois que cumprirmos esse calendário é que vamos pensar em coisas novas. O Centro Olímpico havia sido derrubado no governo anterior ao meu. Nós fizemos um novo Centro de Excelência belíssimo, maravilhoso, que vai atender a muitas modalidades de esporte. Nós concluímos o viaduto do Madre Germana, duplicamos praticamente todas as saídas de Goiânia, fizemos um novo Autódromo. São obras e mais obras que fizemos ao longo desse tempo, mas obras de qualidade. Eu posso assegurar que nossa grande prioridade é terminar o que está faltando e deixar também novo o que está estragado.

E o prazo para entregar?

O prazo é até 2018. Os Credeqs, acredito que temos condições de entregar o primeiro e o segundo neste ano. Nós tivemos um problema contratual com a empresa que está construindo o Credeq de Aparecida. Ele já está 99% pronto, falta agora apenas a conclusão desse saldo contratual. Nós já temos uma OS que foi selecionada para administrá-lo. Então, terminando, nós já colocaremos em funcionamento.

Sobre OSs

Estamos fazendo o grosso dos repasses em dia. Temos tido dificuldade para repassar tudo nos meses porque a crise afetou profundamente as finanças de todos os estados. Nos dois primeiros meses do ano, tivemos uma queda de arrecadação de R$ 180 milhões, mas as OSs são uma solução para a administração de hospitais, de escolas. E eu não tenho dúvida. Enviei agora uma lei que foi preparada por especialistas endurecendo e fortalecendo mais ainda a legislação de OSs para evitar qualquer tipo de desvio, para evitar que possamos ter gestão temerária, porque o conceito é excelente. Quem vai hoje a um hospital do governo estadual, que é administrado por OS, percebe a diferença do atendimento. Atendimento humanizado, não falta material, não faltam equipamentos. As coisas funcionam para atender as pessoas quando elas precisam.

OSs na Educação

A maior demonstração da nossa seriedade em relação às OSs na Educação é que as dez OSs que sobraram selecionadas todas foram descredenciadas agora e estamos fazendo um novo chamamento para que outras OSs apareçam e que essas OSs que foram desqualificadas possam completar documentação, projetos, a fim de que uma delas seja selecionada para o primeiro grupo. E tenho certeza de que quando começarmos a ter a primeira experiência de OS administrando escolas as pessoas vão perceber a diferença na qualidade, e a preocupação que nós do governo do Estado temos é com qualidade. Em 10 dias agora vamos fazer o novo chamamento. E, logo que aprovada, a OS poderá começar a trabalhar imediatamente. Uma vez selecionada, ela começa. E quando tivermos a primeira e mostrarmos que é possível melhorar mais ainda a qualidade do ensino nós vamos seguindo para outras. Não vai ser possível fazer com todas as escolas, mas tenho certeza de que daqui a algum tempo vão nos solicitar OSs em escolas como nos pedem hoje em colégios militares. Muitas pessoas, por vieses ideológicos, criticam os colégios militares. Mas é impressionante a quantidade de abaixo-assinado que recebo todos os dias de prefeitos, deputados, autoridades diversas pedindo colégios militares no interior e em Goiânia. Existem filas hoje nos colégios militares porque são os colégios que têm as melhores notas no Ideb. Tenho certeza de que quando tivermos a experiência das OSs as pessoas vão dizer: “Olha, nós queremos também”, porque o que importa é a qualidade da educação que o governo possa prestar aos filhos dos trabalhadores. Se tiver uma boa educação vai ter uma boa formação de terceiro grau, um bom curso universitário, e depois vai ter acesso a um bom emprego.

OSs em outras áreas

Nós já estamos com chamamento na área de tecnologia, na área do ensino tecnológico. Estamos com outro chamamento também na área socioeducativa. São áreas que nós temos certeza que funcionarão, até porque já existem experiência em outros estados.

Inova Goiás no Estado

Em alguns lugares já tivemos melhorias com o Inova, como no Ipasgo. Estamos tendo melhorias na Juceg, estamos também colocando o Inova em toda a área de saúde e vamos levá-lo a todas as áreas do governo. Na área de ciência e tecnologia também já estamos implementando inúmeras políticas. Uma delas vai ser a criação do programa Goiás Sem Fronteiras, que vai enviar estudantes universitários que queiram fazer mestrado e doutorado para universidades ao redor do mundo. Também temos muitas parcerias com as universidades públicas e privadas, com institutos de tecnologia e com o setor privado. O programa Inova é muito amplo, e agora no próximo mês nós já vamos fazer uma nova avaliação e divulgar os resultados globais.

Fórum de Governadores do Brasil Central

É, nós temos economias muito similares. O Brasil Central é responsável, hoje, por metade da produção de alimentos que o Brasil exporta. No fórum estamos tratando de políticas desde a questão sanitária animal e vegetal, até a questão de infraestrutura que envolva nossas divisas, recuperação de pastagens, programas de tecnologia. É o primeiro consórcio de governadores do país. Todos os governos enviaram a seus legislativos projetos de lei aderindo ao Consórcio. As Assembleias aprovaram e nós temos um regimento e nos reunimos mensalmente, cada vez em um estado, e estamos levando especialistas que estão colaborando com vários projetos, principalmente na modernização e no aprimoramento da gestão; além das trocas de experiências também que têm sido muito boas para todos nós. Nós éramos seis no início. Amazonas já aderiu, Maranhão também já pediu para aderir, e provavelmente Piauí. Vamos definindo um grupo muito importante para o país. E em consequência do Fórum Brasil Central surgiu também o Fórum dos Governadores, liderado pelo governador de Brasília. Com o Fórum dos governadores é que nós conseguimos avançar tanto no indexador da dívida quanto nesse projeto de prorrogação da dívida dos estados. Enfim, essa mobilização nossa tem sido muito boa para os nossos estados. Estamos unidos suprapartidariamente.

Força política do Bloco

Claro que existe sim uma força política, mas nós estamos somatizando essa força política em função dos interesses dos nossos estados. Lá nós somos todos iguais. Há um clima de absoluta harmonia e camaradagem entre nós. E o importante são os resultados.

Trabalho do deputado Jovair Arantes

Tenho acompanhado e acho que ele tem sido profissional na condução do processo de impeachment na comissão especial. Ontem, eu assisti a um pedaço da participação dele na comissão, durante o depoimento de um ministro do Governo Federal, e percebi que ele está absolutamente comprometido com a Constituição e com a lei. Tenho certeza que ele não vai decepcionar a sociedade, apresentando um relatório técnica e juridicamente muito forte, muito contundente.

Orientação da bancada

Não conversei com ninguém. Todos hoje têm a consciência em relação ao seu dever como parlamentar, seu dever cívico e não há necessidade de orientação. Quem orienta os parlamentares e os governantes são os eleitores através das redes sociais, da internet e da cobrança física. Hoje o parlamentar tem que prestar contas ao seu eleitor. Já era assim, e hoje muito mais porque a cobrança agora é online. É o tempo todo.

Interação com as redes sociais

Sim, minha assessoria leva os vídeos, eu acesso e respondo. Isso tem sido bacana, tem sido uma boa interação. Aliás, comecei há dois meses um movimento de forte interação tanto nas redes quanto também com a mídia. Estou definindo alguns dias por semana para falar com as emissoras de rádio, televisões, jornais, internet, prestando contas sobre tudo o que está acontecendo. Afinal de contas, vivemos uma grande ebulição econômica, política, e é preciso que expliquemos as dificuldades que estamos enfrentando. Eu não sou super-homem. Falta dinheiro. Quando se tem dinheiro e se alia isso a um bom planejamento, se faz as coisas mais rapidamente. Quando não se tem, você demora um pouco mais.

Governo na palma da mão

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